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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Collector's Room: resposta a Thiago Bianchi, do Shaman

Colocando os pingos nos "I´s": carta aberta a Thiago Bianchi, vocalista do Shaman!


Por Ricardo Seelig
Publicitário e Colecionador
Collector´s Room

Talvez alguns de vocês aqui não saibam, mas essa semana o vocalista do Shaman, Thiago Bianchi, divulgou um "manifesto" contra o que chamou de "morte do metal nacional", na sua opinião motivada pela falta de apoio dos headbangers brasileiros que, em suas palavras, babam para qualquer grupo internacional e não dão o devido apoio às bandas nacionais.

Nós, aqui da Collector´s Room, somos a favor da boa música, independente de estilo. Apesar de uma maior quantidade de matérias relacionadas ao heavy metal, motivada principalmente pelo background da maioria de nossos redatores - afinal, quem começou a ouvir som em meados dos anos oitenta motivado pelo primeiro Rock in Rio deu seus primeiros passos na música, na maioria das vezes, ouvindo metal -, não falamos somente e exclusivamente de som pesado. Na Collector´s você já leu, e continuará lendo, matérias sobre heavy metal, jazz, samba, hard rock, prog, blues, funk - enfim, um lugar legal feito com paixão por quem entende de música e, acima de tudo, para divulgar a boa música.

Por isso, e pelo fato de ter me sentido ofendido com os termos chulos, petulantes e mal educados com os quais Thiago Bianchi tratou os headbangers - e não "metaleiros", ok Thiago? - brasileiros, me sinto no direito de responder algumas coisas a respeito do tal "manifesto", que, na verdade, pra mim tem mais cara de piti de gente mal resolvida do que qualquer outra coisa.

Vamos lá então:

- em primeiro lugar, música boa não tem pátria! Posso ouvir bandas excelentes vindas do Brasil, da Inglaterra, dos Estados Unidos, do Japão e do diabo que o parta. Não importa a origem, o que importa é o som! Portanto, se a música for boa e tiver qualidade, ela receberá o meu apoio e, mais do que isso, conquistará seu próprio espaço;

- em segundo, a música, como qualquer manifestação artística, possui uma relação com o ouvinte que demanda cumplicidade, capacidade de entendimento e, acima de tudo, o tão falado e discutido gosto pessoal. Em suma, cada pessoa tem o seu próprio gosto. Por isso, é inadmissível que alguém venha dizer o que cada um deve ouvir. É claro que quem gosta e consome música como a gente vive trocando dicas e informações, como sempre fazemos aqui na Collector´s, mas cada pessoa é livre para ouvir o que acha que deve ouvir, e ponto final;

- Thiago, você se coloca, nas suas próprias palavras, como vocalista de um grupo ícone do metal nacional. Ícone de quem, cara pálida? O Shaman nunca foi ícone, e muito menos referência, de nada! Até hoje é apenas a banda do baterista do Angra, Ricardo Confessori, essa sim uma banda emblemática para o heavy metal brasileiro, ao lado de nomes como Sepultura, Andre Matos, Sarcófago, Korzus (a propósito, Korzus se escreve com Z e não com S, ok?), Krisiun (ãh, Thiago, aqui é com I e não Y, tá?) e pouquíssimas outras. O mais próximo que o Shaman chegou de uma posição parecida foi quando surgiu e era o grupo do trio que saiu do Angra - Matos, Mariutti e Confessori -. Depois disso, nem perto;

- outro ponto: se as bandas nacionais não atraem público para os seus shows, a culpa não é do público, mas sim de uma série de fatores que incluem economia, cultura e inúmeros outros. O Brasil atravessa, felizmente, um período de fartura de shows internacionais, e isso faz com que o fã de música tenha que escolher o que vai assistir. A quantidade de shows é tão grande que até bandas internacionais estão cancelando turnês pelo nosso país devido à grande concorrência. Se você acha que a sua banda deveria ter mais público do que tem e lotar grandes arenas, então trabalhe mais e mais e mais para isso, rale mais ainda do que você diz que já rala, porque meu velho, infelizmente, nada na vida cai nas nossas mãos de bandeja, caso você ainda não tenha percebido;

- você diz que em todo o tempo em que está envolvido com música faz alguma coisa, todos os dias, pelo metal nacional. Pois bem: em primeiro lugar, heavy metal não é religião - pelo menos não deveria ser - e nem profissão para a grande maioria das pessoas que o consomem. Você está há 16 anos na estrada? Legal, eu estou há 25 anos! E o que eu faço, desde sempre, é encarar a música como uma parte importante da minha vida, algo que me dá um imenso prazer, mas o meu dia-a-dia, assim como o da imensa maioria das pessoas que consomem não só heavy metal, mas todos os tipos de música, não é feito apenas disso. Se há 16 anos você faz todos os dias algo pelo metal, desde que nasci eu luto para sobreviver e realizar os meus sonhos e desejos, e há dois luto também para dar uma vida digna para o meu único filho. Então, eu te pergunto: entre pagar as minhas contas e cuidar da felicidade do meu filho, e o tal do "deus metal" - seja ele brasileiro ou não -, você acha que eu fico com quem?

- você diz que poderia ter seguido outra carreira, mas seguiu a sua intuição e apostou no sonho do heavy metal. Que pena! Você deveria ter sido racional e escolhido outro caminho, assim nos pouparia não só da sua voz como também da leitura de um dos textos mais vergonhosos e constrangedores já publicados na mídia especializada brasileira;

- e, pra fechar caro Thiago, gostaria de te dar dois conselhos. O primeiro é o seguinte: qualquer pessoa que queira se comunicar com a grande massa deve ter como requisito básico saber escrever corretamente, o que, lendo o tal "manifesto", fica claro que você não sabe fazer. Então, antes de descer do salto novamente e dar outro piti, recomendo que você frequente algumas aulas de português antes. E, já que ficou claro que você tem uma clara deficiência em sua educação, contrate, além do professor de português, também um professor de canto, assim pode ser que você aprenda a cantar e a sua banda, depois de muito trabalho, possa, daqui a alguns anos, se transformar nesse tal "ícone" que você pensa já ser!

Um grande abraço, e nos vemos por aí!

Um comentário:

  1. Adorei sua resposta, concordo plenamente com você. Esse rapaz, é um moleque, age como moleque, não é ninguém e pensa que é icone, hahahahahahah
    Voto nas aulas de canto e obviamente nas de português.
    Sinceramente acho que isso foi algum tipo de auto promoção, que por motivos obvios deu ibope, negativo claro, já que ele se expressa como o imbecil que é....

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