Em junho de 2005, seis amigos se reuniram para comemorar seus aniversários, que por coincidência dos deuses do rock, eram todos na mesma semana. Resolveram chamar a banda de um amigo de Crato (Michel Macêdo, da Glory Fate). Também chamaram duas bandas locais (SKP e ET Heads), e fizeram a trilha sonora desta festa, que a princípio era exclusiva a aniversariantes e seus amigos. Sem querer, nascia ali o festival SÃO ROCK – o dia em que o rock foi pro brejo! O sucesso da primeira edição obrigou uma continuação. Dois anos depois, já em 2007, veio a segunda edição, agora com a participação de bandas de Fortaleza, e aberto ao público. O sucesso consolidou o evento, e perpetuou essa data no calendário do rock cearense. Pelo festival já passaram nomes de peso no cenário cearense, como Artur Menezes, Felipe Cazaux, Caco de Vidro, banda One, Killer Queen, Glory Fate, Zeppelin Blues, Renegados, banda Void e tantos outros que abrilhantaram noites inesquecíveis, regadas à amizade, alegria e o bom e velho rock´n´roll. Hoje, o que se iniciou com um simples aniversário, tomou enormes proporções, estendendo seus ramos, diversificando os estilos e abrindo espaço para mais e mais bandas que querem mostrar seu talento em nossa terra. Agora são duas noites de festival, além da Caldeira do Rock, que leva bandas alternativas para a praça pública, numa celebração maravilhosa, onde congregamos amigos de todas as cidades circunvizinhas e de outros estados, irmanados pelo amor ao rock. Não para por aí. Queremos tornar o São Rock uma marca que não promova apenas um festival anual, mas que seja um verdadeiro tablado que promova eventos de rock durante todo o ano! Assim, poderemos desfrutar do convívio saudável e também marcar nossa presença, dizer que temos voz e vez, numa cultura tão massificada por músicas desprezíveis e por gêneros impostos ao povo! Fomos, somos e sempre seremos roqueiros! Portanto, venha participar dessa irmandade, apóie, divulgue, patrocine essa idéia, e seja mais um que ajuda a construir esse espaço!
Esse é o BLOG oficial do festival SÃO ROCK, que ocorre todo ano em Brejo Santo - Ceará. Criado "acidentalmente" por aniversariantes que comemoram na mesma semana e que se uniram para fazer uma única celebração voltada ao nosso gosto músical o ROCK. Além disso o blog divulga noticias e eventos nacionais e internacionais, além de ajudar na promoção cultural da região. Sobre tudo é uma apologia a amizade.
O músico Marcelo Nova é um arquivo vivo do rock brasileiro. Ele saiu da Bahia no início da década de 80 com a banda Camisa de Vênus para esbanjar rebeldia por todo o Brasil, sem se preocupar com a censura e com o mercado fonográfico. Sem o apoio da mídia, o Camisa chegou a vender mais de 100 mil cópias de um único LP. Vale destacar que o trabalho teve todas as faixas censuradas. Sem tocar no rádio e sem aparecer na televisão, a banda conseguiu uma legião de fãs. A estrada foi o principal combustível do Camisa de Vênus. No decorrer da década, Marcelo fez história. Sem aderir a modismos, gravou trabalhos solos e estabeleceu uma breve e histórica parceria com Raul Seixas. Da união surgiu o LP “Panela do Diabo”, último registro em vida de Raul. Em uma longa entrevista antes de subir ao palco do bar Pravda, em Curitiba, Marcelo desmitificou o rock nacional e falou sobre diversos assuntos com o Whiplash. Confira:
Qual a sua avaliação do rock brasileiro atual?
Não acho absolutamente nada a respeito do rock brasileiro. Parei de me preocupar com estas coisas. Querer saber qual é a última novidade, o que é contemporâneo. O que é bom vai ficar. Eu posso responder esta pergunta daqui dez anos. Se estas bandas que estão surgindo agora vão ter alguma relevância. Se vão construir um estilo próprio. Nem eu ou você precisamos gostar. Se algumas tiverem personalidade já é algo para levar em consideração.
O rock brasileiro teve o seu amadurecimento na década de 80. O que aconteceu com o estilo?
