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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Público de todas as idades para ver o Iron Maiden

Ricardo Novelino Do Jornal do Commercio | Especial para NE10


Foto: JC Imagem
http://www2.uol.com.br/JC/showiron_2R.jpg
Show reuniu cerca de 10 mil pessoas de todas as idades
Pode ser branco ou preto. Ter passado dos 40 anos ou sequer completado 10. Tanto faz se for do Recife ou de outra capital nordestina. Ou ainda melhor, se nasceu no interior. Ninguém liga foi para área VIP ou ficou espremido na galera. E aqueles também que ficaram do lado de fora. Só escutando. Tem coisas que só um show do Iron Maiden pode proporcionar. Cenas inimagináveis surgem do nada e deixam muita gente de queixo caído. Pendurada nos ombros do pai, o engenheiro Luiz Gonzaga Gadelha Junior, Maria Catarina Gadelha, 8 anos, despontava na multidão, no meio da pista premium, reservada para quem pagou R$ 300 e assistiu, com mais conforto, ao show dos ingleses, na noite desse domingo, na área externa do Centro de Convenções, em Olinda, Região Metropolitana.

Maria Catarina estava estreando num concerto de rock e mostrava que tem muito futuro como fã do gênero mais pesado de música. De camiseta rosa, com um celular nas mãos, não desgrudava os olhos do palco. Filmava e fotografava. Para quem estava do lado, sorria e demonstrava intimidade com o repertório do grupo, anos antes de ela pensar em existir. Para orgulho do pai-coruja, cantarolava baixinho: “two minutes to midnight...” e para quem ainda tinha dúvidas da paixão da headbanger precoce, Luiz avisava: “Desde os 5, ela gosta de Iron Maiden. Já toca baixo e arrisca umas coisas.”

A relação pai-filha-banda, demonstrada pelos dois fãs, mostra como o público do Iron Maiden é especial. Quem já passou dos 40 ouvia no velho e bom vinil. Para a criançada da idade de Maria Catarina, o velho bolachão é peça de museu. Para que um negócio tão estranho, preto com um buraco no meio e poucas músicas? É bem melhor Ipod, Ipad, MP3 e MP4 e internet, com Facebook. Os tempos mudaram, mas a  banda está lá. Mais de 30 anos, 85 milhões de discos vendidos e muitos clássicos para tocar.  Não importa a época ou a fase em que o admirador conheceu a Donzela de Ferro. Basta ver a quantidade de ônibus, carros e vans estacionadas perto do Centro de Convenções. As placas: João Pessoa, Maceió, Fortaleza, Natal, Carpina e uma infinidade de lugares. Tudo para conferir The final frontier world tour, que passou por seis cidades brasileiras, divulgando o disco de mesmo nome, lançado em 2010.

Para quem saiu de casa ou pegou estrada para ver Steve Harris, Bruce Dickinson e companhia foi uma noite sem grandes sustos. Quando dependia exclusivamente da produção, a cargo da Raio Lazer, nada a reclamar. Entrada bem sinalizada, banheiros em bom número (na área VIP), portões abertos cedo e sem filas, além de facilidade para tomar cerveja (um preço até camarada, levando-se em conta a qualidade do produto).

Masm quando o assunto é do poder público, o negócio complica. A Avenida Agamenon Magalhães, perto do Memorial Arcoverde, estava escura. Parecia mais uma boate. Os ambulantes fizeram a festa e ninguém organizava a área no entorno. O trânsito ficou sob a responsabilidade da Polícia Militar, que teve alguma dificuldade para fazer o tráfego fluir, sobretudo, por causa do desrespeito de muitos motoristas. Foi preciso guinchar carro parado no local errado.

Bronca mesmo é com o Centro de Convenções. Às 17h30, o estacionamento interno estaria lotado. Isso foi o que disseram funcionários, mesmo com  as vagas sobrando podendo ser observadas facilmente. Uns até arriscava pedir uma tal carteirinha de acesso. Só não informavam qual documento era preciso mostrar. O jeito foi morrer com R$ 10 na mão do flanelinha e torcer para não ter o carro levado pelos ladrões.

Tirando as mazelas, o público de quase 10 mil pessoas, não teve do que se queixar. Pouco depois das 18h40, o Terra Prima, prata da casa, entrou no palco para fazer o esquente da galera. Daniel Pinho, vocalista que se apresentou no último show do Iron Maiden Cover do Recife, comandou a banda. Ele mostrou  músicas do And life begins, primeiro disco do grupo, e enfrentou problemas típicos de quem abre para megabandas: som baixo e equalização de gosto duvidoso, principalmente, na  batera. Mas nada que tirasse o brilho. Para finalizar, Enter Sandman, do Metallica. Assim não tinha como Luiz e a pequena Maria Catarina ficarem fora do clima para o encontro com os ídolos logo em seguida.

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