PATROCINADOR MASTER

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BEM VINDOS AO BLOG DO SÃO ROCK


Nossa História

Em junho de 2005, seis amigos se reuniram para comemorar seus aniversários, que por coincidência dos deuses do rock, eram todos na mesma semana. Resolveram chamar a banda de um amigo de Crato (Michel Macêdo, da Glory Fate). Também chamaram duas bandas locais (SKP e ET Heads), e fizeram a trilha sonora desta festa, que a princípio era exclusiva a aniversariantes e seus amigos. Sem querer, nascia ali o festival SÃO ROCK – o dia em que o rock foi pro brejo!
O sucesso da primeira edição obrigou uma continuação. Dois anos depois, já em 2007, veio a segunda edição, agora com a participação de bandas de Fortaleza, e aberto ao público. O sucesso consolidou o evento, e perpetuou essa data no calendário do rock cearense.
Pelo festival já passaram nomes de peso no cenário cearense, como Artur Menezes, Felipe Cazaux, Caco de Vidro, banda One, Killer Queen, Glory Fate, Zeppelin Blues, Renegados, banda Void e tantos outros que abrilhantaram noites inesquecíveis, regadas à amizade, alegria e o bom e velho rock´n´roll.
Hoje, o que se iniciou com um simples aniversário, tomou enormes proporções, estendendo seus ramos, diversificando os estilos e abrindo espaço para mais e mais bandas que querem mostrar seu talento em nossa terra. Agora são duas noites de festival, além da Caldeira do Rock, que leva bandas alternativas para a praça pública, numa celebração maravilhosa, onde congregamos amigos de todas as cidades circunvizinhas e de outros estados, irmanados pelo amor ao rock.
Não para por aí. Queremos tornar o São Rock uma marca que não promova apenas um festival anual, mas que seja um verdadeiro tablado que promova eventos de rock durante todo o ano! Assim, poderemos desfrutar do convívio saudável e também marcar nossa presença, dizer que temos voz e vez, numa cultura tão massificada por músicas desprezíveis e por gêneros impostos ao povo! Fomos, somos e sempre seremos roqueiros!
Portanto, venha participar dessa irmandade, apóie, divulgue, patrocine essa idéia, e seja mais um que ajuda a construir esse espaço!

Esse é o BLOG oficial do festival SÃO ROCK, que ocorre todo ano em Brejo Santo - Ceará. Criado "acidentalmente" por aniversariantes que comemoram na mesma semana e que se uniram para fazer uma única celebração voltada ao nosso gosto músical o ROCK. Além disso o blog divulga noticias e eventos nacionais e internacionais, além de ajudar na promoção cultural da região. Sobre tudo é uma apologia a amizade.




CARIRI VEÍCULOS

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segunda-feira, 2 de maio de 2011

ESSA VAI PROS AMIGOS COLECIONADORES DE CDS E VINIL: Minha Coleção – Regis Tadeu: 21 mil CDs e 14 mil LPs!

http://collectorsroom.blogspot.com/

Minha Coleção – Regis Tadeu: 21 mil CDs e 14 mil LPs!


Por Ricardo Seelig
Desde que criei a Collector´s Room, lá em setembro de 2005 ainda no Whiplash!, os leitores sempre me pediam para que entrevistasse o Regis.

Depois, quando a Collector´s ganhou o seu próprio site, em outubro de 2008, os pedidos se intensificaram, e cada vez mais, toda vez que perguntava que coleção as pessoas que queriam conhecer, o nome do Regis era citado inúmeras vezes.

Pois bem, chegou a hora! Hoje você vai conhecer uma das maiores e mais espetaculares coleções de discos do Brasil – e, porque não, do mundo. Um exemplo do que o amor pela música e a paixão pelos discos pode fazer na vida de uma pessoa. Uma prova de que qualidade e quantidade podem andar juntas!

Acomode-se na cadeira, levante o som e seja bem vindo a uma viagem fantástica pelo mundo dos discos, guiada pelo meu amigo e brother Regis Tadeu, um dos caras que mais entende de música no Brasil!

Ah, um último detalhe: entre todas as entrevistas que já fiz com colecionadores, a coleção do Regis é a maior que já encontrei!
Regis, em primeiro lugar, apresente-se aos nossos leitores: quem você é e o que você faz?

Bem, atualmente sou colunista e o responsável pelas críticas de CDs e DVDs do portal do Yahoo!. Além disto, tenho lá os programas "Na Galeria do Regis" – que podem ser assistidos neste endereço acima -, "Regis Visita" (http://colunistas.yahoo.net/posts/5113.html e http://colunistas.yahoo.net/posts/3120.html) e "Na Mira do Regis". Também tenho o meu próprio programa de rádio na USP FM, o "Rock Brazuca".

