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BEM VINDOS AO BLOG DO SÃO ROCK


Nossa História

Em junho de 2005, seis amigos se reuniram para comemorar seus aniversários, que por coincidência dos deuses do rock, eram todos na mesma semana. Resolveram chamar a banda de um amigo de Crato (Michel Macêdo, da Glory Fate). Também chamaram duas bandas locais (SKP e ET Heads), e fizeram a trilha sonora desta festa, que a princípio era exclusiva a aniversariantes e seus amigos. Sem querer, nascia ali o festival SÃO ROCK – o dia em que o rock foi pro brejo!
O sucesso da primeira edição obrigou uma continuação. Dois anos depois, já em 2007, veio a segunda edição, agora com a participação de bandas de Fortaleza, e aberto ao público. O sucesso consolidou o evento, e perpetuou essa data no calendário do rock cearense.
Pelo festival já passaram nomes de peso no cenário cearense, como Artur Menezes, Felipe Cazaux, Caco de Vidro, banda One, Killer Queen, Glory Fate, Zeppelin Blues, Renegados, banda Void e tantos outros que abrilhantaram noites inesquecíveis, regadas à amizade, alegria e o bom e velho rock´n´roll.
Hoje, o que se iniciou com um simples aniversário, tomou enormes proporções, estendendo seus ramos, diversificando os estilos e abrindo espaço para mais e mais bandas que querem mostrar seu talento em nossa terra. Agora são duas noites de festival, além da Caldeira do Rock, que leva bandas alternativas para a praça pública, numa celebração maravilhosa, onde congregamos amigos de todas as cidades circunvizinhas e de outros estados, irmanados pelo amor ao rock.
Não para por aí. Queremos tornar o São Rock uma marca que não promova apenas um festival anual, mas que seja um verdadeiro tablado que promova eventos de rock durante todo o ano! Assim, poderemos desfrutar do convívio saudável e também marcar nossa presença, dizer que temos voz e vez, numa cultura tão massificada por músicas desprezíveis e por gêneros impostos ao povo! Fomos, somos e sempre seremos roqueiros!
Portanto, venha participar dessa irmandade, apóie, divulgue, patrocine essa idéia, e seja mais um que ajuda a construir esse espaço!

Esse é o BLOG oficial do festival SÃO ROCK, que ocorre todo ano em Brejo Santo - Ceará. Criado "acidentalmente" por aniversariantes que comemoram na mesma semana e que se uniram para fazer uma única celebração voltada ao nosso gosto músical o ROCK. Além disso o blog divulga noticias e eventos nacionais e internacionais, além de ajudar na promoção cultural da região. Sobre tudo é uma apologia a amizade.




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Mostrando postagens com marcador rock nacional. Mostrar todas as postagens
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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Fotos e vídeos de Lulu Santos em Brejo Santo - CE, 28 de julho de 2011




Fotos e vídeos do super show de Lulu Santos em Brejo Santo- CE, em 28 de julho de 2011. Este evento foi realizado dentro da programação da 5ª edição do festival Férias no Ceará - Um Festival de Alegria, promovido pelo Governo do Estado do Ceará. As fotos foram feitas para o site Portal Brejo Santo: http://www.potalbrejosanto.com.br/




Vídeos:



























































Dirvitam-se!!!


Bruno Yacub















































Divirtam-se!!!











Bruno Yacub





































Bruno Yacub

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Os Dinossauros estão vivos!

João Barone ganha Prêmio Multishow (06 de setembro de 2011)


Apesar da bagaceira que se encontra a "música brasileira", João Barone se surpreende ao receber o prêmio Multishow 2011 como MELHOR INSTRUMENTISTA. Aplausos para "As baquetas mais rápidas da América Latina"... O Galo Magro merece!!!


Obrigado e "o que eu não disse"
(por João Barone)

Caramba! Esse prêmio caiu de surpresa mesmo! Eu não tinha a menor idéia de recebê-lo. Achava que era uma das categorias que foram encaminhadas para a votação do conselho do prêmio e nem pensava que se tratava de uma votação popular. No caso, acho que o pessoal do NX Zero e do Restart relaxou um pouco na votação de seus integrantes e sobrou aqui para os fãs dos Paralamas que votaram em mim... Muito obrigado galera!

Na hora de subir lá, não estava preparado e só pude me lembrar dos parceiros de banda para agradecer o prêmio, mas agora fico naquele "efeito retardado" sobre o que deveria ter dito nesta hora. Longe do velho clichê de agradecer a família, filhos, mulher, mas aproveitar a chance de falar alguma coisa que prestasse. Por exemplo, em 2002, ao receber um prêmio do Multishow, aproveitei para falar como o Rio de Janeiro estava largado pelas autoridades, como Roma que pegava fogo enquanto imperador Nero tocava sua harpa e dediquei o prêmio à memória do jornalista Tim Lopes, que fora assassinado quando fazia uma reportagem numa comunidade aqui do Rio.

Acabou que deixei de convocar todos que participaram da votação para dedicar seu tempo e ajudar numa mobilização muito mais importante pela internet: o movimento contra a corrupção que envergonha o país. Ou mesmo a ajuda humanitária para a população do Sudão, que está enfrentando o flagelo da fome em massa, em pleno Sec XXI... Pode parecer piegas mesmo, lembrar do Pelé dedicando seu milésimo gol às criancinhas, mas quem sabe isso consiga trazer mais um pouco de gente em prol de uma boa causa.

No final, eu fiquei muito feliz em receber o prêmio mas me sinto extremamente frustrado ao pensar que poderia ter convocado todo mundo presente naquela ocasião para mandar uma VAIA com toda a força para os políticos corruptos de plantão. Não que isso fosse mudar muita coisa, mas ao menos diminuiria um pouco nossa indignação. Bem, vou ficar mais esperto na próxima...

Fonte:http://osparalamas.uol.com.br/artigo-blog/obrigado-e-o-que-eu-nao-disse

João Barone recebendo o prêmio:

http://www.youtube.com/watch?v=u2qC-7MmjuU

Melhor Instrumentista: João Barone

http://multishow.globo.com/Premio-Multishow-2011/Videos/_1622078.shtml:

João Barone fala sobre a emoção de receber um prêmio:

http://multishow.globo.com/Premio-Multishow-2011/Videos/_1622095.shtml

Paulinho Oliveira, do Jota Quest, se diz emocionado por concorrer com o ídolo João Barone:

http://multishow.globo.com/Premio-Multishow-2011/Videos/_1621858.shtml

Altos e baixos do Prêmio Multishow 2011 – Por Jamari França

Como todo prêmio, cabem elogios e criticas à 18ª edição do Prêmio Multishow. As premiações de um júri especializado, em primeira adoção, contrabalançou o vox populi juvenil que vota em massa nas bandas da hora.


Assim sendo, o público consagrou Di Ferrero, do NX Zero, como melhor cantor e o júri rebateu com Marcelo Camelo, ausente para receber o microfone dourado. O apresentador Bruno Mazzeo disse que ele foi dormir cedo porque tinha que levar a Mallu Magalhães para a escola amanhã (hoje) cedo.

A melhor música pela massa foi Onde Estiver, do NX Zero, ao que o júri rebateu com Felicidade, de Marcelo Jeneci, bom compositor e cantor passável, que lançou álbum de estreia e vem se destacando em parcerias recentes, como na empolgante Borboleta, do DVD Em Cena, de Zélia Duncan, composta por ele, Zélia, Alice Ruiz e Arnaldo Antunes.


O júri consagrou a novata Tulipa Ruiz como melhor cantora enquanto o público preferiu Paula Fernandes, também premiada como melhor artista sertaneja. Num dos agradecimentos, ela se confessou feliz de ser “representante da música brasileira nesta festa”. Como assim? Os demais premiados, todos brasileiros, são o quê, Musica Popular Javanesa? A vitória de Paula como cantora quebrou a supremacia de Ana Carolina, vitoriosa todo ano desde 2006. Não que a sertaneja cante melhor que Ana, mas pelo menos deu uma variada.

Claro que a tonica do prêmio foi consagrar bandas populares. Os fãs presentes na arquibancada na parte de trás da Arena HSBC não sabiam quem eram Marcelo Jeneci e Tulipa Ruiz. No twitter vi também gente perguntando a mesma coisa. Instigar a curiosidade foi saudável por parte do júri, espera-se que muitos procurem saber quem são estes e outros desconhecidos para acrescentá-los, ou não, às suas preferências.

Dois premiados se mostraram bastante surpresos. Marcelo Jeneci disse que nem sabia que estava indicado e João Barone, dos Paralamas, também levou de melhor instrumentista no susto. Como o prêmio é de voto popular e concorriam músicos de bandas da geração atual, ele achou que não ialevar. Mas o povo bateu cabeça para ele e para os Paralamas, aplaudidos quando Bruno gritou um viva para o trio.

Os números musicais padeceram de um mal comum em encontros ensaiados às pressas. Passavam falta de segurança no que estavam fazendo. Papai Me Empresta o Carro e Formula do Amor, com Leo Jaime, Fiuk, Paula Fernandes e Di Ferrero devia ser o número rock da noite, mas foi uma mistura de jaca com caviar. As vozes se chocaram, mudaram a melodia, entraram errado, um caos. A mais interessante reuniu o grupo Cidadão Instigado com Pitty e Odair José em Uma Vida Só, do repertório dele, e Me Adora, de Pitty. A interpretação de Odair nesta última ficou muito legal, ele adaptou a música ao seu estilo romântico e deu novo significado até mesmo ao verso “Que me acha foda.”

O soulman Hyldon se juntou ao Jota Quest e a Monique Kessous em As Dores do Mundo, de Hyldon gravado pelo JQ, e Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda. Boa performance. Jota Quest e Cidadão Instigado são boas bandas, se tivessem um vocalista de verdade melhorariam muito.

A concepção do prêmio, por Manuel Falcão, de reviver os antigos programas de auditório, funcionou muito bem. Bela cenografia kitsch, por Abel Gomes, inspirada no Cassino do Chacrinha, Silvio Santos, Sergio Malandro e Xuxa, com Bruno devidamente caracterizado e cercado de Brunettes (as Chacretes) deu dinâmica ao programa. Não foi muito longo, teve um bom texto, de Fábio Porchat, e apresentação. Tudo correu nos conformes sob a direção de Oscar Rodrigues Alves e direção musical de Alexandre Kassin.

