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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

'Red Zone não tem visão privilegiada do palco', diz produtor de show do U2


Maria Carolina Maia

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"A Red Zone não é área vip", é o que afirma Alexandre Faria, diretor artístico da Time for Fun, empresa responsável pela vinda da banda irlandesa U2 ao Brasil, em 2011. Em entrevista ao site de VEJA, o executivo procura desfazer a polêmica criada em torno do "cercadinho do bem" de Bono Vox e companhia, reafirma o caráter beneficente do espaço, que arrecada fundos para o combate à aids na África, e explica o conceito de área vip, um local com "visão privilegiada do palco em relação aos outros setores".
O U2 anunciou que seu show no Brasil não teria área vip, e em seguida pôs à venda ingressos de 1.000 reais para a Red Zone. Não é a mesma coisa?Não, porque a pista vip como praticada no mundo inteiro é uma área com visão privilegiada em relação aos outros setores do show, sobretudo, a pista. O conceito faz sentido no formato tradicional de shows, com palco italiano. Nesta turnê, o palco é circular e a ação ocorre em 360º. A Red Zone é diferente. É apenas uma área próxima ao palco que tem rigorosamente a mesma visão do público da pista. Aliás, é importante ressaltar que alguns fãs poderão ter uma visão ainda melhor do que o próprio público da Red Zone. Há um anel entre o palco e a passarela (ver foto) que acomoda o público que pagou 180 reais pela pista. Esses terão uma visão especial do show e seguirão, como critério para a entrada no local, o de ordem de chegada, que é básico.

O que faz com que uma área seja vip?
Como falado acima, o conceito de pista vip está atrelado à configuração de um show em formato de palco italiano. A pista vip tem visão privilegiada do palco em relação aos outros setores. Neste show, a prerrogativa não se aplica, já que a Red Zone não tem visão privilegiada em relação aos outros setores.

Se o objetivo da Red Zone é contribuir para o combate à aids na África, por que dar regalias a quem fica nesta área?
É uma contrapartida pela doação de 820 reais que o fã faz em prol do Projeto Red, apoiado pelo U2. O valor líquido - descontados os impostos - é doado integralmente à ação. Os outros 180 reais (que totalizam os tais 1.000 reais) são justamente o preço do acesso à pista.

Polêmica sobre área vip alimenta debate entre os leitores de VEJA

Maria Carolina Maia
Turne 360º do U2
(Jasper Juinen Getty Images)
Importada da língua inglesa, a sigla VIP significa very important people – ou gente muito importante, na versão em português. Na polêmica em torno dos grandes shows, porém, a sigla virou adjetivo e ganhou outros sentidos. Área colada ao palco – de onde se sentiriam as gotas de suor do artista em performance – ou local de regalias como acesso exclusivo e venda igualmente exclusiva de comes e bebes. Ou ainda os dois, desde que, é claro, se pague caro para estar lá dentro. O anúncio de que a banda irlandesa U2 trará para o Brasil, em 2011, a suaRed Zone deixa ainda mais complexa a barafunda de significados atribuídos às letras VIP – e, ao mesmo tempo, pode ajudar a colocá-la em ordem. 

Lugar de preço alto (a entrada custa 1.000 reais -) e benefícios como os já citados, a Red Zoneé, por outro lado, um espaço com objetivo beneficente e não tão próximo ao palco – quem pagar muito menos, 180 reais, terá mais chance de ser alvejado pela saliva de Bono Vox. Vale a pena, então, chamar a Red Zone de área vip? A maioria dos comentários enviados pelos leitores de VEJA indica que não. Que a proximidade do palco, e não privilégios como os de evitar fila no Morumbi, é o que define se a área é elitista – o significado, em última instância, da sigla inglesa. E que o caráter beneficente da Red Zone a absolve e transforma numa espécie de “cercadinho do bem”.

“Quase caí da cadeira quando vi esse valor de 1.000 reais. Pensei, ‘quem eles pensam que são?’. Depois, lendo o resto da reportagem, que vi a nobreza da causa”, diz Geainny na matériaShow do U2 terá área vip. Mas é por uma boa causa. “Perfeito. U2 é realmente exemplo a ser seguido. A Red Zone não fica na frente do palco - fica nas laterais e a renda vai pra projetos do Bono em benefício da África. Pista vip pro U2 é para quem chega cedo”, comenta em outro texto, U2 sem área vip é um exemplo a ser seguido, o leitor Odirley.

Há também, é claro, quem enxergue na proposta uma espécie de engodo. “E esse papinho de ‘causa nobre’?!?? Absurdo”, escreve Felipe. Mas o que sobressai mesmo da discussão é se o dinheiro dá direito a alguém ter acesso privilegiado ao palco. Quem ainda não opinou pode tomar uma posição clicando aqui para responder à enquete de VEJA: É justo quem pode pagar mais ter acesso privilegiado ao palco?

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