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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Os maiores arranjos de guitarra no rock – parte II - por ANDREAS KISSER

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A minha coluna da semana passada foi bem polêmica, como já era de se esperar, afinal qualquer lista de qualquer coisa nunca vai ser unânime. Muita gente reclamou de falta de critério na elaboração da minha lista e várias pessoas confundiram os “riffs” de guitarra e os solos com os arranjos. Mas é isso que é positivo e saudável, abre uma discussão e, no final, o que vale é aquilo que você realmente gosta, aquilo que você curte, que te pira a cabeça e a alma.
Deixa eu explicar o que eu entendo como “arranjo”. Arranjo é o que faz a música ser interessante, ser rica, é o que dá conteúdo, abrilhanta e destaca uma melodia que, sozinha, seria ignorada. Arranjo é aquilo que dá à música uma característica única, uma assinatura, não importando se a melodia é simples ou complicada. Um exemplo: a melodia da nona sinfonia de Beethoven, a “Ode to Joy”, que é muito simples – mas que talvez seja a melodia mais conhecida no mundo, junto com “ Uma Pequena Seresta Noturna”, de Mozart – já foi arranjada de várias maneiras diferentes.
Beethoven nos apresentou esta melodia na forma de uma sinfonia com grande coral, magestosa, grandiosa, monumental. Outro arranjo da mesma melodia é o de Richie Blackmore – lendário guitarrista do Deep Purple e do Rainbow -  que fazia este tema com a sua banda ao vivo, neste caso a Rainbow, que registrou esta versão em estúdio no disco “Difficult to Cure”. Ele preservou a melodia tão conhecida mas “vestiu-a” com outra “roupa”, ou seja, arranjou de forma diferente, e ela ficou mais moderna, com instrumentos elétricos juntados ao peso da bateria. Ficou fantástica, acho que até o Ludwig Van ficaria orgulhoso:
Além de Richie Blackmore, é claro que ficaram faltando grandes nomes e grandes arranjos na minha lista da semana passada, por isso eu resolvi dar uma sequência nesta lista para deixá-la um pouquinho mais justa, se é que isso é possível. No fim das contas, escutar os mestres acaba sendo um estudo mais específico da genialidade e da criatividade destes grandes guitarristas. A gente sempre aprende algo novo com eles. Segue a lista:
Mr. Gilmour poderia ser comparado com algum mestre da pintura mundial, Salvador Dali ou Monet por exemplo, seus solos são inconfundíveis e seus arranjos te levam a lugares maravilhosos. Esta música é uma das mais conhecidas do Pink Floyd e umas das preferidas pelos músicos para se tocar. Ela mostra toda a suavidade do violão, solos memoráveis e muito bom gosto.
“A” obra prima do rock and roll, um monstro criado pelo gigante britânico Queen. Brian May toca guitarra como ninguém e neste opus ele mostra toda sua genialidade.
Um arranjo magistral, onde a guitarra substitui os sons de cellos, violinos, trompas ou clarinetes. No auge deste épico, quando a guitarra toma conta, soando como uma guitarra mesmo, entra o riff de que ainda agita qualquer cabeça que estiver escutando (é o riff da célebre cena do filme “Quanto Mais Idiota Melhor”, quando todos estão no carro, ouvindo esta parte da música, agitando em uníssono) energia pura, guitarra pura!
O mago da guitarra, Randy Rhoads, primeiro e mais importante guitarrista da carreira solo de Ozzy, fez um clássico já em seu primeiro trabalho, o disco “Blizzard of Ozz”. Além do solo imortal de “Mr. Crowley” e a lindíssima acústica “Dee”, o disco traz a faixa “Revelation”, que mostra todas as melhores qualidades de Randy. Ela é tensa desde o início, apesar do começo acústico e aos poucos  a intensidade aumenta, passando por um solo de piano até o ápice do solo de guitarra. Randy Rhoads at is best!
O guitarrista do Rush é um músico excepcional, apesar disto é raramente lembrado nas listas de melhores guitarristas no rock. Esta música é um marco na carreira do Rush, é uma mistura única de rock progressivo e pesado, com música erudita, jazz, reagge e música regional de várias partes do mundo. Alex é mestre em todos estes ritmos e aqui ele mostra o seu melhor. O solo é de chorar, dinâmica suave no início até o extremo quase esquizofrênico do final.
Esta música do Metallica é uma consequência de temas mais antigos como “Fade to Black”, “Sanatarium” e “One”. Uma maneira de misturar temas dedilhados e limpos com guitarras distorcidas e pesadas, um estilo que abriu muitas portas para a banda na mídia, não só a especializada em metal. Ela é tão emblemática que o Metallica fez mais duas “Unforgivens”, a I e a II, em diferentes álbums. Uma aula de sutileza e rara beleza dentro do peso do metal.
Falar de algum arranjo específico de Zappa é impossível, ele é um dos guitarristas mais originais da história, o mais audacioso e que estava sempre quebrando as regras musicais do “establishment”. Influenciado por tudo, inclusive Igor Stravinski, que virou a cabeça dele ao avesso, isso nota-se na maneira que ele compõe. Nas letras, ele conta histórias cheias de reviravoltas e muito humor, a música acompanha o enredo quase como se fosse uma rádio novela, com sons, ruídos e vários efeitos sonoros que enriquecem a história.
Os Mutantes é um grupo que tem uma história riquíssima e muito variada musicalmente. Desde a influência dos Beatles, no final da década de 60, passando pelos acordes progressivos do Yes na década de 70 e sempre misturando ritmos brasileiros, Sérgio Dias se destacou como um guitarrista de mente aberta e profundo conhecimento musical. Nesta música, de 1972, mesmo ano que o Deep Purple lança o disco “Machine Head” com a música “Smoke on the Water”, já se sente a influência dos rock mais pesado, de guitarras mais ousadas e distorcidas. Sérgio estava muito à frente do nosso tempo.
Bom, as listas podem ser intermináveis, aqui coloquei aquelas músicas, e principalmente os guitarristas,  que mais me guiaram, me mostraram muitos novos caminhos e maneiras de tocar guitarra. Serão meus eternos mestres.
Bons sons, play it loud!
Abraço,
Andreas Kisser

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