Quem não estava nos anos 80 acha que a década foi uma maravilha. Toda essa onda aconteceu porque era apenas a moda. Não tinha nada a ver com originalidade, qualidade. Foi como viraram moda sertanejo, pagode e axé. Eu ligava em uma estação de rádio estava tocando a gente, ligava em outra também. Estávamos tocando em três estações ao mesmo tempo. Era o tempo todo só rock porque as gravadoras investiam e pagavam para que nós tocássemos. Não existe nenhuma diferença para hoje. Era a onda mercadológica da época. É assim que funciona no Brasil. Os meninos do Restart tocam porque existe um investimento maciço neles. A garotada quer ouvir gente da mesma faixa etária. Eles não querem ouvir um velho como eu. Eles precisam de alguém da geração deles, que seja o porta-voz. Sempre existiu Menudo. Back Street Boys, Dominó. Não sei por que vocês sempre se surpreendem.
Como o Camisa de Vênus conseguiu projeção nacional, sendo que é uma banda da Bahia - o estado do Axé?
Nunca pensei em ser aceito. Quando comecei minha carreira eu queria esculhambar a Bahia. Como baiano que sou me sentia deslocado com o que ouvia a respeito da terra em que nasci. Eu não estava vivendo naquela terra paradisíaca, ensolarada, mágica, próspera, alegre, espetacular. Como os baluartes não diziam nada, a minha intenção era chamar a atenção para isso, mas nunca pensei que poderia utilizar está postura para construir carreira. Quando fui para o Rio de Jeneiro tocar no Circo Voador, que era o local onde todas as bandas da época tocavam, percebi que o Brasil era uma grande Bahia.
O Camisa sempre adotou uma postura subversiva e encontrou dificuldades para obter projeção. Foi mais difícil para o grupo, sendo que as demais bandas tinham mais suporte da mídia?
Não havia nenhum tipo de investimento. Nós tocávamos e criamos uma reputação em algumas cidades, mas o sucesso só surgiu quando resolveram investir no Camisa de Vênus. O que era inofensivo passou a ser ousado. O que era proibitivo passou a ser rebelde. Mudam-se as palavras, mas a situação é a mesma. Em função da moda as coisas começaram a acontecer. Antes tocávamos em casas para mil e passamos a se apresentar para 10 mil. Evidentemente que houve um investimento para as músicas tocarem no rádio e para as bandas aparecerem em programas de televisão. Veja se existe alguém independente tocando no Faustão. Ninguém é sensacional. É uma falsa ilusão.
Após lançar alguns trabalhos solos você estabeleceu uma boa parceria com RAUL SEIXAS. Sendo um fã do Raul como foi ter a oportunidade de trabalhar com ele e lançar um grande disco? Na época, Raul não passava por uma boa fase.
Na verdade Raul nunca precisou da ajuda de ninguém. O que houve entre a gente foi uma grande amizade e depois um respeito mútuo. Quando surgiu a oportunidade de fazer um trabalho juntos fomos convidados por Andre Midani, que na época era o diretor geral da Warner, para fazer um disco de dois artistas que estavam fazendo uma turnê e acabaram compondo algumas músicas. O resultado desta parceria está no disco “Panela do Diabo”. Ali está o registro do que fizemos juntos.
Se RAUL SEIXAS não tivesse morrido, a parceria poderia ter gerado mais trabalhos?
Na verdade não. Ele faleceu em agosto de 1989 e tínhamos planejado trabalhar juntos até dezembro. Depois ele seguiria o caminho dele e eu o meu. Não éramos uma dupla sertaneja. Não havia nenhum plano de estabelecer carreira com o projeto. Foi um trabalho paralelo de ambos os artistas.
Para você, qual é o grande disco do Raul Seixas?
Raul tem grandes discos, mas um dia eu disse a ele: “Raulzito meu disco favorito é o Novo Aeon”. Ele disse “é o meu também” e não falamos nunca mais sobre isso.
Sobre a censura. Você sentiu dificuldade de estabelecer sua carreira?
As pessoas reclamam muito desta história, mas na verdade a censura era muito branda. Não havia este espírito policialesco. Isso foi vendido por artistas que tiveram uma ou duas músicas proibidas e quiseram fazer disso uma logomarca. Nunca me interessei. Eu tive algumas músicas proibidas e daí? Quando eles resolveram proibir o disco “Viva”, o trabalho tinha 40 mil cópias vendidas, depois da proibição passou para 180 mil. Por outro lado foi bom. Graças a esta censura eu vendi disco. Têm artistas que fazem a carreira com o discurso de que foram massacrados, proibidos. Graças a Censura Federal eu ganhei disco de ouro. Já vendi disco de ouro, de platina e de couro, quando não vendi merda nenhuma.