O grande Lincoln Olivetti comandou a banda que acompanhou os cantores e cantoras, formada por Pedro Sá (guitarra), Guto Wiirti (baixo), Cesinha (bateria), Altair Martins (trompete), Sérgio Galvão (sax) e Marlon Sette (trombone).


A festa da premiação bombou como sempre num verdadeiro festival de egos. O prêmio é da música brasileira, mas tinha globais demais e músicos de menos. Na abertura, houve um clipe, inspirado no que se faz no Oscar, com efeitos digitais em que Bruno contracena com bandas da geração 80, ausentes da festa. Leo Jaime e Barone levavam a bandeira dos anos 80, Henrique Portugal, do Skank, a dos anos 90 e nada mais. Será que na festa de premiação da TV tem mais músicos que atores?

Como admirador da forma física feminina fiquei impressionado com a magreza das cantoras que foram ao palco. Apenas Ivete Sangalo mostrava “sustança”, as demais, nada. Esse povo não come não? Pra que tanta anorexia? Maria Gadu é tão magra que se pega uma ventania de banda vai parar longe. Tanta gente sem comer no Brasil e quem pode comer vive de dieta. Na festa tinha até gostosonas anônimas, mas a tônica mesmo, como sempre, era a bonfire of vanities, a fogueira das vaidades. A maioria de na

riz em pé, especialmente as mulheres, muita gente em constante movimento pelos ambientes, olhando para todos lados em busca de sabe-se lá o que. Nesses lugares sempre lembro da fala final do satã vivido por Al Pacino em Advogado do Diabo: “Vanity, my favourite sin”.

A produção da festa estava impecável. Duas pistas, de música gringa dentro e de música brasileira fora, risotos, massas, pastinhas, bebida à vontade muito disputada nos bares. Afinal, hoje é feriado e a maioria encomendou uma bela ressaca para o dia da pátria. Como não bebo e já tive minha cota de badalações nesta encarnação, enchi o bucho e me mandei.

Prêmio Multishow hoje e há 16 anos – Por Jamari França

Na próxima terça acontece a 18ª edição do Prêmio Multishow. Em 12 categorias valerá a escolha popular pela internet. Artistas com um grande fã-clube mobilizado para a votação saem vencedores, por isso a boa e tardia idéia de usar pela primeira vez um júri especializado que terá suas escolhas limitadas a cinco categorias (devia votar em tudo). Uma comparação entre a lista de concorrentes das primeiras edições e a atual mostra uma deterioração sensível do mainstream nos anos 00.

Na segunda edição, em 1995, com a escolha feita pelo telefone, os concorrentes a melhor grupo nacional eram Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Cidade Negra e Skank, o vencedor. Na atual edição concorrem Restart, NX Zero, Eva, Cine, Cw7, Exaltasamba, Fresno, Strike, Hori e Skank. Maior número de concorrentes e queda expressiva de qualidade: só o Skank empunha a bandeira da boa música.

Na categoria de melhor cantor concorreram em 1995 Lulu Santos (vencedor), Djavan, Ney Matogrosso e Milton Nascimento. Claramente a vitória deum artista mais popular com o público naquele momento, porque cantar melhor que os demais Lulu não canta. Este ano são 10 candidatos, entre eles um corpo estranho, Caetano Veloso, possivelmente pelo DVD com Maria Gadu. E as "grandes estrelas" do pop nacional Fiuk, Pe Lanza, Luan Santana, Lucas Silveira, Michel Teló e Di Ferrero. Noutro patamar Seu Jorge e Dinho Ouro Preto. Perigas Pe Lanza ganhar pela enorme mobilização de seus fãs, já que a banda é cria da web.

Vamos às outras categorias. Melhor cantora nos idos de 95 eram Cássia Eller, Marina Lima, Daniela Mercury (vencedora) e Zizi Possi. Nada mal. As 10 atuais são Sandy Leah, Ivete Sangalo, Maria Gadú, Paula Fernandes, Pitty, Claudia Leitte, Ana Carolina, Wanessa, Lu Alone, Vanessa da Mata. Ana Carolina devia ser considerada hors concours, porque já é hexacampeã: levou em 2000 e, desde 2006, só dá ela. Também, com essa concorrência...

Na categoria Revelação em 95 concorreram Lenine e Suzano (pelo disco Olho de Peixe, de 1993), Zélia Duncan (pelo disco de 1994 do hit Catedral), Banda Mel (vencedora) e Paulo Miklos, dos Titãs (pelo disco solo de 1994). Este ano, revelam-se Cw7, Michel Teló, Manu Gavassi, Johnny And The Hookers, Marcelo Jeneci, Tulipa Ruiz, Monique Kessous, Luisa Maita, Emicida e Roberta Spindel. Tenho que fazer um mea culpa. Não conheço lhufas desse povo, alô you tube.

Last but no least em 95 a última categoria era de melhor clipe nacional: Cássia Eller (Malandragem), Skank (É Proibido Fumar - vencedor), Djavan (Sem Saber) e Barão Vermelho (Meus Bons Amigos). Uma seleção que dá de 10 na atual. A saber: Strike (A Tendência), Sandy Leah (Quem Eu Sou), Restart (Pra Você Lembrar - Devia ser Pra Voce Esquecer), NX Zero (Onde Estiver), Hori (Diga Que Me Quer – deixa pra lá), Pitty (Só Agora), Fresno (Eu Sei), Victor e Leo (Boa Sorte Pra Você – Pra voce também com a Xuxa, Victor), Capital Inicial (Depois da Meia Noite – tem música melhor no disco) e Só os Loucos Sabem (Charlie Brown Jr - de louco ele entende). Até terça vou fazer um esforço e ver todos.

Fonte: http://oglobo.globo.com/blogs/jamari/



Jamari França, repórter e crítico musical atuante desde o começo dos anos 70 no jornalismo carioca, é autor da Biografias Oficial dOs Paralamas do Sucesso "Vamo Bate Lata", lançada em outubro de 2003. Jamari possui ainda um blog, hospedado no Globo, onde interage com o internauta a respeito das novidades da música.


João Barone subindo ao palco para descer a lenha. Show dOs PDS em Barbalha - CE, 12 de junho 2006.

Show em Barbalha - CE, em 12 de junho de 2006.

Heloísa, João Barone e Eu no aeroporto em Juazeiro do Norte - CE, 01 de fevereiro de 2009.

Bi, Barone e Herbert, num show em Juazeiro do Norte - CE, 01 de fevereiro de 2009.

Hérlon, Eu e Paulo Henrique entre a baterias de João Barone e Charles Gavin. Show dos Titãs e Paralamas "Juntos Ao Vivo - 25 Anos" em Juazeiro do Norte - CE, 12 de julho de 2009.

João Barone e Charles Gavin arrebentando no solo de "Cabeça Dinossauro", Juazeiro do Norte - CE, 12 de julho de 2009.

Batera pronta para a apresentação dOs PDS em Sousa - PB, 15 de novembro de 2009.



Rodrigo, roadie de João Barone, montando a bateria para a apresentação dOs PDS em Brejo Santo - CE, 23 de janeiro de 2011.


Danielle e João Barone no camarim, momentos antes do show dOs PDS em Brejo Santo - CE, 23 de janeiro de 2011.
João Barone, Bi Ribeiro e Carlos Henrique no camarim, momentos antes do show dOs PDS em Brejo Santo - CE, 23 de janeiro de 2011.


João Barone se apresentando no show dOs PDS em Brejo Santo - CE, 23 de janeiro de 2011.



Tive o privilégio de ganhar essa baqueta usada por João Barone no show dOs PDS realizado em Brejo Santo - CE, 23 de janeiro de 2011.

Divirtam-se!!!

Bruno Yacub



segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O Rappa prepara volta aos palcos para este ano e disco novo para 2012



O Rappa está voltando aos palcos em outubro e ao estúdio com promessa de disco novo para 2012. A banda esteve por dois anos em período de férias sem fazer shows ou trabalhar em um novo projeto.


“Nunca tínhamos tirado um período de férias tão longo”, declara Marcelo Lobato, baterista e tecladista do grupo, ao jornal O Globo. “Passamos dez anos emendando gravações em turnês com breves intervalos de um ou dois meses. O Rappa está voltando aos palcos em 22 de outubro, na Marina da Glória – Rio de Janeiro. E o disco deve sair em 2012″, completa.
A última apresentação ao vivo da banda aconteceu no dia 30 de dezembro de 2009, em Ilhéus, na Bahia. E o último trabalho lançado foi o disco Sete Vezes, de 2008.


Entrevista com Marcelo Lobato:


Bruno Yacub

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Fundadores da Plebe Rude são condecorados em Brasília

Philippe Seabra e André X agora são “Cidadãos Honorários” da cidade


O guitarrista/vocalista Philippe Seabra e o baixista André X, da Plebe Rude, foram condecorados em Brasília, no mês de abril. Ambos, que chegaram a ser presos na década de 80, por conta das letras de caráter político (no famoso episódio de Patos de Minas), ganharam o título de “Cidadãos Honorários de Brasília”, na Câmara Legislativa da cidade.
“(O título) foi dado numa homenagem aos 30 anos da banda e aos 25 anos do “Concreto Já Rachou” (que foi o primeiro disco de ouro do rock de Brasília). E isso vindo do governo que criticamos tanto”, comenta Phillipe Seabra, em entrevistas exclusiva ao site Rock em Geral. “O Deputado Professor Israel nos confidenciou que ficou com medo de a gente recusar, mas o reconhecimento pela obra e o posicionamento nos deixaram muito orgulhosos”, completou. Leia a entrevista completa, incluindo a íntegra do disrcurso lido na cerimônia.

Sem os dramas do passado

Com formação estável, Plebe Rude lança primeiro DVD, incluindo a íntegra do clássico “O Concreto Já Rachou”; membros fundadores são condecorados como “Cidadãos Honorários de Brasília”. Fotos: Nicolau El Moor/Divulgação (1, 2 e 3) e Camila Maxi/Reprodução internet (4).