Durante muitos anos fui editor-chefe e diretor de redação das revistas Cover Guitarra, Cover Baixo, Batera, Teclado & Áudio e Mosh. Também fui jurado do Programa Raul Gil e tinha um quadro fixo no programa Superpop, no qual eu detonava CDs ruins. Bem, já está bom, né? (risos)

Qual foi o seu primeiro disco? Como você o conseguiu, e que idade você tinha? Você ainda tem esse álbum na sua coleção?
A primeira vez que entrei em uma loja para comprar um disco foi, se não me falha a memória, em 1971. Eu já era totalmente tarado por música por conta de alguns compactos que meu pai – um militar extremamente severo, “linha dura” -, tinha dos Beatles - sabe-se lá por quê – e, principalmente, pelo estímulo de minha mãe, uma dona de casa muito sábia em sua simplicidade. Desde que eu era um bebê ela sempre colocava o rádio ligado perto de mim, a fim de fazer com que eu comesse tudo o que estava no prato (risos). Ela adorava contar como naquela época eu ficava em transe quando ouvia “O Calhambeque”, do Roberto Carlos (risos).

Bem, quando eu tinha 11 anos de idade ela me deu um presente de Natal maravilhoso: uma grana para comprar um disco importado, um artigo de extremo luxo naquela época! Lembro de ter entrado em êxtase de tanta alegria! Conversando com alguns vizinhos, ela soube que havia uma loja na Rua Dom José de Barros, no centro de São Paulo, que vendia discos de rock importados. Ela me levou até lá e disse que eu poderia escolher o disco que quisesse. Lembro nitidamente da cena: eu, ainda garoto, cercado de discos lacrados em plásticos transparentes que brilhavam de uma maneira inacreditável. Eu simplesmente não sabia o que fazer, o que escolher ...

Foi então que surgiu um vendedor bem cabeludo, com um longo cavanhaque, chamado Amauri – jamais vou esquecer daquele cara. Ele viu que eu estava parecendo uma barata dentro de um tonel de açúcar e perguntou o que eu queria.

Depois de dizer a ele que queria um “disco de rock importado”, mas que não sabia nem por onde começar, ele se abaixou e disse “Bicho, tenho um negócio aqui para você que vai mudar a sua vida”. Ele me levou até a prateleira dos LPs importados e puxou um disco que trazia uma paisagem rural meio nebulosa, com uma casa velha ao fundo e uma mulher esverdeada vestida de preto na frente, no meio da vegetação. Era o primeiro disco do Black Sabbath!!!

Sem saber muito bem o que fazer – eu estava acostumado a ver capas dos discos dos Beatles e de histórias infantis -, resolvi aceitar a sugestão do vendedor e levei o disco para casa. Quando coloquei a agulha da minha vitrolinha no disco já estranhei o fato de o ruído ser praticamente inexistente se comparado a de um disco nacional. Mas nada havia me preparado para o que senti quando comecei ouvir a chuva, o trovão, o sino e ... AQUELA GUITARRA!!! Cara, eu me caguei de medo na hora! (risos) Minha mãe, coitada, ouviu também e ficou pálida como uma vela (risos). Juro por Deus: mesmo apavorado, fiquei ouvindo a música “Black Sabbath” umas vinte vezes seguidas, tamanho o fascínio que aquela canção despertou em mim. Só fui ouvir a faixa seguinte, “The Wizard”, uns três dias depois (risos). E passei uma semana dormindo com a luz do meu quarto acesa (risos). Ainda nos dias de hoje sinto um estranho calafrio quando ouço a canção “Black Sabbath”. Chame isto de uma “apavorante e deliciosa memória afetiva” (risos).

Porque você começou a colecionar discos, e com que idade você iniciou a sua coleção? Teve algum momento, algum fato na sua vida, que marcou essa mudança de ouvinte normal de música para um colecionador?

Na verdade, eu mesmo não me considero um “colecionador”, já que este tipo de pessoa compra tudo a respeito de determinados artistas e bandas, mesmo os discos ruins. Pelo contrário, eu só compro os discos que gosto. Por isto, creio que a minha “discoteca” começou imediatamente após esta experiência extraterrestre com o primeiro disco do Black Sabbath. Senti uma necessidade quase fisiológica de ouvir outros sons, conhecer novas bandas que pudessem me proporcionar uma sensação tão forte quanto aquela.

Alguém da sua família, ou um amigo, o influenciou para que você se transformasse em um colecionador?

Minha mãe, mesmo não tendo qualquer conhecimento musical, sempre me estimulou a ouvir música e, principalmente, a ler. Por isto, ela sempre que podia me dava uma graninha para comprar pelo menos um LP por mês, e toda semana comprava livros da espetacular série “Grandes Clássicos da Literatura Juvenil”. Então, ao mesmo tempo em que eu descobria Led Zeppelin, Deep Purple e Slade, lia obras de Julio Verne, Mark Twain, Miguel de Cervantes, Lewis Carroll, Victor Hugo. Não tenho a menor dúvida de que a união rock + literatura me transformou no cara que sou hoje - para o bem e para o mal (risos).

Tive alguns amigos na rua em que morava que foram muito importantes pra ampliar o meu conhecimento musical na época. Meu melhor amigo naqueles tempos, Luis Antonio Zordan, me apresentou Pink Floyd, Rolling Stones e Genesis; outro, Paulo, me mostrou pela primeira vez discos do Focus e do Emerson, Lake & Palmer. A partir daí, foi uma bola de neve montanha abaixo (risos).