Você fez algum disco que não atingiu o resultado esperado?
Nunca me preocupei com isso. Sou um sujeito egoísta. Eu faço música para mim. Quando gosto das músicas gravo um disco e lanço. Sou um cara de sorte porque têm milhares de pessoas que gostam também.
A respeito da internet, da prática de baixar música. Você acha que a nova maneira de consumir a música interfere no jeito de fazer rock ‘n roll?
É uma outra época. O meu filho tem 18 anos e evidente que ele baixa canções. Tem 10 mil discos arquivados. Por outro lado ele ouve Jimi Hendrix, LED ZEPPELIN. A maneira de ouvir é diferente. Antes tinha o vinil, você olhava a capa queria saber quem era o produtor. Sabia a ordem das faixas. Hoje eles baixam tudo. Muita gente me pergunta se eu me importo que baixem minhas músicas. Eu não me importo. Eles estão me ouvindo tocar. Eu parei de tocar em rádio em 2003. Foi a última vez que tive uma gravadora. De 2003 para cá faço trabalhos completamente independentes. Se garotos baixam minhas músicas é porque não escutam no rádio.
Você está preparando algum novo trabalho?
Devo lançar em abril ou maio um DVD de um show em Goiânia. Um resumo da minha carreira que completa 30 anos. Têm musicas do Camisa, que fiz com o Raul, da carreira solo. Eu estava compondo novas músicas, mas parei para fazer este trabalho. Depois vou retomar as inéditas.
Na década de 90 você contou com a participação de Eric Burdon (The Animals) no disco do Camisa de Vênus “Quem é você?”. Como foi trabalhar ao lado dele?
O trabalho foi além. Após a gravação da versão de “Don't Let Me Be Misunderstood” para o disco, ele gravou duas composições minhas no álbum solo dele “My Secret Life” de 2004: “Coração Satânico” (Devil’s Slide) e “Garota da Motocicleta” (Motorcycle Girl) e uma composição em conjunto chamada "Black and White World". Infelizmente pouco se comentou no Brasil deste grande disco, mas está na internet para ser baixado.
Qual sua avaliação sobre a atual música brasileira?
Na música brasileira existem belas bundas. O problema é que elas vêm com trilha sonora. O vocabulário diminuiu. Ninguém mais usa sujeito, verbo e predicado.
Numa entrevista exclusiva para o seu blog oficial, com perguntas premiadas enviadas pelos fãs na promoção “Você entrevista Marcelo Nova”, ele não economiza nas palavras em respostas ricas em conteúdo, sinceridade e personalidade. Marceleza é um homem cujos adjetivos fazem uma grande lista, e tantas outras “dades” poderiam lhe ser atribuídas.
Melhor do que uma simples transcrição de suas palavras, as respostas foram captadas em vídeo, preservando a integridade dos argumentos e sua interpretação única e impossível de transcrever.
O rocker mais importante do país premia esse espaço com seu respeito e atenção, presenteando quem faz e quem lê este blog. Sem dúvida é o post mais importante nesses 5 anos de existência.
RESPOSTAS DE MARCELEZA PARA A PROMOÇÃO "VOCÊ ENTREVISTA MARCELO NOVA"
Numa entrevista exclusiva para o blog, com perguntas premiadas enviadas pelos fãs, Marcelo Nova não economiza nas palavras em respostas ricas em conteúdo, sinceridade e personalidade. Marceleza é um homem cujos adjetivos fazem uma grande lista, e tantas outras "dades" poderiam lhe ser atribuídas. Melhor do que uma simples transcrição de suas palavras, as respostas foram captadas em vídeo, preservando a integridade dos argumentos e sua interpretação única e impossível de transcrever. O rocker mais importante do país premia esse espaço com seu respeito e atenção, presenteando quem faz e quem lê este blog. Sem dúvida esse é o post mais importante nesses 5 anos de existência. Daniella Marco Tullio (Rio Claro/SP) - "Você diz no disco ao vivo Viva que o mundo só vai consertar o dia que a mulher tomar o poder, bicho, tem mais tato, tem mais sensibilidade, tem mais carinho... Hoje temos uma mulher no poder, você acredita que isso fará o Brasil melhorar?"