Philippe Seabra, André X, Txotxa e Clemente: a renovada Plebe rude na velha e inseparável Brasília
Philippe Seabra, André X, Txotxa e Clemente: a renovada Plebe Rude na velha e inseparável Brasília
O tempo passa, o tempo voa e a Plebe Rude - quem diria – foi condecorada numa das casas do poder de Brasília, alvo principal (até no logotipo) das letras ácidas que ajudaram a moldar o punk nacional na década de 80. A cidade, título de uma das músicas do lapidar álbum “O Concreto Já Rachou”, um ícone da época, é pano de fundo para a gravação do primeiro DVD do grupo, “Rachando Concreto – Ao Vivo em Brasília”. O vídeo consolida a nova formação, com Clemente (ele mesmo, líder de outro símbolo punk, o Inocentes), numa das guitarras, e o baterista Txotxa, além dos “honorários” Philippe Seabra, na outra guitarra, e André X, no baixo. Embora tenha andado um pouco sumida dos palcos – a banda fez poucos shows para divulgar o bom “R ao Contrário”, lançado em 2006, encartado na Revista Outracoisa – a Plebe parece sair de um congelamento voluntário em grande forma. O que não chega a ser surpresa, uma vez que o grupo sempre fez do palco sua morada principal; quem já viu o quarteto tocando ao vivo, não esquece jamais. Quem viu há 25 anos, então, quando “O Concreto Já Rachou” foi lançado, tem a oportunidade de rever o grupo tocando todas as sete músicas do EP, que pela pecha de coletivo de sucessos podemos chamar de primeiro álbum nesse jubileu de prata. Você pode não se dar conta, mas se viveu a década de 80, sabe cantar todas as sete músicas do disco, mesmo sem querer.
Não é só isso. As belas imagens registradas em alta definição às margens do Lago Paranoá, as seis faixas de “R ao Contrário” e uma inédita incluídas no repertório do show apontam para uma Plebe crescida, madura e - mais do que isso - necessária ao rock nacional, numa época em que há carência de forma e conteúdo. E nessa entrevista exclusiva feita por e-mail com Philippe Seabra, as notícias são boas. O grupo pretende lançar um novo álbum no ano que vem, com material inédito da “boa e velha Plebe”; está previsto o resgate de imagens para o lançamento de um DVD histórico; e a volta ao mercado de “O Concreto Já Rachou” e do jovem “R ao Contrário”. De quebra, O líder do grupo avalia a atual geração do rock nacional, sempre mantendo uma atitude questionadora, e fala do trabalho como produtor em Brasília. Com vocês, “Sir Philippe”:
Rock em Geral: Como veio à tona a ideia de gravar esse DVD num lugar aberto, e às margens do Lago Paranoá? Fale mais sobre o evento “Sonho de Dom Bosco”, no qual o show foi gravado e da viabilização das condições técnicas para a gravação do DVD:
Philippe Seabra: Sempre quisemos fazer o show do DVD ao ar livre. Adoro shows assim e Brasília tem um fenômeno climático bastante típico do cerrado, uma estiagem que dura meses. Aí ficaria fácil, sem ter que se preocupar com chuva ou mau tempo atrapalhando a filmagem. Mas todo o levante da produção, que não foi pouco trabalho, estava começando a demorar. Logística, patrocínio, autorizações, ensaios, repertório, produção musical, direção, cenário, pirotecnia… e a janela da seca estava começando fechar. Mas conseguimos marcar a gravação antes que as chuvas viessem e deu tudo certo. Em termos do cenário, afinal seria o primeiro DVD da banda, não queríamos um telão led atrás. Em todo festival em que tocamos, mainstream ou independente, há um bendito telão atrás e, cá pra nós, fica tudo igual. E todo DVD lançado no mercado também. Queríamos algo simples, porém deslumbrante; então resolvemos usar apenas o por do sol de Brasília. Barato, eficiente, e ecologicamente correto. O palco seria completamente vazado, e sem a ameaça de chuva, a logística seria bem mais fácil. A ideia era também mostrar como Brasília influenciou a banda, com o Lago Paranoá e o Congresso Nacional, mas de costas, no fundo. Convenhamos: muita coisa que saiu daquele prédio serviu de inspiração pra gente, então nada mais adequado. O “Sonho de Dom Bosco” era um evento esportivo gratuito que riria rolar justamente na época prevista para a filmagem. Longe de a Plebe ter sido algo com o que o Dom Bosco tivesse sonhado, provavelmente fossemos mais para o lado do seu pior pesadelo. Mas juntamos forças e a produção local atendeu todas as nossas exigências. O design do palco foi meu, grande o suficiente para dar espaço para a movimentação da banda (ainda mais para o “tô com formiga nas calças” Clemente), mas íntimo o suficiente para manter a banda próxima do público. Tinha três passarelas a uma altura perfeita para que pudéssemos andar por entre “os plebeus”, que não atrapalharia a visão deles, mas que ficassem escondidas das câmeras, nove delas captando em Full HD. Vieram fãs de vários lugares do Brasil os presenteamos com o acesso ao “snake pit”, nos dois fossos entre as passarelas. Esses fãs aparecem bastante no DVD e tenho certeza que eles ficaram contentes.
REG: É possível estabelecer um paralelo entre “Rachando Concreto” com o disco “Enquanto a Trégua Não Vem”, que é o último registro ao vivo da Plebe, lançado em 2000? Como você avalia as diferenças desses dois períodos?
Philippe: Sempre nos perguntam isso, mas é muito difícil comparar as duas eras. Entre todas as bandas da década de 80 que conseguiram disco de ouro, que chegaram a um patamar estável e conhecido, a Plebe foi a única que realmente acabou. Nós vimos vários colegas passando por altos e baixos, boas e más marés, mas não acabaram. Só a Legião, claro, mas este já estava meio parado antes da morte do Renato, que estava mais focado nos discos solos. Em 2000, quando tentamos juntar a formação original (o disco foi gravado no final de 1999) para a excursão do “Enquanto a Trégua Não Vem”, muitos dos problemas do passado voltaram. Mas curiosamente não eram “diferenças musicais”, era coisa de personalidade mesmo. E um bocado de intransigência. Acho que o CD retrata a banda naquele momento no espaço/tempo, mas é bom, apesar de não gostar muito da qualidade de áudio. Também não foi gravado com muita atenção pela EMI… De novo a EMI na jogada. O Herbert (Vianna, que produziu o disco) fez o que pôde, mas o clima interno na banda não ajudou muito. Ele quase largou o projeto. Chegamos a fazer vários shows na formação original, mas resolvemos parar de novo lá para 2002, fazendo apresentações bem esporádicas, mas com outro baterista. Foi só em 2004, quando o Jander nos falou que não queria mais ficar na banda (coisa que já sabia há tempos), é que pintou a ideia de chamar o Clemente para um show no Circo Voador. A banda estava num hiato quando rolou o convite (com o The Queers abrindo) e resolvemos aceitar só para ver o que acontecia. Mandei as cifras e um CD com os arranjos para o Clemente, que morava em São Paulo, e nos encontramos na passagem de som. Não estou brincando, praticamente foi sem ensaio! Na hora do show, na primeira música, “Brasília”, não sabíamos exatamente o que esperar, mas o ânimo e pique do Clemente contagiou a todos e estamos até hoje, felizes da vida, com um clima de banda que lembra o dos primórdios da Plebe em Brasília. Estou cansado de drama, e o que não faltou a essa banda foi drama. Mas quem assistir ao DVD vai ver a banda do jeito que sempre deveria ter sido. Sinto que merecemos isso… Esse é o meu lema hoje em dia, “Chega de drama!”
REG: Embora a força da Plebe Rude esteja no palco, vocês não fizeram muitos shows depois do lançamento do disco mais recente, o “R ao Contrário”. A que se deve essa parada?
Philippe: Sem comentários.
Clemente, Txotxa e André: a força da Plebe Rude ao vivo e um barquinho passando no lago, ao fundo
Clemente, Txotxa e André: a força da Plebe Rude ao vivo e um barquinho passando no lago, ao fundo
REG: Mesmo assim, há várias músicas desse disco no repertório do DVD, que ficaram muito boas ao vivo. Seria um disco ainda a ser mais trabalhado ou já deu o que tinha que dar? Philippe: No DVD, talvez um pouco em virtude do disco não ter sido divulgado como deveria, resolvemos incluir seis faixas do “R”. Mas na verdade também fizemos essa questão para salientar ainda mais essa fase mais recente com o Clemente. Estamos negociando para relançar o “R ao Contrário” também. Gostamos muito do disco e representa muito bem essa fase nova da banda. A música “Tudo Que Poderia Ser”, no DVD, poderia ter sido do “R ao Contrário” sem destoar.
REG: Essa música é única inédita no DVD. É do tempo do “R ao Contrário” ou mais recente?
Philippe: Ela é Plebe zerada, de 2009, e deve apontar o caminho da nova leva de músicas, já com o Clemente na banda, que temos na manga. Tínhamos várias canções para escolher para ser a “inédita” do DVD, mas “Tudo Que Poderia Ser” pareceu o mais adequado. Não foi escolhida por causa do refrão, ou pelo potencial radiofônico. Nada disso. Não pensamos desse jeito, nem a acho “comercial”, muito ao contrário. Mas representa essa fase da banda. Lembra que o Clem - do qual chamo o “Clem de la Clem”- entrou quando o “R ao Contrário” estava praticamente todo pronto, mas ainda deu para ele imprimir sua cara. Ele até sola no disco. Mas com essa música, estamos relembrando as pessoas que ainda valem a pena ter princípios nesse país. As coisas são o que são, e nós somos desse jeito mesmo. Temos um certo romantismo em relação à coerência. Coerência nos atos, nos pensamentos, na história e, consequentemente, na música. Por mais que alguns “colegas” nossos falem para a gente facilitar uma música para rádio e que deveríamos nos reinventar, não os damos ouvidos - não vou poder citar nomes, mas acho que você não ficaria tão surpreso se citasse. Aliás, que bom que ainda existem bandas que não abaixam a cabeça para o mercado. Sim, a banda já sofreu muito com isso, pois não é fácil ser artista coerente no Brasil. Brigas com gravadora, boicote de radio, desprezo pelo catálogo… Brasília, nos primórdios do rock candango, nos forçou a ser assim e não vai ser mudança de governo, moeda, tendência nem formato que vai mudar isso. Sim, passamos por muito. Mas eu não troco por nada. Por isso que a banda tem o respeito das pessoas.
REG: É a primeira vez, desde a época em que o disco foi lançado, que vocês tocam todas as músicas do “O Concreto Já Rachou” num show, mas optaram por não executá-las na ordem em que elas aparecem no disco. Pensam em fazer dessa forma para um registro futuro?
Philippe: É claro no começo da carreira o disco era tocada na íntegra. Mas com o acúmulo do repertório, “Seu Jogo” aparecia raramente, e eventualmente a paramos de tocar. Mas com o aniversário de 25 anos do disco, e como muitos fãs pediam a música, por que não? Acho que eu posso cantá-la com mais propriedade, já que sou careta (a música trata de drogas). Estamos negociando o relançamento de “O Concreto Já Rachou” num pacote comemorativo, incluindo um DVD do making of, no estilo do “Classic Albums”. Em qualquer país sério esse disco estaria disponível. Foram decisões como essa que ajudaram a afundar de vez a indústria fonográfica. Se não tivesse vendido ou se não houvesse demanda, tudo bem, mas…
REG: Havia a expectativa de os extras do DVD trazerem imagens históricas como a do filme “Ascensão e Queda de Quatro Rudes Plebeus” ou mesmo gravações de músicas do início do grupo, como “Dança do Semáforo”. Isso chegou a ser cogitado ou vocês pensam em resgatar a memória da Plebe em outro DVD?
Philippe: Estamos juntando material antigo, jamais visto, para fazer um documentário. O Zé Eduardo, premiado cineasta dos longas “A Concepção” e “Se Nada Mais Der Certo”, foi bastante gentil em nos ceder muito material que foi gravado, e em película, na volta da banda, em 2000. Cenas de show e entrevistas. Isso, mais o nosso acervo, e depoimentos de pessoas chaves que participaram e/ou acompanharam de perto a evolução da banda, e depoimentos nossos, darão um baita DVD. Curiosamente o riff de “Dança do Semáforo” está sendo aproveitada numa música nova. Bem no estilo de rock inglês, posso adiantar… Não tem jeito, o pós punk inglês ainda esta na veia!
REG: A versão em inglês para “A Ida” (“The Wake”) aparece nos extras, no clipe da música. Por que ficou de fora da gravação do dia do show, já que aparecem imagens ao vivo no clipe?
Philippe: Aquilo foi feito para divulgar o filme “Federal”, de Erik de Castro. O Erik sabia do meu envolvimento passado com produção de trilha de cinema e entrou em contato querendo uma música para por no seu filme. Lhe mostrei várias coisas, mas quando ele ouviu essa versão de “The Wake” ele pirou e imediatamente a colocou no filme. Acabei virando o produtor musical do filme também. Para “The Wake”, usamos as imagens somente para o clipe. É um presente a mais para os Plebeus nos “extras”.
REG: Que narração é aquela que aparece em “Seu Jogo”?