Inicialmente, qual era o seu interesse pela música? De que gêneros você curtia? O que o atraía na música?

Meu interesse era total e absoluto. Eu simplesmente queria ouvir tudo o que caía em minhas mãos e ouvidos. Comecei obviamente pelo hard rock, mas logo ampliei o meu raio de ação para as bandas progressivas que citei anteriormente, incluindo aí o Yes, claro. Depois, entrei para os maravilhosos
universos do Slade e do Status Quo, e daí “fui embora” ...

Sinceramente, eu não conseguiria definir em palavras a atração que sentia – e ainda sinto – pela música. É muito mais que “ser transportado para outro universo”, “atingir um alto estado espiritual”, estas baboseiras que todo mundo cita para parecer profundo e sensível. Não dá para definir em palavras.

Você é considerado a “Imelda Marcos dos discos” (risos). Quantos discos você tem?

(Risos) É, a comparação faz sentido. Bem, para ser o mais sucinto possível, na minha última contagem, feita há seis meses, eu tinha aproximadamente 21 mil CDs e 14 mil LPs. Hoje em dia, devo ter um pouquinho mais que isto (risos).

Qual gênero musical domina a sua coleção? E, atualmente, que estilo é o seu preferido? Essa preferência variou ao longo dos anos, ou sempre permaneceu a mesma?

Sem dúvida, o gênero que predomina é o rock, em todas as vertentes possíveis e imagináveis, mas há generosas proporções de jazz, blues, soul music, rhythm n’ blues, funk – não estas merdas cariocas que insistem em embalar com este rótulo – MPB, trilhas sonoras e música erudita.

Vinil ou CD? Quais os pontos fortes de cada formato, para você?

Não sou nada radical neste sentido, embora reconheça a vantagem da sonoridade analógica de um sem número de LPs gravados anteriormente aos anos 80. Da mesma forma, existe uma quantidade imensa de álbuns que tiveram um inequívoco upgrade quando foram passados para a versão digital.
Cada caso tem que ser analisado individualmente neste sentido. Agora, não posso negar que me entristece muito a diferença que existe entre as artes gráficas dos LPs e dos CDs. Como sou um velhinho, ainda guardo comigo o prazer de manusear a capa de um LP, verificando os detalhes das imagens, as letras, os encartes, ...

Existe algum instrumento musical específico que o atrai quando você ouve música?

Como sou baterista, evidentemente a bateria é a primeira coisa que costumo “decodificar” em uma canção, seguida da guitarra e dos outros instrumentos na sequência. Na verdade, minha cabeça é como uma pequena mesa de mixagem (risos). Como consigo analisar cada instrumento envolvido em uma canção de uma maneira isolada, isto me ajuda bastante na hora de emitir a minha opinião a respeito de um disco e do trabalho geral de um artista ou de uma banda.

Qual foi o lugar mais estranho onde você comprou discos?

Uma butique em Ilhabela. Eu e minha namorada na época estávamos naquela cidade com um grupo de amigos e, fazendo um passeio pelo centro, ela resolveu entrar em uma loja para comprar biquínis e dar uma olhada em algumas bijouterias. Lá dentro, sem ter o que fazer, comecei a dar uma perambulada pelo ambiente e logo vi uma pilha de vinis no fundo da loja, colocados no chão. Perguntei à dona da loja se os discos estavam à venda e ela respondeu que sim, que o irmão havia se casado recentemente e não tinha espaço para “velhos LPs” no novo apartamento. Quando me abaixei para olhar o que havia ali, não pude acreditar: entre algumas porcarias, estavam ali versões nacionais novinhas de antigos álbuns do Wishbone Ash, Silverhead, Nektar, Jane, Guru Guru, Starz e mais uma porrada de bandas obscuras, tipo Coven, Bulldog, Ace e Osibisa. Cada disco custando o equivalente a uma coxinha de padaria!!! Nem preciso dizer que comprei tudo e saí da loja pulando como um babuíno adrenalizado. Minha namorada achou que eu tinha cheirado Detefon (risos).

Qual foi a melhor loja de discos que você já conheceu?

No Brasil, nenhuma loja chegou aos pés da saudosa Nuvem Nove. Além de ter discos inacreditáveis a preços justos, o atendimento ali era espetacular, principalmente do proprietário, o engraçadíssimo José Carlos Damiano, e sua esposa Júlia. Além disto, todos os vendedores que passaram por lá eram profundos conhecedores de música e uma figuraças, todos simpaticíssimos. Quer dizer, todos menos um. Tinha um panaca lá, fanático por Engenheiros do Hawaii, que certa vez me tratou muito mal por conta de uma crítica negativa que escrevi a respeito da banda favorita dele. Quando o José Carlos (Zé, para os íntimos) soube disto, passou uma descompostura tão elegante no tal funcionário que o mesmo passou a baixar a cabeça toda vez que eu entrava na loja.

Conte-me uma história triste na sua vida de colecionador.