Andreia Vedder (Guarulhos/SP) - "Fora a música, como é seu dia-a-dia quando não está trabalhando? O que gosta de fazer? Viajar, curtir a família, a casa, amigos, deitar numa rede e curtir um som, dormir, comer, ler, sei lá... quais são as coisas que você mais gosta de fazer?"
Claudionor Silva (São João da Boa Vista/SP) - "Neste país pobre culturalmente, a arte contemporânea, principalmente a musical, visa tão somente a questão mercadológica. A maioria dos artistas, almejando o sucesso, limita-se em se expressar de forma 'bem intencionada', no aguardo de gentilezas que lhe garantam uma eventual prosperidade artística. Então eu lhe pergunta, como um fã incondicional, qual é o segredo de você conseguir sobreviver nos apresentando o bom e velho rock´n roll, conservando não apenas o comportamento irreverente dos mais autênticos rockers, como também a essência deste gênero musical?"
Rafael Martins dos Santos - "O que você costuma ler?"
Grigori A. Corá (São José do Cedro/SC) - "Uma vez você afirmou que dedicava seu tempo única e exclusivamente com o rock´n roll, que não tinha tempo para outra coisa, porém com o dom da palavra e da escrita que tem, gostaria de saber se já pensou em alargar o leque do seu legado por um caminho que não seja a música, assim como Bob Dylan que já escreveu um livro de crônicas?"
Gilson de Paula (Curitiba/PR) - "Por que você não respeita suas canções e inventa sempre um jeito novo de cantá-las ao vivo?"
Ronaldo Belotti (Serra/ES) - "Nos anos 50/60/70 surgiram vários artistas e cada um tinha um modo muito peculiar de expressão. Por que essa ausência de criatividade artística nos dias de hoje? Cars como Dylan, Lu Reed e Neil Young, enquanto a nova geração não ajuda em nada? Por que essa molecada não cria nada? Você acha que o comodismo, internet e afins podem estar relacionado a isso?"
Robson Santos (Campinas/SP) - "Nos anos 90 você apresentou na Rádio Transamérica o programa 'Let´s Rock', até hoje lembrado pelos fãs, além do Radio Fx. Falem um pouco sobre suas aparições como apresentador de rádio e toda essa sua empreitada radiofônica?"
Daniel Camerim (Bento Gonçalves/RS) - "Gostaria que comentasse sobre a sua evolução como compositor desde os primeiros discos do Camisa até hoje. Como você se aperfeiçoa naquilo em que melhor sabe fazer e faz com maestria, a composição?"
Ronaldo Domingos da Silva (Osasco/SP) - "Vimos por vezes artistas do rock (consagrados ou promessas) sucumbirem às tendências e tentações do mecado, com parcerias ou guinadas inesperadas em suas obras. Neste sentido, algum artista que tenha lhe influenciado, seja em sua obra ou maneira de agir, transformou-se posteriormente numa decepção pra você?"
Agradecimentos mais do que especiais à Marcelo Nova que idealizou e apoiou essa promoção. Saúde e muito rock´n roll pra você. Escrito por Xande Campos Capitão às 09h15
Eduardo Scott, 50 anos de idade, virginiano, casado, formado em comunicação com jornalismo e surfista. Um homem que dedicou toda sua vida a música, seja cantando em bandas de rock ou trabalhando nos seus bastidores como assessor de grandes artistas ou em gravadoras. Na década de oitenta foi o vocalista da Banda Gonorréia que sacudiu as estruturas familiares da Bahia e agora é o atual comandante da lendária Banda Camisa de Vênus.
Eduardo Scott e Lucas Bertolucci
A Banda foi criada em Salvador quando Marcelo Nova (vocal), Robério Santana (Baixo), Karl Franz Hummel (guitarra base), Gustavo Mullen (Guitarra solo) e Aldo Machado (Bateria) se reuniram em 1980. A primeira apresentação foi em maio de 1982, em Salvador, e o lançamento do primeiro compacto, "Meu Primo Zé" e "Controle total", aconteceu no mesmo ano. O primeiro álbum, Camisa de Vênus, foi lançado em 1983 pela Som Livre.