Philippe: É a nossa homenagem ao Alborghetti, repórter policial e deputado paranaense, já falecido. Ele ficou famoso descendo o cassetete (literalmente) na mesa enquanto expressava sua raiva por causa das tragédias que relatava. Ele tinha perdido um filho para o vício, e como a música “Seu Jogo” foi feita em homenagem ao grande amigo e fundador do Aborto (Elétrico, banda pré-Legião Urbana), André Pretorius, que também faleceu vitima de overdose, achamos bastante apropriado.
REG: Todas as músicas que vocês gravaram no show entraram no DVD ou ficou alguma de fora? Há muitas, digamos, sobras?
Philippe: Não. Por causa do formato do show, seguindo o anoitecer do por do sol, cada música foi posicionada no repertório para corresponder ao clima do “cenário”. Tanto que um dos momentos mais lindos é quando o sol está quase desaparecido, em “Este Ano”. Foi tudo cronometrado e o diretor teve que parar a filmagem entre várias músicas para acompanhar o por do sol. Mas isso não esfriou o ânimo dos Plebeus no “snake pit”.
REG: Foi cogitada a participação, como convidados, dos ex-integrantes Jander Bilaphra e Gutje? A relação entre vocês é boa?
Philippe: Não queríamos nenhum convidado. É o nosso primeiro DVD e queríamos mostrar a banda sem artifícios, sem nada. Só a boa e velha Plebe. Com o Gutje não temos contato, pois esta morando no sul, mas o Jander, outro dia, num show que fizemos com Nando Reis (ele é da equipe técnica) foi ao camarim e estava bem tranquilo, batendo papo com todo mundo da equipe da Plebe. Uma vez, há uns quatro anos, no interior da Bahia, num outro festival com o Nando, até convidei-o para cantar uma música conosco, mas foi mais por gentileza, pois sabíamos que não toparia. Ele continua a tocar aquela viola elétrica, e de vez em quando até aparece em cima do palco tocando com o Nando.
Para Philippe Seabra, à direita, o por do sol do Lago Paranoá substitui a mesmice dos telões de led
Para Philippe Seabra, à direita, o por do sol do Lago Paranoá substitui a mesmice dos telões de led
REG: Além de “Medo”, do Cólera; “Luzes”, do Escola de Escândalos; e “Pátria Amada”, do Inocentes, há outras bandas da época em que vocês surgiram das quais que você pretende gravar outras músicas? Philippe: A inclusão de “Medo” e “Pátria Amada” foi a nossa homenagem ao punk paulista do Cólera e dos Inocentes. Apesar de a mensagem dos punks paulistas sempre ter sido mais direta, e às vezes mais didática do que o punk de Brasília, nunca perdeu a força. Mas pelo visto só a gente mesmo que também transita no “mainstream” lembra disso. A gente faz tudo ao contrário mesmo, sempre são as bandas menos conhecidas em que a gente se encosta… E uma banda que mereceu mais espaço, e bem que tentamos, mas as gravadoras não se interessaram, a Escola de Escândalo, também é lembrado no clássico “Luzes”. O resto do repertório é a velha e boa Plebe, mas com uns arranjos inusitados em algumas instâncias. O importante para a gente (apesar de não gostar da palavra “conceito”) era mostrar o “punch” da banda, mas também as melodias e harmônicas rebuscadas (palavra tua, Bragatto!), algumas vezes até suaves, como em “Remota Possibilidade” e “A Ida”, esta última com violão. Dentre as bandas de Brasília, era a Plebe que tinha o instrumental mais elaborado. Como músico, acho importante passar isso também, aliado - é claro - à mensagem sempre forte da banda. E uns “riffs” de tirar o fôlego. Sem riff não se tem nada…
REG: Vai ter turnê de lançamento? Aqui no Rio vocês estão devendo uma daquelas noitadas punk rock com Plebe Rude e Cólera no Circo Voador, hein?
Philippe: Sim, a agenda já está pintando no pleberude.com.br. Esses shows do Circo Voador realmente foram marcantes. Tem gente que fala disso até hoje… Engraçado que em muitos deles os Inocentes também participavam. Quem diria…
REG: Há outras músicas inéditas sendo encaixadas nos shows?
Philippe: No show novo, dessa turnê, por enquanto só a faixa “Tudo Que Poderia Ser” será inclusa. Talvez mais para o fim do ano uma ou outra nova entra, já preparando o caminho de um inédito para o ano que vem. Mas a temática provavelmente será como a Plebe sempre fez. Mas não de “protesto”. Acho que abordamos mais problemas sócio/políticos, mas fica difícil eu tentar definir. Agora, da “nova geração” que está aparecendo na mídia, acho injusto tentar traçar comparações com a nossa geração em termos de enredo, temática e “approach”. Sim, acho que música tem que ser um veículo para expressar frustrações e traçar soluções. O problema é que para usar música como arma contra o que está errado, você tem que primeiro perceber que tem algo de errado. O que vejo mesmo dos artistas novos é uma grande apatia. Apatia essa que entra nas ondas do rádio, gerando ainda mais apatia. E por aí vai “desinspirando” as pessoas. É claro que protesto por protesto também não surte muito efeito. Tem que ter propriedade, embasamento, tem que vir de um lugar sincero. Mas, cá pra nós, um pouco de questionamento não faria mal. Mas isso não é de hoje. No final da década de 90, parece que as músicas só falavam de cu e maconha (referências à Raimundos e Planet Hemp, respectivamente)… Acho que é uma coisa de geração. Em Brasília, quando éramos adolescentes, nossas opções de diversão eram limitadas à saída com pessoas da turma, cinema e leitura. Hoje em dia, na era digital, creio que a atenção das pessoas está sendo desviada. E não por um big brother manipulando o sistema. Mas pelo excesso de informações pelo qual somos bombardeados o dia inteiro. E agora então com twitter… Realmente acredito que o ser humano não foi feito para processar todo essa informação - ao mesmo tempo e agora. Adiciona a isso mais videogame, redes sociais, texting de celular, lan house, DVD caseiro, cinema 3D, videoclipe, fora o corre-corre da vida… O efeito colateral dessa sobrecarga dos cinco sentidos é a apatia. Triste, muito triste. E isso não vai melhorar.
REG: Recentemente você e o André X foram condecorados como “Cidadãos Honorários de Brasília”, na Câmara Legislativa da cidade. Como é receber esse título para uma banda punk, com músicas tão combativas como a Plebe Rude?
Philippe: Pois é, rapaz. Foi dado numa homenagem aos 30 anos da banda e aos 25 anos do “Concreto Já Rachou” (que foi o primeiro disco de ouro do rock de Brasília). E isso vindo do governo que criticamos tanto. O Deputado Professor Israel nos confidenciou que ficou com medo de a gente recusar, mas o reconhecimento pela obra e o posicionamento nos deixaram muito orgulhosos. Creio que agora posso ser chamado de “Sir Philippe” agora (risos).
REG: Quais os planos para lançar um novo álbum de inéditas, ou, ao menos, músicas avulsas na internet?
Philippe: Meio para o final de 2012, isso é se o mundo ainda existir até lá… Já estamos trabalhando duro. E o show será completamente novo, com mais uso de violão e pads eletrônicos de bateria. Só vendo mesmo, para saber do que estou falando. Mas continuará a ser a “boa e velha Plebe”.
REG: Você circula bem nesse cenário virtual pós internet?
Philippe: Enquanto todo mundo se pergunta como seria o novo cenário de música quando a poeira assentasse, ele chegou. Essa é a nova realidade, e é um desafio para artistas novos. Muitas bandas da “nova geração” passam por meu estúdio e vejo muitas promessas. Agora, existe uma grande diferença entre artistas da nova geração, pois depende da definição de “nova geração”. Se for a que tem acesso a mídia, as bandas novas que conseguiram penetrar na rádio, o negócio tá russo. O rock “pop”, como foi profetizado nos anos 80, realmente virou anuncio de refrigerante. Oco e pobre. Às vezes numa inarticulação que me dá pena. Mas se você estiver falando da cena independente, aí sim, é o verdadeiro futuro do rock brasileiro. Mas será difícil a maioria dessas bandas ganharem alguma notoriedade, o que me entristece muito, você não imagina. E os que conseguem entrar um pouco na onda do hype, não conseguem manter, pois por definição, hype é uma coisa passageira. É como se fosse um “Tetrus” humano, só que ao contrário. As bandas indicadas a prêmios de revelação na MTV todo ano vão se afastando aos poucos do palco até nem serem mais convidados. É brutal, e muitas bandas não conseguem recuperar disso, entrando em crise quando o telefone para de tocar. Mas o verdadeiro artista é aquele que não abaixa a cabeça diante da adversidade. Todos os meus heróis vivos e mortos, teatrólogos, escritores, diretores de cinema, bandas… todos fizeram o que tinham que fazer, e mudaram o mundo. Nunca abaixaram a cabeça.
REG: Como anda seu trabalho como produtor? Com quais bandas tem trabalhado?
Philippe: Sempre trabalhei com artistas novos, desde que montei meu estúdio particular em Brasília, há nove anos. Recentemente produzi 10zer04, Vitrine, Distintos Filhos, Live Wire e Beto Só. Com a exceção do 10zer04, todos estão lançando disco esse ano. Mas tirei os próximos dois meses “off” pra mim, para poder me concentrar no lançamento do DVD. Agora vou me concentrar na Plebe. O pleberude.com.br esta voltando ao ar e estamos no twitter no /plebeoficial. É isso ai…
Discurso do Deputado Professor Israel na cerimônia em que Philippe Seabra e André X foram condecorados como “Cidadãos Honorários de Brasília”, na Câmara Legislativa, dia 19/4/2011:
'Cidadãos Honorários': André X e Philippe Seabra mostram os diplomas, entre participantes da cerimônia
'Cidadãos Honorários': André X e Philippe Seabra mostram os diplomas, entre participantes da cerimônia
“Estamos aqui hoje para homenagear a Plebe Rude pelos seus 30 anos e por seu disco de estreia “O Concreto Já Rachou”, que completa 25 anos. Para isso, recebemos aqui, esta noite, os músicos Philippe Seabra e Andre X, membros fundadores da banda Plebe Rude. A obra deflagrada por grupos como a Plebe, surgiu da necessidade de protestar contra um regime militar que podava a criatividade e a liberdade de seus jovens, e contra o sistema de exclusão social em vigor no País.
O rock do Brasil nos anos 80 tomava as rádios, representado por artistas como a Blitz, que divulgavam a música com uma estética lúdica. A cidade de Brasília foi a responsável por, digamos assim, meter o pé na porta. As composições de grupos como a Legião Urbana e a Plebe Rude, nossa homenageada, contestava através de suas letras, todo um sistema que tinha a função de tolher o senso crítico.
Em 1985, com o fim do Regime Militar, a Plebe Rude lançou seu primeiro álbum, o EP “O Concreto Já Rachou”, aclamado pelo público e pela crítica. Charles Gavin, apresentador e ex-baterista do Titãs, disse que o “O Concreto Já Rachou” está entre os 300 melhores discos da Música Popular Brasileira de todos os tempos.
Ao completar 25 anos, “O Concreto Já Rachou” simboliza a luta do jovem naquele momento de transição. Quem foi adolescente naquela década, sabe que os resquícios da ditadura militar ainda assombraram nossa sociedade por muitos anos.
O rock ao possuir essa pulsante veia politizada, contribuiu para moldar questionadores, que se tornaram hoje, líderes em vários segmentos.
As letras da Plebe Rude possuem uma qualidade única, mesmo escritas há 25 anos, continuam atuais, sinal de que falhamos na tarefa de transformar nossa sociedade. E se estas letras nos tocam, é sinal de que ainda temos esperança nesta transformação.
O grupo inclusive já se preocupava com problemas que ultrapassavam as barreiras das casas políticas. A Plebe tinha um discurso reto, defendendo bandeiras como a da distribuição de renda. Como podemos ver em um trecho da canção hino “Até Quando Esperar”.
‘Sei
Não é nossa culpa
Nascemos já com uma bênção
Mas isso não é desculpa
Pela má distribuição
Com tanta riqueza por aí, onde é que está
Cadê sua fração’
Creio que grupos como a Plebe Rude, ao tomar para si a responsabilidade de enfrentar o regime, e divulgar letras pensantes na década de 80, contribuíram para a criação de movimentos importantíssimos, como os cara pintadas, que em 1992 derrubaram o presidente Collor.
Brasília se orgulha de ser o berço de tantos artistas que despontaram no cenário nacional, como a Plebe Rude, nossa homenageada com propriedade. A cidade sem esquinas descobriu que através da arte, podemos moldar melhor uma sociedade.
E a Plebe Rude manteve sua atitude, mesmo pagando o alto preço por não se render à indústria fonográfica. Foi relegada, por não compactuar com as facilidades, como as criticadas na canção “Minha Renda”.
‘Você me comprou, pôs meu talento a venda
você me ensinou que o importante é a renda
contrato milionário, grana, fama e mulheres
a música não importa, o importante é a renda!
Ambição - grana, fama e você’.
Por fim, agradeço a atenção de todos, reitero que admiro a proposta e postura da Plebe Rude, e torço para que no futuro, possamos comemorar mais 30 anos de boa música. Obrigado!”