A única tristeza foi a de ter me entusiasmado com o surgimento do CD e ter vendido uma boa quantidade de LPs para adquiri-los em sua versão digital. Por isto, arrependido, passei os anos seguintes recomprando estes discos. Graças a Deus, todos eles estão de volta às minhas estantes.

Como você organiza a sua coleção? Dê uma dica útil de como guardar a coleção para os nossos leitores.

Não tem segredo: ordem alfabética, seguida pela ordem de lançamento. Sem esse papo de “guardar por estilos”, “por décadas” ou o cacete a quatro. Isto acaba dando uma confusão dos diabos. A única dica que posso dar é que as pessoas devem manusear seus discos – sejam eles CDs ou LPs – com o
mesmo carinho que dedicam aos seus filhos. Só isso.

Além da música, que outros fatores o atraem em um disco?

A arte da capa, as pessoas envolvidas na produção – sou um fanático leitor de fichas técnicas – e o contexto histórico em que cada álbum foi concebido.

Quais são os itens mais raros da sua coleção?

Putz, pergunta difícil ... Hoje em dia, com o advento dos CDs e, principalmente, do download de MP3, o conceito de “raridade” caiu por terra. Até discos autografados por seus criadores deixaram de ter o devido valor. Creio que os mais raros sejam uma edição do Chega de Saudade, do João Gilberto, autografado pelo próprio e pelo Tom Jobim, que escreveu o texto da contracapa; as duas coletâneas dos Beatles – a vermelha e a azul – em vinis com as respectivas cores; o We’re na American Band, do Grand Funk, com a capa metalizada em dourado, vinil amarelo e os quatro adesivos originais lançados na época, que só existem 500 cópias no mundo; uma caixa de veludo de Chopin com 20 LPs que registram todas as obras que o compositor fez exclusivamente para piano; a edição em vinil original do Paebirú, do Zé Ramalho com o recentemente falecido Lula Cortês ...

Você tem ciúmes da sua coleção?

A palavra “ciúmes” talvez seja muito amena para definir o que sinto pelos meus discos. Não empresto nenhum deles para quem quer que seja. Quem é meu amigo e está a fim de ouvir algum disco que eu tenha, ganha um arquivo em MP3. Se for uma pessoa bem bacana, ganha uma cópia em CD-R, com capinha e tudo.

Quando você está em uma loja procurando discos, você tem algum método específico de pesquisa, alguma mania, na hora de comprar novos itens para a sua coleção?

Nenhum método. Vou olhando tudo, todos os gêneros, sem exceção. Pode ser um sebo sensacional ou uma lojinha humilde na periferia de qualquer cidade onde eu esteja. Tudo é olhado com calma e atenção. Afinal de contas, para quem já comprou discos raros em uma bijouteria em Ilhabela, nenhum local deve ser ignorado (risos).

O que significa ser um colecionador de discos?

Como escrevi anteriormente, o colecionador é aquele cara que compra tudo de um determinado artista ou banda, independente se o disco é bom ou ruim, se a edição é nacional, uruguaia, tailandesa ou marciana. Por isto, não sou um colecionador, já que eu jamais teria um disco que não gostasse. Já vi algumas vezes o raríssimo – e péssimo! - primeiro LP do Roberto Carlos, Louco por Você, que vale uma fábula, independente do seu estado. Porra, para quê vou comprar aquela merda? (risos)

Regis, o que mudou da época em que você começou a comprar discos para os dias de hoje, onde as lojas estão em extinção? Do que você sente saudade?

Mudou tudo. Literalmente. Salvo raríssimas exceções, não existem mais lojas de discos como no passado. O que você tem hoje em dia é um amontoado de discos em um determinado local, onde você é atendido por gente que está a fim de vender as suas tralhas o mais rápido possível e desencalhar o estoque. Sinto falta do atendimento personalizado feito por gente que entende do
assunto, que é capaz de chegar para você e dizer “Olha, este disco é muito ruim. Não o compre. Leve este outro, que é mais bacana”.

Você é um dos jornalistas musicais mais conhecidos e respeitados do Brasil. Como você vê o mercado brasileiro atualmente? O que há de melhor e o que há de pior na música hoje em dia?

Obrigado pelas palavras gentis. O mercado brasileiro de discos hoje em dia é uma piada. Os lançamentos se reduziram drasticamente – hoje, só os discos de medalhões, como U2, Iron Maiden e Coldplay, têm garantia de que receberão edições nacionais compatíveis com as versões importadas. Muitos artistas e bandas passaram a ser solenemente ignorados pelas poucas gravadoras que restaram no Brasil, incluindo aquelas especializadas em heavy metal, que sempre foram as mais profícuas em lançamentos.

O melhor dos dias atuais é a possibilidade de qualquer pessoa ouvir o que quiser dentro deste oceano de downloads e streamings. O pior é a quantidade de lixo que é lançado aqui e no mercado internacional com a única intenção de faturar milhares de dólares em cima da ignorância de uma juventude dominada por asnos adolescentes.

