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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
LEONI: "A INTERNET VEIO SALVAR A MÚSICA".
Essa matéria saiu hoje na Revista O Globo, que é incluída no O Globo aos domingos. Mais um ponto para o Movimento Música Para Baixar e para a proposta de legalização dos P2P, torrente etc. do GPOPAI.
"A internet veio salvar a música
Pronto! Comprei uma briga feia com muitos colegas de profissão. Bem, isso já tinha acontecido quando comecei a dar canções inéditas pelo meu site. Mas, depois de um tempo pensando, pesquisando e experimentando essa nova realidade, não tenho mais dúvidas disso. A democracia chegou à música para salvá-la.
Antes da internet (e das novas tecnologias de gravação) só havia um caminho para quem queria ser artista da música no Brasil: um contrato com uma gravadora. Os diretores artísticos – ou os de marketing, o que era pior - é que definiam quem tinha o direito de participar do jogo. Quantas fitas demo eu gravei tentando agradar os “guardiões do portão” entre 1994 e 2002! Como sempre tivemos poucas gravadoras, com capacidade reduzida de lançar produtos, a maior parte da música brasileira não era ouvida pelo público. Quantos talentos não se perderam por falta de oportunidade?
Nos anos 1990 a indústria apontou suas armas para os produtos muito populares e lucrativos, aproveitando a bolha de vendas que começou na década anterior com o rock nacional e que implodiu no começo desse milênio. A rentabilidade foi o parâmetro escolhido para se decidir os lançamentos do ano.
Essa pobreza artística teria se perpetuado não fosse a tecnologia. Hoje todos podemos ser artistas. É muito mais barato gravar uma canção. E o mesmo laptop que registra e mixa, distribui a música gratuitamente na rede. E ainda faz a divulgação nos sites e nas redes sociais. Não há mais diretores de gravadora para dizer não. Os independentes passaram a travar uma guerrilha contra o status quo. Como é que se compete com a gratuidade?
Nunca houve uma época tão boa para quem gosta de música. Quer ouvir uma nova banda? Vai no YouTube. Não precisa nem baixar os arquivos. A cultura circula livremente, indiferente às leis de direito autoral.
Claro que há os problemas que tanta democracia traz. Se todo mundo tem o direito de lançar suas canções, como chamar a atenção do público? Como separar o (muito) joio do (pouco) trigo? Como remunerar os envolvidos? Nunca se ouviu tanta música e nunca se pagou tão pouco por ela. São muitas perguntas para poucas respostas. Estamos no meio do furacão. As respostas virão, como sempre vieram. Mas uma coisa é certa, o modelo já não era bom para ninguém – fora os poucos eleitos pelo sistema. Para o público os CDs eram desnecessariamente caros para o pouco que ofereciam. As rádios mais populares só tocavam qualquer canção nova mediante jabá, impossibilitando a descoberta de talentos. Para a maioria dos artistas era uma barreira intransponível. Com a internet foi possível dar uma banana para tudo isso.
Nesses novos tempos é o talento, e não o marketing, que chama a atenção. É a diferença, e não a adaptação às tendências, que entusiasma o público e o transforma em colaborador. Essa é a máxima do Movimento Música Para Baixar, do qual faço parte: “Fã não é pirata, é divulgador”.
Para terminar, quero apresentar a proposta do GPOPAI para legalização total da rede: por uma pequena taxa mensal no acesso à banda larga todas as músicas estariam automaticamente liberadas para download e streaming, com o montante divido pro-rata entre os criadores e intérpretes. Saiba mais em http://www.compartilhamentolegal.org/ . Ninguém mais vai poder ser chamado de pirata por baixar ou ouvir música de graça na rede. Vale tudo! Até dançar homem com homem e mulher com mulher. E ainda vai dar dinheiro! Viva a diferença e a democracia.
E a música, acima de tudo."
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