 Fonte: http://www.rockemgeral.com.br

quinta-feira, 24 de março de 2011

ANTENE-SE ESPECIAL: MTV GRÊMIO RECRATIVO com ARNALDO ANTUNES

Arnaldo Antunes estreia no Grêmio Recreativo MTV em 31 de março

Uma vez por mês, Arnaldo Antunes realiza um grande ensaio aberto com convidados mais que especiais

 

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Cachorro Grande: novo disco será gravado em breve

A banda Cachorro Grande já começou a dar forma ao seu novo disco. O lançamento, que ainda não tem título, será o sexto álbum do grupo.
No momento, o quinteto está em São Paulo realizando os últimos shows da turnê Cinema. Logo na sequência, devem entrar em estúdio para gravar seu próximo trabalho. Segundo o baterista Gabriel ‘Boizinho’ Azambuja, as músicas já estão todas compostas: “Vai ser nosso disco mais doido! As canções tão ‘muito doidas’!”.
Assim como "As próximas horas serão muito boas", o sexto álbum da Cachorro Grande deve ser produzido pela própria banda. Com isso, se encerra o ciclo de álbuns produzidos por Rafael Ramos — "Pista Livre" (2005), "Todos os Tempos" (2007) e "Cinema" (2009) —, fato que certamente vai resultar numa mudança de sonoridade.
Existem ainda alguns boatos sem confirmação. Entre eles, o fato de que o novo trabalho seria mais roqueiro, como uma volta às origens. Outro comentário, também não confirmado, é de que o sexto disco não será lançado pela Deckdisc.
Outro boato forte que anda circulando é de que um integrante da Cachorro Grande deve lançar um álbum solo ainda esse ano. Tentamos apurar a informação, mas nada foi confirmado. Entretanto, o guitarrista Marcelo Gross andou postando uma canção demo intitulada "Monday Night" em seu MySpace.
E para aplacar a ânsia dos fãs sedentos por ouvir algo novo, a revista Aplauso disponibilizou uma coletânea de raridades de bandas gaúchas, intitulada "Gauleses Irredutíveis Merecem Aplauso". Entre as 70 músicas liberadas, se encontra uma gravação inédita da Cachorro Grande. Registrada recentemente, a cover de "Lugar Nenhum" dos Titãs pode ser baixada gratuitamente no hotsite especial do projeto:
http://www.aplauso.com.br/rockgaucho/
Matéria original: Os Armênios

Rita Lee vai lançar dois discos no segundo semestre

Há oito anos sem lançar um disco com músicas inéditas, Rita Lee vai lançar dois álbuns ainda no segundo semestre.
A cantora está em estúdio desde janeiro e um dos CDs já tem nome e repertório: Bossa N’ Movies terá sucessos de trilhas sonoras de filmes em ritmo de bossa nova, na linha de Bossa n’ Roll, disco acústico ao vivo lançado em 1991. O segundo álbum será apenas de músicas inéditas.
O último trabalho de estúdio de Rita Lee foi Balacobaco, de 2003, que ficou conhecido pelo hit “Amor e Sexo”. A cantora lançou em 2004 o MTV Ao Vivo e, em 2009, o Multishow Ao Vivo.
Fonte: Destak Jornal – SP

Arnaldo Antunes e Scandurra irão gravar novo disco juntos


(BR Press) - Edgard Scandurra e Arnaldo Antunes entram em estúdio em março deste ano para gravar um álbum baseado no show que fazem desde 2008. A dupla, que pretendia gravar um disco desde o início da turnê, apresentará repertório com inéditas e alguns covers.
Não é a primeira vez que os músicos lançarão um álbum juntos. Em 2009, a parceria dos ícones dos anos 80 rendeu o álbum Pequeno Cidadão, voltado para o público infantil.
Atualmente Arnaldo Antunes trabalha em seu novo programa para a MTV, intitulado Grêmio Recreativo. Na atração, que tem estreia prevista para março, o cantor reunirá novos nomes da música brasileira com outros que já possuem larga experiência.
Edgard Scandurra está em turnê com o show Scandurra ao Vivo, originado de seu DVD ao vivo, lançado no ano passado.
Fonte: Yahoo

Pitty: Trecho e set list de novo DVD e entrevista pra ROCK EM GERAL


Cantora grava trecho com celular e posta na rede

O DVD da Pitty foi gravado ao vivo, no dia 18 de dezembro, no Circo Voador, no Rio. A cantora recebeu os convidados Hique Gomes, do Tangos e Tragédias, e Fábio Cascadura, que ajudou a fazer “Sob O Sol”, além do tecladista Bruno Cunha, do Caixa Preta, que tocou durante todo o set. Veja abaixo quais músicas foram tocadas,  A data de lançamento ainda não foi definida.
1- 8 Ou 80
2- Fracasso
3- Desconstruindo Amélia
4- Água Contida
5- Emboscada
6- Trapézio
7- Rato na Roda
8- Só Agora
9- Medo
10- Comum de Dois
11- Só de Passagem
12- Pra Onde Ir
13- Sob o Sol
14- Senhor das Moscas
15- O Lobo
16- Se Você Pensa
17- Todos Estão Mudos
18- Me Adora
Repetição para o DVD
19- Só de Passagem
20- Sob o Sol
21- Comum de Dois
Bis
22- Admirável Chip Novo
23- Máscara

Comando para mudar

Em gravação de DVD, Pitty reencontra platéia participativa que contribui para habitual catarse; banda toca quase a íntegra do novo álbum, ignora o segundo e desenterra músicas do primeiro. Fotos: Luciano Oliveira.