O que você acha desse papo de que música boa só existiu nos anos 1960 e 1970, e de que hoje não se faz música de qualidade?
A pessoa que diz uma asneira deste porte deve beber óleo de máquina de costura no café da manhã. Nunca houve uma época na história da humanidade em que se ouviu tanta música – boa e ruim, não importa aqui – quanto nos dias de hoje. Basta apenas que a preguiça e a má vontade sejam deixadas
de lado e que se tenha curiosidade em saber o que anda rolando em termos musicais no planeta. Esse papo de 'música boa era aquela do passado' serve apenas para alimentar o discurso de gente burra, preguiçosa e incompetente.

Qual é o melhor disco de 2011, até o momento?

Até agora, a melhor coisa que ouvi foi o mais recente disco do Dropkick Murphys, Going Out in Style.

Regis, muito obrigado pelo papo. Pra fechar, o que você está ouvindo e recomenda aos nossos leitores?

No exato momento em que respondo a estas perguntas, estou ouvindo uma ótima e obscura banda de rock and roll norueguesa, o Backstreet Girls. Os caras surgiram nos anos 80, estão na ativa até hoje e todos os seus discos são sensacionais!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Lemmy não é “Deus” à toa… por RÉGIS TADEU


É inexplicável. Bem, pensando com um pouco mais de racionalidade, talvez não seja tão “inexplicável” assim o verdadeiro fascínio que a figura de Ian “Lemmy” Kilmister exerce em qualquer pessoa que ame o rock and roll. E quando escrevo “qualquer pessoa”, não estou sendo bondosamente genérico, mas afirmando categoricamente que não há um ser humano roqueiro sequer que: a) não tenha o devido respeito e paixão pelo Motörhead; b) que não considere “Lemmy” como uma espécie de divindade.
No fundo, é fácil e difícil – e desconcertante – ao mesmo tempo entender porque a figura de Lemmy suscita reverência. Para isto, é preciso deixar de lado os pudores politicamente corretos e encarar a verdade: no fundo, bem lá no fundo, todos nós queremos ser como Lemmy.
Buscamos obter o mesmo grau de respeito que a sua figura e suas palavras causam nas pessoas. Buscamos causar a mesma sensação que Lemmy propicia quando entra em qualquer ambiente, que é um silêncio que chega a ser ensurdecedor. Buscamos envelhecer como Lemmy – hoje com 65 anos de idade -, dono de seu próprio nariz e sem a menor intenção de agradar a quem quer que seja.
Com seu inseparável chapéu preto, roupas de coloração idem e as inacreditáveis botas brancas, Lemmy é uma versão roqueira e real do cowboy sem nome eternizado por Clint Eastwood no cinema. Para os adolescentes, ele é um personagem de histórias em quadrinhos – ou videogame, se preferir – que ganhou vida. E se o Motörhead existe há 36 anos é porque Lemmy comandou as coisas da maneira que leva a sua vida: integridade em relação a tudo aquilo em que acredita. Quer uma prova disto? Assista ao espetacular DVD Lemmy (49% Motherfucker, 51% Son of a Bitch) , cujo trailer você assiste abaixo: 

No show que presenciei sábado passado na Via Funchal, em São Paulo, noventa minutos transcorreram com uma rapidez supersônica. A famosa saudação de abertura de cada um dos shows que a banda faz – “Nós somos o Motörhead. E a gente toca rock ‘n’ roll” – já faz parte do panteão das grandes frases da história da música, recebida com o mesmo entusiasmo dedicado a qualquer um dos 438 clássicos do repertório do trio. E quando você é testemunha de uma apresentação que começa com uma dobradinha do naipe de “Iron Fist” e “Stay Clean”, é inevitável sentir certa vergonha ao ver a palavra “rock” associada a grupelhos formados por gente sem talento e sem um pingo de carisma – é, se você pensou nos Strokes, é a respeito deles que me refiro.
Ao lado de Lemmy estão o comedimento e exuberância sônica do guitarrista Phil Campbell – no show, há um “momento solo” em que ele desfila uma sucessão de notas surpreendentemente sublimes para o conceito ensurdecedor do trio. E atrás de ambos há a energia aparentemente inesgotável do baterista Mikkey Dee, cuja fúria ao tocar seu instrumento faz uma locomotiva desgovernada parecer um carrinho de supermercado com as rodinhas enferrujadas. Os dois formam os adereços perfeitos para a mitológica presença de palco de Lemmy, tocando seu baixo como se fosse um violão de acampamento e extraindo timbres que qualquer baixista daria o braço esquerdo para conseguir. É impossível ouvir canções como “Going to Brazil”,

