Por Kid Vinil .
Deep Purple comemora 35 anos do álbum “Come Taste The Band“
No início desse ano estava em Brasília e um empresário local me convidou para ver o show de Joe Lynn Turner dizendo: “Tá a fim de ver o show do vocalista do Deep Purple?”, e eu imediatamente respondi: “Para mim vocalista do Deep Purple é o Ian Gillan”. Mas pensado bem, a banda foi uma das que mais trocou de vocalistas durante sua trajetória, sem perder a identidade.
Eles começaram em 1968 com Rod Evans, em 1970 Ian Gillan assume os vocais e a banda tem sua formação clássica com Ritchie Blackmore na guitarra, Ian Paice na bateria, Jon Lord nos teclados e Roger Glover no baixo. Com essa formação, o grupo gravou os clássicos Deep Purple In Rock (1970), Fireball (1971),Machine Head (1972) e Made In Japan (1972), outro da lista dos melhores álbuns ao vivo de todos os tempos.
Em 1973 veio Who Do We Think We Are, considerado por muitos como o mais fraco dessa fase, mas na minha opinião, ainda é um grande disco, talvez injustiçado. Em 1974, com a saída do vocalista Ian Gillan e do baixista Roger Glover, uma nova etapa é inaugurada na carreira do Deep Purple com a entrada de David Coverdale no vocal e Glenn Hughes (ex-Trapeze) no baixo e vocal. O álbum Burn revigorou o Deep Purple. Para muitos fãs essa mudança drástica de vocalista e baixista demorou para ser assimilada, eu fui um deles naquela época, pois considerava Ian Gillan único e insubstituível. Anos mais tarde, ouvindo melhor Burn e o álbum posterior, Stormbringer, acabei dando um crédito para essa nova formação.
Em 1975 mais um susto com a saída do guitarrista Ritchie Blackmore, que formou o Rainbow ao lado do vocalista Ronnie James Dio. Seu substituto foi o jovem guitarrista Tommy Bolin, um americano que havia tocado em duas bandas que eu curtia muito no início dos anos 70, o Zephyr e o James Gang. Quando parecia que tudo estava perdido, o Deep Purple reaparece com o álbum Come Taste The Band, aclamado por alguns e odiado por outros. Certos fãs, referindo-se ao título, diziam que esse era o gosto mais amargo da banda. A mudança foi radical, os que deixaram a banda não concordavam com esse direcionamento com influências de funk e soul. Por outro lado, os teclados de Jon Lord ficaram mais evidentes nesse disco, a faixa “You Keep on Moving” é um dos pontos altos de Come Taste The Band. Pena que essa formação não durou muito tempo, um ano depois a banda se dissolveu e seu jovem e talentoso guitarrista Tommy Bolin acabou morrendo de overdose aos 25 anos de idade, em dezembro de 1976.
Hoje, 35 anos depois do lançamento de Come Taste The Band, toda aquela má impressão inicial foi apagada e o disco acabou virando mais um clássico da carreira do Deep Purple. Eu mesmo aprendi a gostar desse disco graças a dois caras que trabalharam em rádio comigo, Leopoldo Rey e Vitão Bonesso. Na década de 90, quando trabalhei na 97FM, em São Paulo, o Leopoldo sempre incluía “Keep On Moving” na programação. Vitão Bonesso apresentava na mesma rádio seu “Backstage” e tivemos a oportunidade de entrevistar o baixista Glenn Hughes, em uma de suas vindas para o Brasil. Foi ali que eu passei a compreender melhor as influências da música negra em seu trabalho e reconhecer mais ainda seu talento de baixista e vocalista. Recomendo aos fãs não perderem essa recém-lançada edição de aniversário de 35 anos de Come Taste The Band, são dois CDs contendo dois remasters diferentes e ainda algumas faixas bônus.
Aproveito ainda para fazer mais uma recomendação, dessa vez para os fãs de Jimi Hendrix. Acaba de sair uma caixa com quatro CDs chamada West Coast Seattle Boy – The Jimi Hendrix Anthology, que também aparece nas versões CD e DVD, CD simples e caixa em vinil contendo oito LPs. Esse é um artefato especial para os fãs de Jimi Hendrix, pois traz gravações anteriores ao seu sucesso em carreira solo. Antes do sucesso, Jimi Hendrix atuava como músico de apoio para artistas como Isley Brothers, Don Covey e Little Richard. Por essa razão, o título faz referência ao “Seattle Boy”. O primeiro CD traz Hendrix ainda jovem tocando com artistas de rhythm & blues, nos outros três volumes algumas gravações inéditas de estúdio de vários capítulos de sua carreira. Gravações ao vivo com o Jimi Hendrix Experience e com o Band Of Gypsys de 1967 a 1970. Versões alternativas de clássicos como “Are You Experienced” e “Fire” aparecem oficialmente em disco pela primeira vez, assim como a gravação “Everlasting First” uma celebrada colaboração de Jimi Hendrix com Artur Lee e o grupo Love. Quatro horas de material raro e gravações inéditas. O DVD é um documentário sobre a carreira de Jimi Hendrix com duração de 90 minutos. Um presentão para os fãs!
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