Pitty solta a voz em noite em que recebe o 'de acordo' do público para tudo que propõe
Pitty solta a voz em noite em que recebe o 'de acordo' do público para tudo que propõe
Pitty e sua banda voltaram a lotar o Circo Voador, no Rio, ontem à noite, para a gravação de um novo DVD. E encontrou uma platéia sedenta para participar, jogando confetes, segurando balões de gás, agitando bandeiras e lançando serpentinas. O resultado foi uma catarse coletiva que só não foi maior porque a produção tentou enquadrar a manifestação dos fãs para o formato de TV – medida altamente impopular, diga-se. Mas nada parecia atrapalhar o estado de espírito do público, nem mesmo o fato de o repertório, em princípio, ter ignorado os hits do passado e até “Anacrônico”, o segundo álbum, inteirinho. Tá pra nascer um artista com o público tão na mão.
Pitty canta com o figuraça Hique Gomes
Pitty canta com o figuraça Hique Gomes
Antes, um parêntese. Havia um tempo em que a gravação de um álbum ao vivo era fruto do lançamento de uns quatro, cinco álbuns e suas respectivas turnês. Hoje, o mercado exige novos DVDs a toda hora, e cabe ao artista se virar para não se tornar repetitivo. Para este quarto vídeo (são só três discos!) Pitty e sua banda se prepararam e criaram roteiro, cenário e repertório próprios, de modo a não cair na armadilha de insistir “nas mesmas músicas de sempre”. O preço a pagar é ver o público pedindo os grandes hits (são vários) enquanto o artista tenta mostrar, inclusive, músicas novas.
Fechado o parêntese, Pitty se dá bem porque em uma banda excelente, que já toca junto há bastante tempo e lhe dá estofo para tirar da cachola um repertório incomum, incluindo sobras do último disco, “Chiaroscuro”. Dele, apenas a pobrezinha “A Sombra” não foi apresentada. Um exagero, já que só discos clássicos têm músicas boas de cabo a rabo. Se de um lado as ótimas “Rato na Roda”, com um final sinistro, “Fracasso” e “Me Adora”, próxima do pop perfeito, tiveram grande destaque, de outro faixas do tipo “para compor o elenco” decepcionaram. Caso de “Trapézio” e “Só Agora”, na qual a própria cantora diz que é a “hora de tomar uma água”. “Água Contida”, de seu lado, salvou pela participação no violino de Hique Gomes, figuraça do Tangos & Tragédias que tirou Pitty para dançar.
O baixista Joe e Pitty interagem no palco
O baixista Joe e Pitty interagem no palco
Mas foi o outro convidado que deu um up grade no show. Além de cantar em “Senhor das Moscas”, uma das mais pesadas da noite, de sua banda, Fábio Cascadura ajudou Pitty a levar “Sob o Sol” a um final surpreendente. Já a adição de teclados, uma das novidades que mais motivava Pitty durante os ensaios, praticamente passou despercebido. O trabalho de Bruno Cunha, do Caixa Preta, só realçou em algumas músicas, como em “Rato na Roda” (parecia Pink Floyd na nervosa “On The Run”) e na boa “Medo”. Pitty, de seu lado, embora tivesse domínio da situação, parecia nervosa em alguns momentos, preocupada em olhar para uma das câmeras e em acionar um pedal o tempo todo – seria efeito de sustentação de voz? Nada, entretanto, que prejudicasse o show como um todo.
De música nova, só uma: “Comum de Dois”, tocada ao vivo pela primeira vez. Embora tenha sido lançada esta semana na internet, não houve tempo de o público aprender a cantar, mas a diversão continuou. Musicalmente, trata-se de um flerte descarado com o rock dos anos 00, chupado dos 80 – leia-se o indie dançante de Franz Ferdinand e adjacências. Como a letra é inspirada na estapafúrdia transformação do cartunista Laerte, o resultado, no público, foi a exaltação da cultura gay, cuja comunidade, representada por ambos os sexos, compareceu em bom número. Convenhamos: tudo que Pitty não precisava, a essa altura, era de um hino gay. Outro momento de saliência aconteceu em “Desconstruindo Amélia”, que, por sua vez, é tema da libertação feminina. Foi só a música começar, ainda no início do show, para que dezenas de mocinhas subissem nas costas dos rapazes para sacar as blusas, exibindo belos sutiãs. Pitty aprovou.
A participação de Fábio Cascadura foi um dos pontos altos da noite
A participação de Fábio Cascadura foi um dos pontos altos da noite
Com esse DVD a ser lançado em março, Pitty deve fechar um ciclo. A ausência do álbum “Anacrônico” e a inclusão de músicas “old school” de “Admirável Chip Novo” acabou expondo um abismo entre duas épocas distintas, reforçando ainda mais o caráter de transição de “Chiaroscuro”, que, afinal, foi a vedete do show. De um lado, o peso dos anos 90, referência translúcida de Pitty e sua banda; de outro, o pop rock leve e, com sorte, colante, turbinado pelo caminho apontado por “Comum de Dois”. Incertezas que seguramente não passaram pela cabeça da platéia, que, ao cantar, em coro, no intervalo do bis, ganhou de presente os blockbusters “Admirável Chip Novo” e “Máscara”. Eles bem que fizeram por merecer.
Pitty mira o público e aposta em mudanças

Cheia de idéia

Na reta final de preparação da gravação do novo DVD, no Circo Voador, Pitty fala sobre seus últimos projetos e de como usa a cabeça para se renovar musicalmente, sobrevivendo num mercado que, para ela, é cada vez mais “estreito” para o rock. Fotos: Caroline Bittencourt (1), Otávio Souza (2), Reprodução (3 e 4) e Luciano Oliveira (5).