“Ace of Spades” 

e “Overkill” 

e não chacoalhar o esqueleto como se estivéssemos tomando um banho gelado sentado em uma cadeira elétrica.
Certa vez, quando era editor da Cover Guitarra, fiz minha única entrevista com Lemmy, uma das melhores em toda a minha carreira como profissional da música. Quando terminamos as questões a respeito de equipamentos e de todos os assuntos a respeito do Motörhead, ficamos ainda um bom tempo conversando sobre outros assuntos, incluindo os motivos que nos levaram a gostar de Beatles, psicodelia dos anos 60 e 70, livros e… ABBA! Foi inacreditável: passamos uns bons minutos discutindo a respeito de qual foi o melhor disco do quarteto sueco. Suas observações eram tão impagáveis quanto difíceis de entender – Lemmy tem um dos sotaques mais indecifráveis do planeta.
Em outra ocasião, ao entrevistar Dave Grohl na época em que estava lançando o disco de seu projeto Probot, ouvi a frase que resume perfeitamente o que Lemmy realmente representa no imaginário de cada um de nós. Quando perguntei a ele sobre a participação do baixista no projeto, Grohl explicou como aquilo havia acontecido e encerrou com a seguinte exclamação: “Pau no c… do Elvis Presley! O rei do rock é o Lemmy!!!”
Macacos me mordam se ele estiver errado…
Veja as fotos do show do Motörhead em São Paulo:

sexta-feira, 18 de março de 2011

Meus “trios elétricos” são outros… por REGÍS TADEU

Por Regis Tadeu

http://colunistas.yahoo.net/posts/9216.html

É segunda-feira de Carnaval, que beleza! Estamos todos animados, pulamos muito na avenida, nos salões, distribuímos alegria a todos ao nosso redor, bebemos bastante, paqueramos, nos demos bem ou mal, todos com bracinhos pra cima, entoando canções memoráveis… Certo? Não, errado.
O quadro que você acabou de ler não tem nada a ver comigo e pode apostar, não tem a ver com uma infinidade de pessoas. Para mim, esse negócio de “só não vai atrás do trio elétrico quem já morreu” é uma babaquice inventada para tentar convencer aqueles que não se deixam enganar pelo Carnaval que é feito hoje no Brasil, um evento que nada mais é que a proliferação de uma alegria tão natural quando uma lona de barraca de pastel de feira. Mas não estou a fim de escrever sobre isto hoje para não estragar o meu bom humor, este sim um artigo genuinamente comprovado por todos que me conhecem…
O que desejo mostrar aqui é a possibilidade de irmos atrás de outros “trios elétricos”, estes sim verdadeiramente “trios” e genuinamente “elétricos”. É claro que não vou dar dicas a respeito de como curtir aberrações musicais como Chiclete com Banana, Asa de Águia e outras atrocidades. O negócio aqui é outro. Se você for esperto, curioso e inimigo da acomodação musical/cultural, certamente irá atrás dos trios elétricos que vou postar abaixo.
Rush
Cream
Jimi Hendrix Experience
Motörhead
Não dá para falar neste tipo de formação musical sem citar alguns ícones, mas coloquei algumas composições que pouca gente conhece a respeito destas bandas. Se você não está familiarizado com o som destes caras, é uma ótima oportunidade de ver e ouvir canções que não sejam as “clássicas”.
É o caso do Rush, por exemplo, que tem uma infinidade de canções antológicas, dentre as quais a pouco e belíssima conhecida balada – se é que podemos chamá-la assim “Different Strings” .

Da mesma forma, o Cream também tinha uma sensacional pérola escondida em seu repertório, que era “Desert Cities of the Heart”.

Até mesmo Jimi Hendrix teve ótimas canções que pouca gente deu bola, como “Long Hot Summer Night”.

O mesmo vale para o inigualável Motörhead na impagável “Dead Men Tell No Tales”.

Emerson, Lake & Palmer
Com uma formação diferente da tradicional guitarra/baixo/bateria, certos grupos nos anos 70 elevaram o conceito de “power trio” para um outro patamar, como foi o caso do Emerson, Lake & Palmer, que tanto popularizou a música de compositores eruditos – como Aaron Copeland, que teve a sua “Hoedown” transformada de maneira espetacular pelo trio

– como também compôs coisas maravilhosas e pouco conhecidas, como a portentosa “The Endless Enigma”.

De uma forma derivativa, mas não menos brilhante, o trio Triumvirat sabia eletrificar as coisas em “The Capital of Power”

e também tinha a habilidade de suavizar seu som, como na ótima “The Sweetest Sound of Liberty”,

ambas extraídas de seu mais lendário disco, Spartacus, de 1975.
James Gang
Dust (o atual Marky Ramone está à direita)
Mas tanto no passado quanto no presente existem trios elétricos fazendo um trabalho de ótima qualidade. Se antigamente tínhamos preciosidades como  o inacreditável Budgie e seu ‘arrasa-quarteirão’ “Breadfan”,

a James Gang – grupo que o guitarrista Joe Walsh capitaneava antes de ingressar no Eagles – arrasando com “Funk #49”,

o Mountain, liderado pelo carismático Leslie West e seu “cartão de visitas”, “Mississipi Queen”,

o pioneiro Blue Cheer – lembra da incrível versão que os caras fizeram em 1967 de “Summertime Blues”, de Eddie Cochran (relembre)?

– e o Dust, grupo de onde veio Marky Ramone, antes conhecido como Mark Bell, e sua maravilhosa “Learning to Die”.


Hoje em dia temos trios para todos os bons gostos, como o King’s X e sua excelente “Pray”

e o The Brew.

