Ir a um show do Iron Maiden, em si, é um ritual. Essa foi a primeira impressão que tive ao embarcarmos, como centenas de fãs fizeram (sem a menor sobra de dúvidas) em nossa van. Sair de nossas cidades e nos deslocarmos à Recife para ver um das bandas mais importantes do Heavy Metal foi reviver todas as horas que passamos ouvindo os discos da Donzela, sonhando na possibilidade de um dia poder estar próximos aos – sem exageros – nossos heróis.
Assim como muitos, enfrentamos uma longa viajem pra podermos estar lá – em todos os sentidos. Estando na estrada, como as bandas antes faziam. Não mais o Iron. Construtor de novos padrões desde seu primeiro disco, o Maiden lança uma nova tendência, viajando agora em avião próprio. O qual simplesmente nos levou a loucura quando vimos sua calda no aeroporto. É engraçado comentar sobre a catarse que tomou todos dentro da van, por que é muito nítido o que sentimos naquele momento – mesmo que tenho sido apenas para fotografar o novo Eddie (agora um alien) na parte traseira do avião.
E reitero – ir a um show do Iron é participar de um ritual de celebração à musica e, sobretudo, a cultura alternativa que o Heavy Metal criou quase que sem querer. Cada etapa é extremamente significante - descer da van e se deparar com uma legião de fãs; comprar os souvenirs vendidos à porta do local do show, passar pela bilheteria e, finalmente, chegar próximo ao palco. Aliás, o gigantesco Centro de Convenções se mostrou um ótimo lugar para o evento.
Estou revendo as fotos enquanto escrevo este artigo, e é tão perceptível o clima de excitação que me sinto extasiado novamente. O ambiente de cordialidade é outra coisa que não posso deixar de mencionar, pois foi algo que impressionou não apenas a mim, mas todos os que estiveram conosco no show.
Lembro do momento em que uma galera ao meu lado se abraçou, me incluindo no abraço, contagiada por ser a última música antes da banda principal entrar. E todos comentávamos muito ansiosos que “é o show do Maiden, Porra! A gente vai assistir o show do Iron Maiden, caralho!”.
Quando as luzes se apagaram e começou a rodar o filme de abertura dos shows desta turnê, todos deliraram! A experiência coletiva que vivemos naquele momento simplesmente não pode ser descrita. Quem a viveu sabe do que estou.
O setlist mesclava as músicas do novo disco com os clássicos da banda, até essa fase mais recente, pós-volta de Dickinson a Dama de Ferro. A propósito, ele canta aquilo tudo mesmo que estamos acostumados a ouvir nos discos e ver nos DVDs!
O trio de guitarras Jenick-Murray-Smith é monstruoso! Particularmente para mim, esse trio representa toda versatilidade e beleza que a guitarra do heavy metal vem construindo desde Iommi.
Quanto ao Steve... Bom, Steve é Steve, e a energia dele em cima do palco flui pra platéia com poucos frontmen conseguem fazer fluir. E quando ele mirou o contrabaixo para o publico pela primeira vez confesso que fiquei engasgado de emoção.
Em The Trooper, no momento descrito acima, é que a ficha foi caindo e que eu fui percebendo que estava presenciando um espetáculo que poucos podem presenciar. Falo aqui não apenas como um fã desde a adolescência da banda, mas como alguém que se espanta com a capacidade criativa do ser humano. Em When the Wild Wind Blows, de melodia tão linda, e principalmente em Blood Brothers percebi o quanto o publico amava a banda – assim como eu.
E claro, não podia deixar de falar da entrada do nosso mascote mais adorado: Edward de Head. Sempre quis ver as brincadeiras entre nosso amigo e Janick em cima do palco. É um momento no mínimo marcante.
Ao fim do show, quando realmente tivemos a certeza de que quem faz toda aquela destruição na bateria é um ser humano, que atende pelo nome de Nicko MacBrain, eu estava exausto. Mal conseguia andar de tão cansado, pois nunca fui tão consumido por um espetáculo. Mesmo assim, tinha a sensação de que se eles voltassem para cantar mais algumas, pularia da mesma forma.
Agradeço ao Iron Maiden por todos esses anos de trabalho e pela experiência inesquecível que nos proporcionou em Recife. Ups the Iron!
Por Rodolfo Zacarias.
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