Pitty está usando 'muita energia criativa e uma enorme inquietude e curiosidade' para se renovar
Pitty está usando 'muita energia criativa e uma enorme inquietude e curiosidade' para se renovar
O sujeito que for até o Circo Voador, no Rio, no próximo sábado, deve se preparar. É que no anunciado show de gravação do DVD, Pitty e sua turma não pretendem incluir os sucessos de toda a carreira. A cantora decidiu que não vai repetir uma música sequer registrada em “{Des}Concerto”, o último registro ao vivo gravado há três anos, na turnê do álbum “Anacrônico”. O repertório deve ser em cima de “Chiaroscuro”, o disco mais recente, com a inclusão de faixas que sobraram, e, ao menos, a inédita “Comum de Dois”, finalizada essa semana e que já circula por aí - clique aqui para ouvir. Os convidados são Hique Gomes, do Tangos e Tragédias, e Fábio Cascadura, que ajudou a fazer “Sob O Sol”, além do tecladista Bruno Cunha, do Caixa Preta.
Mas não é só o DVD que vem ocupando a cabeça da inquieta cantora nos últimos tempos. Pitty esteve em Londres gravando um especial de TV sobre os 40 anos da morte de Jimi Hendrix, fez um ousado ensaio para uma revista de tatuagem e viu uma de suas músicas impedida de entrar na programação de uma rádio porque outra, dela própria, se recusava a parar de tocar. Contudo, a cantora vê o espaço para o rock “se estreitar” na grande mídia – ela foi um dos poucos artistas do gênero a gravar o tema do Rock In Rio, para a próxima edição. Este também foi o ano em que ela e o guitarrista Martin começaram o projeto paralelo Agridoce, distante do rock, e Martin, por sua vez, iniciou outra banda com o baterista Duda. Nada que abale o grupo, Pitty garante.
Nessa super entrevista, feita aos poucos via internet, a cantora também fala de jabá (sim, ainda existe), do dilema que vive quanto à formação intelectual dos fãs, das agruras de ser famoso e usar as ferramentas da internet (tem blog, twitter e facebook), além de espinafrar a falta de conteúdo das bandas mais novas. Confira abaixo todos os detalhes e prepare-se, porque o sabadão promete!
Rock em Geral: Vocês vão gravar um novo DVD, dessa vez no Circo Voador. O que esse vídeo vai ter de diferente se compararmos com os demais?
Pitty: Tudo. Outro tipo de edição e linguagem, a banda diferente por conta do tempo de estrada. É um show com repertório bem distinto do anterior. Inclusive, a idéia é não regravar nenhuma música que já havia entrado no “{Des}Concerto”. A idéia de fazer no Circo é antiga, nossos shows por lá sempre pegam fogo e eu queria um DVD que captasse essa vibe mais roots, mais show de rock mesmo, simples e sem firulas. O Circo Voador me pareceu o lugar ideal para isto, além de ser um lugar emblemático para o rock nacional traz no próprio nome uma “ludicidade” que me agrada muito.
REG: O lançamento será quando? Em quais formatos? O áudio sai em vinil também?
Pitty: A previsão é para março ou abril. Vai sair em DVD, Blu-ray e acredito que também em CD. Não conversamos ainda sobre sair em vinil, mas é possível. Por mim sai em todos os formatos, para cada um aproveitar do jeito que lhe convier.
REG: Sua carreira tem se pautado pelo lançamento de muitos vídeos. É uma iniciativa artística ou a necessidade de ter aquilo que o mercado consome (DVD)?
Pitty: Em relação ao “padrão” acho até que lançamos poucos DVDs. Em sete anos de carreira, de show ao vivo só tem o “{Des}Concerto”. Não fizemos DVD ao vivo de todos os discos, os outros que temos são documentários. O “Admirável Vídeo Novo” engloba uma parte da cena alternativa baiana e versões em estúdio tocando com alguns convidados; o “Chiaroscope” é um making of do disco só que sem depoimentos, é mais vídeo-arte e experimentalismo visual. São três ao todo, em sete anos, e agora serão quatro. Não tenho noção se isso é muito ou pouco, mas esses foram os que a gente teve vontade de fazer até hoje. Tem banda que mal lança disco de estreia e já vem com DVD ao vivo, né? É isso, acho que o público curte DVD. Eu também curto, mas não forço a barra na hora de fazer nem fico inventando motivo. Pinta uma idéia que a gente acha bacana, a gente vai lá e faz.
REG: O repertório já foi definido? O que você pode nos adiantar?
Pitty: O set list é baseado no “Chiaroscuro”, com alguns lado B do primeiro disco e uma inédita - até agora. Dessa vez tem participações especiais também, coisa que não rolou no anterior: Hique Gomes, do Tangos e Tragédias em “Água Contida”, e Fábio Cascadura, numa parceria nossa chamada “Sob O Sol”. A grande novidade pra gente foi trazer um tecladista (o Bruno Cunha, do Caixa Preta) para este projeto. É uma experiência que eu sempre tive vontade de fazer, muitas bandas que eu adoro usam isso com maestria e o som fica mais cheio e complexo. Morria de curiosidade de saber como ficariam as músicas, às vezes com um Hammond fazendo a cama, às vezes com barulhinhos lisérgicos de Mini Moog, e tantas outras possibilidades. Essa foi uma descoberta que veio com o“Chiaroscuro”, quando dobramos alguns riffs de guitarra com sintetizador e vimos que resultava num timbre foda, ou quando adicionávamos um piano staccato numa parte mais rápida e aquilo fazia a canção “andar”. Quando se fala em teclado percebo que alguns ainda têm uma idéia estereotipada da coisa; mas o instrumento pode ser usado como camada subliminar, às vezes quase imperceptível e adicionando uma textura nova e muito interessante aos ouvidos. O resultado nos ensaios tem sido sensacional e a gente está amarradão.
REG: Faz mais ou menos um ano que o “Chiaroscuro”, foi lançado. Com esse distanciamento, do ponto de vista artístico, como você avalia a sequência dos três discos?
Pitty: Talvez ainda seja cedo para englobar apenas três discos nessa comparação que vou fazer agora, mas é como se fossem três fases de uma vida. O primeiro é a infância: inocente, puro, aprendiz e cheio de vontade. O segundo é a adolescência: urgente, auto-afirmativo, enérgico, querendo se descobrir. E o terceiro seria a vida adulta: um prenúncio da maturidade. Cheio de questionamentos subjetivos, menos literal, mais misterioso e mais complexo, emocionalmente. É a tranquilidade de ser mais do que querer mostrar que é, aquela estranha calma turbulenta que se adquire com a idade.
Fazendo pose na gravação do clipe de 'Me Adora'
Fazendo pose na gravação do clipe de 'Me Adora'
REG: Em termos de vendas e exposição, o “Chiaroscuro” manteve o desempenho dos anteriores?
Pitty: Os tempos são outros, e nós também somos outros. Guardando as proporções de mercado ao longo desse tempo, o “Chiaroscuro” tem se saído melhor que a encomenda. Não é um disco exatamente “fácil”. Apesar de ter canções bem melódicas, se faz necessário uma audição mais atenta. A sonoridade dele é introspectiva, nada está “de bandeja”, tem muita coisa a ser descoberta ali. As letras exigem uma atenção maior, sempre há uma entrelinha. E o público mais jovem tende a absorver mais rapidamente coisas mais palatáveis, especialmente nesses tempos de coisas bem facinhas. A melhor coisa do “Chiaroscuro” foi ter trazido para perto uma galera mais velha e com referências mais parecidas com as nossas, além de ter mantido os que cresceram desde o nosso primeiro disco e continuam se identificando. Vender disco já nem é de fato um objetivo, é um milagre. Sobre exposição, a grande mídia também mudou de lá pra cá. O espaço para rock (rock mesmo, digo) se estreitou. Mas é sempre um ciclo. Isso tudo é periférico, e não deve influenciar na decisão de se fazer um disco assim ou assado. Para mim mais vale esperar o mundo girar a meu favor do que, a cada nova estação, adquirir uma camuflagem para caber na situação. O que sei é que dos três, o “Chiaroscuro” é o que tenho mais orgulho.
REG: Você disse que não consegue colocar uma nova música nas rádios porque “Me Adora” continua tocando. Por que isso acontece?
Pitty: As rádios têm um número limitado de músicas nacionais a serem tocadas, bem menor que o espaço reservado para as músicas gringas. Isso porque (e eles comprovam em Ibopes e afins) artistas internacionais na programação dão mais audiência. Bom, foi o que eu soube. E aí que “Me Adora” - que de início sofreu uma boa resistência para ser tocada - começou em uma rádio que primeiro abriu o espaço, ganhou força, passou para as outras e não saiu mais das paradas. Continuava entre as mais pedidas mais um ano depois do lançamento, o que me deixa muito lisonjeada. Só que já precisávamos vir com coisa nova, e não é possível ter duas músicas da mesma banda nesse espaço já restrito de programação nacional, além da questão de “Fracasso” ter umas guitarras mais roncantes coisa e tal. Ou a letra, sei lá. Vou te falar que isso tudo sou eu tentando entender, porque no final das contas acho que se tivéssemos feito versões acústicas tinha tocado qualquer uma. Mas a coisa anda tão sinistra que eu soube de gente que não tocou “Fracasso” sob a alegação “não toco uma música com esse título na minha rádio”. Cada um com sua loucura, né?
REG: Você é um dos poucos artistas que são “trabalhados” nos moldes antigos, com pagamento de jabá às rádios e TVs. Você acha que isso ainda funciona?
Pitty: Não é bem assim. Sou de uma gravadora independente que não conta com rios de dinheiro, especialmente em tempos de crise. Nunca soube de jabá em TV - ao menos pra mim, não sei como funciona para os outros. Nas rádios o que sei é de alguns shows promocionais, sem cachê. Isso é tranquilo, porque estou tocando para divulgar o meu som, isso não me incomoda. Ou de promoções com os ouvintes, o que também não me incomoda nem um pouco. Se fosse simplesmente pagar para tocar, teoricamente eu não teria preocupação com singles mais pesados, e não é o que acontece. Cada rádio tem o seu perfil, e a coisa é que não existe mais rádio exclusivamente de rock no Brasil. Rádio grande, digo. Aí fica tudo misturado, padronizado. É ter banda de rock competindo com r&b e pop, que por ter um público maior, naturalmente ganha mais espaço. E o rock fica ali espremido, tímido, tendo que se enquadrar nesse padrão médio para não destoar dentro da programação. Eu já dou murro em ponta de faca demais, isso cansa. E o pior é ficar de “lobo da estepe” na situação, sem nenhum artista ou banda para fazer coro a essas questões. Mas tocar em rádio ainda funciona, e muito, se você quer atingir um público mais massivo. Nem todo mundo tem internet banda larga em casa. Se interessar, até escrevi sobre isso uma vez:www.pitty.com.br/blog.php?id=182
REG: Recentemente você começou um novo projeto, Agridoce, como o guitarrista Martin, bem diferente do que você faz e distante do rock. O que pretende com ele?
Pitty: Exercitar outros lados, tocar piano, aprender a gravar em casa. Laboratório, experimentações. E botar pra fora essa parte mais introspectiva e melancólica que às vezes aparece nas minhas composições. Brincar com outra sonoridade, outro clima. Aproveitar meu tempo de forma criativa. Isso tudo era pretendido desde o começo; nada era no quesito “trabalho”. A coisa começou a chamar atenção e pessoas escreveram e se interessaram por isso, e aí pintou convite pra disco, show. Mas por enquanto, sei lá, a gente só quer fazer mesmo.
REG: O Martin e o Duda também têm outro projeto. Vocês estão cansados de fazer o que fazem ou faz parte tocar algo diferente de vez em quando?
Pitty: Não é cansaço; é muita energia criativa e uma enorme inquietude e curiosidade. Considero isso algo bom. Dá uma renovada, especialmente benéfica para a nossa banda principal. Projeto paralelo é pra isso, pra você gastar outros lados e experimentar novas possibilidades. No meio do ano, por conta de Copa do Mundo e eleições os shows deram uma diminuída. E aí, eu ia ficar fazendo tricô? Fomos ouvir som e fazer música.
REG: Você continua fazendo muitos shows? Tem idéia de quantos faz por ano e o número de cidades?