Em 1983 o Camisa de Venus se muda para São Paulo e assinam contrato com a Som Livre. O nome da banda era considerado "indecente" por muitos, sendo assim a divulgação em rádio e televisão seria inviavel. Diretores da Som Livre chamaram os membros da banda para uma reunião e sugeriram a mudança do nome da banda, Marcelo nova disse que mudaria o nome sim, e sugeriu que o novo nome da banda fosse "capa de pica". O Camisa de Vênus foi expulso da gravadora após essa reunião. A gravadora também retirou o disco de catálogo e, por mais de um ano, a banda ficou sem gravadora. Em 1985, assinaram com a RGE, que relançou o primeiro disco da banda. Ainda em 1985, foi lançado "Batalhões de estranhos", nesse disco o Camisa divulga o single "Eu não matei Joanna d'Arc".
A banda lotava ginásios em todo o país, e em Santos, litoral de São Paulo, gravaram o disco ao vivo, "Viva", no Clube Caiçara, de 1986, o disco foi basicamente o registro de um show do Camisa, foi um marco na história do rock nacional, o primeiro Ao Vivo realmente ao vivo, com microfonia, ecos e muitos palavrões. O disco fez muito sucesso, mas logo foi retirado das lojas pela censura. Ainda em 1986 assinaram um novo contrato com a WEA e lançaram o álbum "Correndo O Risco", do qual Só o fim se tornou um hit. Neste mesmo disco o Camisa, uma banda de origem punk, convida uma orquestra para participar da canção " A ferro e fogo", algo completamente inusitado.
Em outubro de 1987 foi lançado o álbum duplo "Duplo Sentido". Esse álbum conta com a participação especial de Raul Seixas, na música "Muita estrela pouca constelação" que retrata o cenário musical da época. Em novembro, Marcelo Nova deixou a banda, para investir em sua carreira solo.
Após o fim da banda em 1998, o Camisa voltou a se reunir em algumas ocasiões. Em 2004, com a participação da banda no Festival de Verão de Salvador, onde a banda gravou o seu primeiro DVD, em 2007 com alguns shows pelo Brasil, e agora a banda está de volta.
A MIB tem muito orgulho de ter no seu cast de entrevistados o Scoot, o novo vocalista da maior banda de rock de todos os tempos do Brasil. Sou fã do Camisa de Vênus e amigo de Jerri, Karll e Gustavo. Aqui você saberá como foi a trajetória do Scott e como está senso a retomada do novo Camisa de Vênus.
ENTREVISTA COM SCOTT DO CAMISA DE VÊNUS
1 - Lucas Bertolucci – Na década de 80 quando o Camisa de Vênus surgiu você era o vocalista da Banda baiana Gonorréia, como era, na sua visão, o cenário musical dessa época na Bahia e no Brasil? E como surgiu a Banda Gonorréia nesse contexto?
Scott – Naquela época, ter uma banda de rock em Salvador, já era por si só um mérito, pois não havia nenhuma cena na cidade. Quando o Camisa surgiu e nos mostrou que o “Faça você mesmo” era possível, tudo mudou na cidade. Tanto que surgiram após o Camisa cerca de 33 bandas ao mesmo tempo. E com esse impulso do Camisa, montei junto a mais três amigos o Gonorréia que era a segunda banda mais famosa e odiada da cidade....risos.
2 - Lucas Bertolucci – Nessa época surgiram na Bahia várias bandas com nomes sugestivos, tais como: Gonorréia, Camisa de Vênus, Escarro, Delirium Tremens, Espírito de Porco, Arroto de Rato... bandas Punks que mexeram com o cenário musical de Salvador. Como era a relação entre essas bandas?
Scott – Era de competição acirrada mesmo. Todos queriam ser a banda do momento, pois o Camisa já estava despontando no cenário nacional e todas as que estavam surgindo, queriam ocupar o lugar que ficara vago na cidade e com isso os festivais promovidos por Nicolau Rios ( que era guitarrista do Trem Fantasma) e pela Band Fm acirraram mais ainda esta competição. Chegou até acontecer um festival promovido pela Band Fm, que o prêmio era a gravação de um disco, que o Gonorréia ganhou, mas não levou, porque na verdade foi uma armação para ganharem dinheiro e não existia nenhuma proposta concreta da gravadora ( EMI ) e sim uma possível contratação caso o grupo ganhador se encaixasse no cast da empresa...enfim sobramos....
3 - Lucas Bertolucci – O Gonorréia teve uma vida curta, apenas 13 meses de vida. O que vocês tentaram falar em suas músicas em tão pouco tempo?
