Um Thiago Lacerda super concentrado mal conseguia ver o show com sua namorada, tamanho era o assédio dos fãs. Alceu Valença, do camarote, distribuía sorrisos. Embaixo, o público se dividia entra o êxtase de alguns por ver Amy tão de perto e a frustração da grande maioria dos presentes com a performace dela.
Amy mostrou que ainda tem voz e talento, mas faltou fôlego, compromisso e respeito com seu público. Bebericando a cada canção um misterioso líquido de sua caneca, parecia não se segurar mais em pé a cada canção. Seu show foi ganhando contornos de dramalhão, com nítido clima de que qualquer coisa poderia acontecer, do mais sublime ao mais retunbante desastre, com maior tendência ao último.
A tragédia anunciada que foi seu show começou por volta de meia-noite e vinte, com a cantora surgindo em um vestidinho amarelo, com banda afiada e mandando muito bem uma sequência matadora de três músicas que parecia indicar um show perfeito: "Just Friends", "Back To Black" e "Tears Dry On Their Own". Quando tudo parecia bem, ela se enrola com a introdução de "Boulevard of My Broken Dreams ", troca as bolas, discute com a banda e resolve mandar "Rehab", sem que ninguém esperasse. Foi um fiasco.
Daí em diante, nada deu certo para ela, que, assim como nos outros shows, novamente deixou o palco após a quinta música, deixando o pepino para a banda, para voltar para uma parte arrastada e muito chata. Não satisfeita, abandonou o palco de novo após tocar nove músicas, deixando a banda improvisar "O Pato", imortalizada por João Gilberto, em versão interminável em que cada um dos nove músicos foi apresentado.
Para completar o vexame, caiu no palco quando ensaiava passos acrobáticos de dança (assista ao vídeo ao lado). Deixou o show depois de quinze músicas e cerca de um hora e dez minutos de show. Voltou para o bis com "Boulevard of My Broken Dreams ", que errara no começo, e terminou com "Loving Is A Losing Game". O show dela pode ser resumido da seguinte forma: constrangedor e muito aquém do seu talento. Ou, para os mais radicais, muita vergonha alheia. Alguns saíram satisfeitíssimos do show. A maioria, porém, parecia frustrada.
Começo
A noite começou em nível muito elevado com o ótimo show de Mayer Hawthorne. Feliz da vida e acompanhado de excelente banda, abriu a apresentação com "Your Easy Lovin' Ain't Pleasin' Nothin'" , e teve como ponto alto "Maybe So Maybe No" e o final com "Just Ain't Gonna Work Out". Tocou por cerca de 47 minutos, e empolgou bastante com seu toque setentista que bebe na fonte do Jackson Five.
O melhor show da noite foi o de Janelle Monáe. Ancorada por um time excepcional de músicos, ela nem precisava abrir a boca para ganhar a plateia. Mas o fez, e sua apresentação foi impecável em todos os aspectos: produção, repertório, coreografia. Emocionou ao cantar "Smile", de Chaplin, mostrou presença de palco e excelente técnica vocal. Literalmente roubou a cena. Em dia de Amy Winehouse, a noite acabou sendo mesmo de Janelle Monaé. E com toda a justiça do mundo.
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