Patrulha do Espaço
Se você pensa que o próprio Brasil nunca produziu “trios elétricos”, está enganado. Como esquecer a lendária Patrulha do Espaço em “Columbia

e do novo Pata de Elefante?


É lógico que eu poderia escrever até a quarta-feira de Cinzas ininterruptamente para colocar aqui a infinidade de “trios elétricos” maravilhosos que toda a pessoa que despreza o Carnaval poderia seguir, mas isto seria uma tarefa hercúlea, da qual eu abro mão nestes dias de descanso. Por isto, recomendo que você aproveite as “folgas de Momo” e pesquise seus próprios trios. E não deixe de colocar as suas recomendações aí embaixo, no espaço destinado aos comentários. Afinal de contas, “só não vai atrás do trio elétrico quem já morreu”, certo?

 

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Amy Winehouse está morta e só ela não sabe - por REGIS TADEU

http://colunistas.yahoo.net/posts/7894.html






A sensação não era boa. Há três anos sem mostrar nada de musical, permanecendo na mídia e na cabeça das pessoas apenas por uma infindável sucessão de escândalos, micos, bebedeiras, quase overdoses, caras e bocas perebentas e desdentadas, Amy Winehouse não parecia ser a melhor coisa a se ver em festival que tinha em seu line up gente nova e talentosa como, por exemplo, Mayer Hawthorne e Janelle Monáe. Não, a impressão é que todos nós iríamos presenciar um mico histórico. E pode apostar: 90% das pessoas presentes estavam esperando por isto. Os motivos que fazem alguém desembolsar uma tremenda grana para presenciar vexames ainda é um mistério para um velho ranzinza como eu…
Depois de fazer parte da matéria que você verá na próxima edição do “Na Mira do Regis” aqui no Yahoo!, cheguei a tempo de ver o ótimo e sacolejante show do Instituto. Além de uma banda muito bem azeitada na tarefa de fazer soul e funk com inequívoco sotaque brasileiro, as participações do lendário Carlos Daffé e das talentosíssimas Céu e Thalma de Freitas e dos competentes Kamau e Emicida deram um toque a mais de alegria e musicalidade a um show muito mais legal do que qualquer pessoa poderia imaginar.
Na sequência, veio o melhor apresentação da noite. Mayer Hawthorne e sua excelente banda brindaram a platéia com um soul/pop retrô de qualidade, com canções muito bem arranjadas, reforçadas pela simpatia com que o cantor as interpretou, muitas vezes empregando um falsete típico de quem ouviu muitos discos da Motown na adolescência. Isto causa até uma estranheza para quem o vê no palco, com um visual “nerd prestes a entrar em uma reunião de negócios” – veja abaixo:
A seguir veio a grande decepção da noite para mim. Com uma apresentação baseada em seus dois bons discos, Metropolis – Suite I e ArchAndroid – Suites II and III, Janelle Monáe mostrou apenas que tem uma garganta privilegiada e a intenção de se tornar uma espécie de “Kanye West do soul” em termos de pretensão. Seu show foi um desfile de canções “conceituais”, com tamanho excesso de sons pré-gravados que deu a impressão de estar diante de um imenso playback – principalmente nas três primeiras músicas, em que saquei que até mesmo ela estava cantando em cima de sua própria voz que saía de um MD – veja isto em “Faster” 




 e em “Tighttrope” . 




Isto sem contar com as bailarinas que vira e mexe apareciam com seus figurinos extraídos de uma peça escolar de final de ano, realizando coreografias ridículas. Monáe chegou mesmo a pintar um quadro – horroroso, por sinal – enquanto cantava uma das canções. O final pseudocatártico foi apenas a cereja no bolo embusteiro que ela apresentou…
Então veio Amy Winehouse. Sinceramente, fiquei imensamente surpreso com o show: foi MUITO PIOR do que eu imaginava. Sua postura bagaceira em cima do palco até que seria bem-vinda se comparada àquilo que vi: uma zumbi em pleno estado de deterioração física, emocional e musical. Nada lembrava a talentosa cantora que gravou até agora apenas dois discos – o bom Frank e o sensacional Back to Black. Poucas vezes vi alguém desafinar tanto, balbuciando a maior parte das letras de todas as canções, errando otiming de sua interpretação e exalando pelos olhos defuntos a imensa vontade de cair fora do palco o mais rápido possível (veja abaixo) 