Scott – Sarcasmo, ironia, verdades ocultas na cultura baiana e esculhanbação total com a musica da bahia na época. O ideal era chocar a família baiana e os bons costumes...risos..... tanto que por causa do nome, fomos parar varias vezes na policia federal para dar declarações sobre as pichações pela cidade e por usar aquele nome “nojento” risos.....
4 - Lucas Bertolucci – Vocês gravaram um CD depois de 23 anos com músicas antigas e algumas novas. O que o público jovem de hoje pode esperar dessa musicalidade de vocês?
Scott – Olha Lucas, o projeto Gonorréia 8205 O Resgate da História, foi mais uma vontade que eu tinha entalada na garganta que não saiu na década de 80. Pois éramos populares, enchíamos os shows, tínhamos respeito do público, mas ficou faltando o registro histórico auditivo, que era um CD. Porque mesmo sem termos conseguido fazer na época um disco, o grupo foi citado em livros, matérias jornalísticas, etc. Aí então quando tive a oportunidade de tornar o sonho, mesmo que tardio uma realidade, não pensei duas vezes, mas para que o som não soasse antigo, fiz questão de ter musicas com temas atuais e que o produtor nos desse a sonoridade digital aquelas loucuras da época. E também que saísse por uma grande gravadora (Universal Music) para que chegasse as mãos de todos os jovens do Brasil, de norte a sul que conhecessem a historia do rock brasileiro e os pais destes jovens que presenciaram aquela cena na Bahia. Por isso fiz questão também de lançar um livro junto com o CD com declarações de músicos do rock nacional como o próprio Marcelo Nova, João Gordo ( Ratos de Porão), Roberto Frejat ( Barão Vermelho) e Toni Belotto (Titãs)
5 - Lucas Bertolucci – Hoje você está à frente da Banda Camisa de Vênus, como você vê atualmente o cenário musical brasileiro para um volta da banda que fez história na nossa música?
Scott – Quando surgiu o convite, desta turnê comemorativa de 30 anos, foi pra mim uma grata surpresa e um desafio. Pois nestes quase 21 anos que a banda ficou parada, havia uma lacuna no rock brasileiro. Primeiro que muitos achavam que ninguém teria coragem de substituir o (Marcelo) Nova no Camisa e se ainda iam funcionar as musicas compostas há tanto tempo atrás. Mas como com o passar dos anos, o Brasil não mudou muita coisa, vimos que alguns temas são tão atuais quanto na década de 80. Letras como O Adventista, País do Futuro, My Way só para citar algumas, são temas tão atuais que qualquer jovem de 16 ou 25 anos vai entender que precisam ouvir musicas que mudem pelo menos a forma de pensar, para se trabalhar para termos um país melhor.
6 - Lucas Bertolucci – Você esteve um longo tempo afastado da linha de frente de uma banda. Trabalhou nove anos como assessor de imprensa de Ivete Sangalo, como foi essa experiência?
Scott – Se existe aquela historia do “The Great Rock and Roll Swindle “ posso dizer que tenho minha contribuição, pois nestes anos todos que trabalhei como assessor, sempre dizia a minha assessorada que um dia ia gravar um CD de rock com o dinheiro dela...risos e foi o que acabou acontecendo...risos...
7 - Lucas Bertolucci – Abril do ano passado Jesus Sangalo o demitiu do cargo de assessor de imprensa de Ivete, você deu a seguinte declaração ao site Ego da Globo:
"Fui pego de surpresa hoje, com esta notícia. Segundo o presidente da empresa, Jesus, a 'Caco' entrará numa recessão e para conter as despesas, meu nome era o primeiro da lista. Não falei com a Ivete porque ela está em São Paulo. Mas se foi o irmão dela quem me demitiu, acredito que deva ter sido com o consentimento dela". O que realmente aconteceu?
Scott – O que me foi dito por ele foi exatamente isso ! Se não foi verdade, não sei dizer, porque este foi o argumento dele ! “A empresa esta em crise e tenho de demitir os funcionários com salários mais altos “ então que mais podia dizer ? E se ele fez isso, com certeza teve o consentimento dela, afinal ela teria o direito de interceder contra se não fosse vontade dela também, ou como ele além de empresário é irmão, não quis que virasse briga de família...risos... mas enfim, é a vida, e com isso tive a oportunidade de entrar para o Camisa de Vênus, que se ainda estivesse trabalhando para ela, não teria agenda para ocupar as duas funções.