Pitty: Esse ano foi bem estranho, como eu falei. Pra todo mundo foi assim, todas as bandas sentiram. No fim do ano deu uma embalada boa, mas não sei de números. A média é de dois por fim de semana. Nos primeiros anos de banda fazíamos - sei lá - uns duzentos shows por ano. Hoje, sete anos depois, acho mais importante priorizar a qualidade do que a quantidade. Menos e melhores shows, em melhores circunstâncias. E assim ter tempo para outras atividades criativas.
REG: Depois de três discos bem sucedidos já deu pra comprar muita coisa com o dinheiro que você ganhou? Já dá para parar de trabalhar e só curtir a vida?
Pitty: Mas fazer o que eu faço é que é curtir a vida. Não sei o que seria curtição maior senão isso. Com a grana desses anos pude finalmente ter uma casa, um cantinho pra chamar de meu, isso é o mais precioso de tudo. Morria de medo de, literalmente, não ter onde cair morta. No mais, não tenho grandes sonhos de consumo. Não economizo com discos e livros e filmes, mas morro de pena de gastar com sapato ou roupa, por exemplo. O que considero luxo hoje com a grana que ganhei é poder viajar para festivais gringos e ver bandas fodonas. Me comprometi comigo mesma de uma vez por ano me dar esse presente.
Na capa da revista 'Inked': fotos ousadas
Na capa da revista 'Inked': fotos ousadas
REG: Você já parou para pensar sobre que tipo de público tem formado? A julgar pelos comentários deixados aqui no site, em matérias com você, em geral são pessoas muito novas, que mal conseguem se expressar ou fazer alguma observação interessante. Isso te incomoda?
Pitty: Eu vivo num eterno conflito em relação a isso. Por um lado, esse é o reflexo de ter atingido um grande público, heterogêneo, de várias classes sociais, idades e níveis intelectuais. Isso é, talvez, o “povo”. Por vezes não captam nem entendem todas as minhas referências, nunca ouviram falar dos livros que li ou das bandas que gosto, mas de alguma forma se identificam com meu som. Isso é bom na medida em que talvez a banda sirva de porta de entrada. Alguns desses podem se interessar e serem fisgados para estes assuntos. O lado cansativo é ter que agir didaticamente ou ser tido como um alienígena. Muitas vezes encontro pessoas que dizem gostar do meu som, mas que não têm absolutamente nada a ver comigo. E quando encontro gente que saca do que eu tô falando, é um presente sem tamanho. Tem outra coisa também: o rock no Brasil é extremamente infantilizado, em todas as frentes. Os adultos que curtem rock no Brasil acabam buscando lá fora suas referências e tem uma tendência enorme de desprezar as bandas brasileiras justamente porque aqui, para uma banda se divulgar em larga escala, ela precisa estar numa mídia mais popular ou voltada para os teens. Os adultos roqueiros do Brasil estão um tanto órfãos de boas publicações e canais de TV voltados para o estilo. O rock brasileiro acaba tido como “coisa de criança” e cria-se um enorme preconceito em relação às bandas porque estão todas juntas no mesmo saco - as legais e as bobinhas. Conheço muita gente que curte meu som, mas tem vergonha de dizer diante dos amigos porque admitir que gosta de uma banda brasileira famosa é pejorativo. As independentes tudo bem, é “cool”. Claro que existem sites, publicações e programas mais alternativos que dão conta do recado, mas atingem apenas aquela parte das pessoas que busca a informação de forma mais direcionada. E aí o que acontece é que a gente lida com uma galera mais popular e suas limitações, isso inibe uma galera com referências mais profundas de chegar perto “porque eu não posso gostar da mesma coisa que essas pessoas gostam”, e vira esse ciclo vicioso maluco. Os comentários no site talvez sejam o reflexo disso tudo, e para se pagar as contas confortavelmente com rock no Brasil é necessário atingir muita gente e sair do gueto. Eis aí o dilema.
REG: Você participou do clipe de lançamento do Rock In Rio, e era quase solitária como artista de rock. Como você vê isso?
Pitty: Tranquilamente, tenho consciência de que esse é o perfil do Rock in Rio. Desde o começo sempre teve artistas de outros estilos. Se não me engano Elba Ramalho, Ivan Lins e Moraes Moreira estiveram na primeira edição. Mas tem as grandes bandas de rock gringas também, e tocar num festival desse porte é sempre uma coisa sensacional para qualquer artista.
REG: Como artista grande, você deve se encontrar todo momento (em festivais, programas de TV e eventos) com artistas do mainstream que fazem música de gosto duvidoso - para dizer o mínimo. Como fazer para conviver com essas pessoas?
Pitty: Com civilidade e respeito. Cada um tem direito de fazer o que quer e eu não tenho obrigação de gostar, mas tenho obrigação de ser um ser humano civilizado e saber conviver com as diferenças. Não preciso dar tapinhas nas costas, apenas ser educada e cortês. Posso tranquilamente me dar bem com determinado artista no nível pessoal e não ter o disco dele em casa.
REG: Como você vê o novo chamado novo rock “teen” nacional?
Pitty: Não sei exatamente o que se enquadra nessa categoria ou não. Falam muito dessa coisa do “colorido”, mas, sinceramente, isso é o que menos importa. Não tô nem aí se é colorido, preto e branco ou incolor. Para mim vale a essência e a profundidade da coisa. E por isso, generalizando, vejo uma triste falta de conteúdo. Parecem não prezar pelo aprimoramento da linguagem, da escrita, do questionamento. Nem tô falando de ser panfletário ou algo do tipo, é possível falar sobre coisas leves com um vocabulário mais interessante. A questão é a falta de aprofundamento sobre qualquer assunto. É a superficialidade, a bobice, a falta de “culhão”. Por exemplo, vejo dizerem que o assunto “amor” é o vilão da história, que as bandas só falam disso e etc. E aí me lembro de grandes figuras como Cartola, Noel Rosa ou Morrissey que conseguiram falar de amor com poesia e sensibilidade, abordando lados menos óbvios, e vejo que a culpa não é do assunto. Talvez falte vivência, mesmo. Vejo também uma valorização exacerbada da imagem em detrimento da mensagem. Sou a favor da estética se ela serve pra endossar e comunicar uma idéia. Mas se não há idéia, a imagem é apenas uma embalagem bonita e oca. Um livro de capa deslumbrante e páginas em branco. Falta coragem para falar sobre as coisas nem sempre tão corretas que a gente sente; falta veneno, passionalidade, visceralidade, curva, malícia. Senão fica tudo muito morno e ajeitadinho, bonzinho e bonitinho. E sinto que o rock não nasceu para ser “inho”. O rock é “ão”.
Cartaz da gravação do DVD, no Circo Voador
Cartaz da gravação do DVD, no Circo Voador
REG: Sobre um novo disco, alguma coisa já agendada?
Pitty: Penso em fazê-lo ano que vem, ainda não sei quando, nem como, nem o quê. Tenho alguns embriões de idéia por aqui, mas vou deixar isso amadurecer no tempo certo. Um projeto de cada vez, e agora é hora de clipe novo e DVD.
REG: Imagino que o que você ouve hoje seja diferente daquilo que ouvia antes da fama. Isso muda na hora e definir que tipo de som vai fazer?
Pitty: Na real é diferente não por questão da fama, mas sim da passagem do tempo e do conhecimento de coisas novas. O que eu ouço hoje não anula o que eu ouvia antes, mas soma. Na hora de fazer som tudo aparece muito mesclado, os de hoje e os de ontem.
REG: O que você tem ouvido? Quais bandas têm te impressionado ultimamente, ao vivo?
Pitty: De mais recente que me chapou foi o Grinderman, banda do Nick Cave. Fiquei um tempo obcecada com o disco “Friendly Fire”, do Sean Lennon, mas já melhorei. O novo da Imelda May é massa, o Arctic Monkeys não é tão novo, mas não sai do meu play list. Curto muito a onda “Joy Division” do She Wants Revenge também. De shows, ver o Queens of The Stone Age e o Mars Volta no SWU me deixou abalada emocionalmente, especialmente o QOTSA. Absurdo como os caras são bons no palco.
REG: Você usa as ferramentas da internet com frequência, mas, outro dia, no twitter, te sugeriram para ser adicionada, foram reclamar com você e você protestou. Como vê essa relação artista na web x mundo real?
Pitty: Não lembro desse caso especificamente, mas volta e meia fico de saco cheio quando aparece gente sem noção. É impressionante como algumas pessoas não entenderam a finalidade da ferramenta e te cobram coisas absurdas. Ou mandam duzentas vezes mensagens irrelevantes de “me segue”, “me dá um oi” e criancices desse tipo. Pra quê seguir gente que eu não conheço se mal tenho tempo para ler os dos meus conhecidos? Nem consigo adicionar todos os amigos que quero. Teria que passar a vida na frente do computador, e ainda assim não daria conta, e ainda assim teria alguém reclamando “que não dá atenção”. Talvez a culpa seja dessa relação nociva de vassalagem que se estabeleceu entre banda e público, esse toma lá dá cá. “Goste de mim porque te mando beijo, digo que te amo, supro sua carência afetiva”. Acho perigoso esse paternalismo porque o que realmente importa, que é a música, acaba ficando sempre em segundo plano. Tem gente que aposta nisso como moeda de troca, se utilizando dessa carência para barganhar mais votos em prêmios ou coisas assim. Não quero que gostem de mim por causa disso, quero que gostem porque minha música os diz alguma coisa, porque se sentem tocados profundamente por ela. Eu não tenho nada a oferecer que não sejam minhas canções e minha própria confusão enquanto ser vivo - também em forma de arte. Se isso os alimenta, ótimo, me sinto recompensada. Se não, é hora de questionar se estão ali pela música ou pelo oba-oba. Ainda assim, a internet é um ótimo lugar pra dividir idéias e aprender coisas, e nesse caminho já conheci muita gente que valeu a pena e me acrescentou muito, portanto, valorizo bastante esse meio de comunicação.
REG: Você também sempre atualiza o seu blog e, no twitter, se intitula como “escrevedora”. Essa é uma vocação deixa de lado pela carreira artística ou as duas coisas caminham juntas?
Pitty: As duas coisas caminham muito juntas. Mas eu escrevo compulsivamente e obsessivamente, e preciso de mais lugares para escoar esses escritos além das letras de músicas, por isso o blog. Um dia, se eu tomar coragem, quem sabe faço um livro de crônicas.
REG: Você passou uma temporada em Londres recentemente, num trabalho envolvendo as homenagens aos 40 anos da morte de Jimi Hendrix. Explica como foi esse trabalho?
Pitty: Me chamaram para apresentar um documentário sobre os 40 anos da morte de Hendrix feito em Londres, passando por lugares emblemáticos da carreira dele. Aconteceram eventos especiais na cidade por conta disso, a casa dele foi aberta à visitação, com memorabília rara e tudo o mais. Foi sensacional a experiência, aprendi muito. Além disso, teve uma “Rock Tour”, visitando lugares importantes para o rock inglês e ouvindo as histórias das bandas. Conheci o Rainbow Theater, lugar de shows históricos onde, por exemplo, o Pink Floyd tocou o “Dark Side of the Moon” pela primeira vez. Hendrix incendiando a guitarra entrou pra história por causa do (Festival de) Monterey, mas em Londres eu descobri que poucos meses antes do Festival ele havia “testado” essa performance no Rainbow. Trabalhei, mas também me diverti a valer. Turismo etílico nas centenas de pubs, Camden Town e seus vinis, e aventuras por inferninhos do submundo londrino.
REG: Uma vez te perguntei sobre posar nua para uma revista masculina e você disse que não, que isso é uma “banalização da mulher”. No entanto, para uma revista de tatuagens, você mostrou muito mais do que se esperava. Mudou de idéia nessa questão?
Pitty: Claro que não. A diferença está na linguagem e no veículo. Ali era uma revista de tatuagem e comportamento, com matérias bacanas e textos que vão além da coisa da “mulher pelada”. O corpo ali é só mais uma coisa dentro de um todo. O público também é diferente, são outros valores. Meu problema nunca foi o pudor, por mim vivia todo mundo nu. O problema é a mente pequena, é querer a mulher de perna aberta desde que esteja de boca fechada.
Da última vez no Circo Voador, em agosto, foi assim
Da última vez no Circo Voador, em agosto, foi assim










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