8 - Lucas Bertolucci – Como surgiu o convite para ser o novo vocalista da Banda Camisa de Vênus?
Scott- Foi através de uma festa promovida com a Banda Coveiros do Cover, em uma festa no Groove Bar, eu fiz uma participação cantando duas musicas do Gonorréia, ali estavam também três músicos do Camisa ( Karl, Gustavo e Robério ) e logo depois de minha participação no bar mesmo, veio o convite deles.
9 - Lucas Bertolucci – É inevitável a comparação de você com Marcelo Nova. Como está a repercussão de sua chegada na Banda e como você está encarando essa situação?
Scott – Lucas, posso te garantir que superou as expectativas. Já fizemos shows em Salvador, Rio de Janeiro, Feira de Santana, Ilhéus, Curitiba, BH entre outras e a receptividade do público foi calorosa em todos os shows. O Camisa é uma marca cheia de sucessos de radio que por mais que a pessoa não goste do ritmo, lembra de alguma musica, e nos shows quando terminamos o set list, o público pede bis e depois vão ao camarim tirar fotos. Isso é a maior prova que aprovaram o projeto, pois se tem uma coisa que não se consegue em shows é enganar o povo. Se gostaram batem palmas e participam, se não vão embora antes mesmo que o show acabe, e isso posso te garantir não esta existindo, tanto que agora em dezembro estamos descendo para fazer 8 shows em SP capital e interior a convite de contratantes, sinal que a repercussão dos shows já chegou ao pólo cultural do Brasil.
10 - Lucas Bertolucci – A formação original da Banda era: Marcelo Nova, Karl Hummel, Gustavo Mullen, Robério Santana e Aldo Machado. Como está a nova formação? E como a imprensa e o público estão vendo essa nova formação?
Scott – Hoje temos o Gustavo Mullem e Karl Hummel da formação original. Eu completo um ano na banda em cinco dias ( o que já me coloca na historia da banda ) ...risos... e no baixo esta o Jerry Marlon e na bateria o Louis. A critica tem recebido muito bem. Aqui na Bahia que seria o nosso principal termômetro, recebeu muito bem, até nos surpreendeu, pois na época com a ditadura, os jornais tinham uma certa restrição quando ao nome, mas hoje estampam na primeira pagina os shows do Camisa de Vênus 2010. Com a internet então, não poderia ser melhor, se você colocar no Google, você vai ter pelo menos umas trinta páginas falando desta volta com nova formação, ou seja, só temos é que comemorar, pois a marca além de viva ainda mexe com as pessoas.
11 - Lucas Bertolucci – Em toda sua história a Banda Camisa de Vênus lançou 10 álbuns, alguns de extremo sucesso. Estou sabendo que em 2011 haverá um novo disco, como será esse disco? Será um disco com músicas novas ou um disco mesclado com novos e antigos sucessos?
Scott – Nós temos na verdade dois projetos para 2011. Um seria um disco acústico como o Metallica e o Nirvana fizeram, que mesmo sendo acústico, não perderam a energia. Este Cd teria participações de músicos amigos do Camisa nestes 30 anos em sucessos antigos e algumas musicas novas. O outro seria mais no final de 2011, um CD inteiro com musicas inéditas.
12 - Lucas Bertolucci – Uma turnê está chegando, logo, como está a agenda de vocês?
Scott – Agora em novembro temos alguns shows aqui pela Bahia, mas em dezembro focamos o sul do país com shows em SP e Santa Catarina.
13 - Lucas Bertolucci – A MIB agradece a participação do Camisa e esperamos um retorno de muito sucesso. Fui conferir o primeiro show aqui em Salvador e curti demais, relembrei meus bons tempos de adolescente. Para finalizar, deixe seu recado para os nossos leitores.
Scott – É muito bom saber que a arte e a cultura não tem “dono” que pode sobreviver através dos tempos e que pessoas como você abrem espaço para os canais chamados de “alternativos “ para que cada dia mais as pessoas possam expressar sua arte e dizer: vivo em um país democrático.
Curta algumas músicas do camisa:
Obs 1: Querendo ver mais é só digitar no youtube: camisa de vênus 2010
Obs 2: EU ESTAVA NESSES DOIS SHOWS DOS VÍDEOS ABAIXO xD Camisa de Vênus - Beth Morreu Camisa de Vênus - Lena Camisa de Vênus - O Adventista Camisa de Vênus - My Way