a inacreditável sucessão de erros na já batida “Rehab” e a enganação que foi “Back to Black” (veja abaixo).
A plateia então deu um show à parte em termos de ignorância musical. Algumas pessoas aplaudiam ao final de cada música com a benevolência dos surdos, ao mesmo tempo em que urravam quando Amy bebia qualquer coisa no copo que estava no chão. Outras passaram o tempo todo conversando, como se estivessem em uma quermesse. Aliás, fiquei espantado de ver uma área VIP repleta de gente com as mesmas características: mauricinhos e playboys vestidos com camisetas de equipes de pólo e rugby, e mulheres bronzeadas artificialmente, com a pele tão alaranjada que dava a impressão de usarem Tang de tangerina como hidratante…
A banda de apoio foi um desastre à parte. Com uma pegada perfeita para se apresentarem na 14ª Convenção dos Motoristas de Táxi de Niterói, os músicos exibiam de maneira explícita uma falta de vontade que me deixou até com pena dos manés vestidos com camisas floridas, como se fossem uma espécie de cover dos Beach Boys na Ilha da Fantasia. No momento de cada um fazer o seu solo, o guitarrista tocou como se tivesse duas mãos esquerdas e dez polegares, o baterista não sabia o que fazer e o baixista dedilhou algo parecido com um exercício de aquecimento.
Em menos de uma hora de apresentação, o saldo final foi a grande tristeza em ver, ao vivo, uma outrora promissora cantora arrastar correntes na frente de um microfone, perante uma plateia não menos anestesiada em sua ignorância musical. É sério: Amy Winehouse morreu. E alguém precisa avisá-la disto, em vez de ficar bajulando-a pela frente e gargalhando por trás de suas costas esqueléticas.
Veja as fotos do Summer Soul Festival no Flickr oficial do Yahoo!: (por Bruno Guerreiro)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Os Melhores e Piores Discos Internacionais de 2010 - por REGIS TADEU

http://colunistas.yahoo.net/posts/7336.html






É, acabou o ano de 2010. Assim como todos os anteriores, foi um período em que muita música boa foi produzida, ao mesmo tempo em que muito lixo foi enfiado goela abaixo das pessoas sem um pingo de discernimento, o que resultou em uma horda de fãs retardados e extasiados em celebrar as virtudes da mediocridade dentro da cena musical internacional.
Eu, assim como você e todo o planeta, ouvi muitas coisas bacanas e muitas porcarias. Como tenho neste espaço a liberdade de escreveTOMr o que bem entender – meus eternos agradecimentos ao Yahoo por esta honra -, vou dividir com vocês algumas impressões a respeito das melhores coisas que ouvi em 2010, assim como os grandes lixos que tive o desprazer de colocar meus ouvidos.
Esta é uma lista contendo apenas nomes internacionais. Quem acompanha as edições do meu programa Na Galeria do Regis sabe que já apresentei uma série de artistas nacionais que merecem uma atenta audição. Por outro lado, não teria espaço aqui no Yahoo para citar todas as coisas patéticas que ouvi este ano dentro da seara da música brasileira – nem vou citar os grupos de pagode mela-cuecas, as duplas sertanejas de araque e a imensa massa de grupelhos de forró de plástico porque seria uma perda de tempo. Por isto, fiz uma listinha daquilo que mais agradou e irritou os meus ouvidos em 2010. Vamos lá…
OS MELHORES…
ROBERT PLANT - Band of Joy
Batizado com o nome da banda que tinha nos anos 60 antes de entrar para o Led Zeppelin, o mais recente disco do lendário vocalista deixa muito claro o seu afastamento em relação às modernas sonoridades do presente, investindo ainda mais em timbres low-fi e, de certa forma, buscando recuperar suas raízes hippies. Depois do excepcional Raising Sand ao lado de Alison Krauss, ele voltou seu foco a um som que mais parece um cruzamento do folk europeu com o country americano, só que embalado por uma atmosfera sônica densa e hipnotizante. Tudo soa muito antigo e muito, mas muito bem.
TOM JONES – Praise & Blame
Logo na primeira audição, o choque: no lugar da insinuante atmosfera dançante, surge um Tom Jones introspectivo, resgatando grandes canções do blues americano criadas por figuras emblemáticas como Bob Dylan, John Lee Hooker, Jessie Mae Hemphill e Rosetta Tharpe. Tudo embalado por um clima triste e reverente ao mesmo tempo, com sonoridades cruas e timbres vintage. Impossível não sentir vontade de chorar…
SPIRITUAL BEGGARS – Return to Zero
Capitaneado pelo ótimo guitarrista Michael Amott, ex-Carcass e atual chefe do Arch Enemy, este grupo não apenas é o maior nome do stoner rock da atualidade, mas se dá ao luxo de referendar esta posição com um disco inacreditável de tão bom, a ponto de fazer o chatíssimo vocalista do Firewind, Apollo Papathanasio, cantar como gente grande nesta sua estreia com a banda. Imagine se o Black Sabbath tivesse o Michael Schenker no lugar do Tony Iommi e você já tem uma ideia do que vai encontrar aqui.
BLACK LABEL SOCIETY – Order of the Black
A chegada de um novo baterista fez bem ao som da banda de Zakk Wylde. A mistura de Black Sabbath com Lynyrd Skynyrd voltou a ser exemplificada em ótimas canções repletas de riffs espetaculares.
ARCADE FIRE - The Suburbs
Depois de dois ótimos discos – Funeral (2004) e Neon Bible (2007) -, o incensado grupo canadense parece ter encontrado a harmonia correta na hora de oferecer sonoridades que fujam dos padrões do pop, mas que ao mesmo tempo não soem tão estranhas a quem as ouça pela primeira vez. As músicas adquiriram uma maior simplicidade, mas sem diminuir em nada a sua qualidade.
DANKO JONES - Below the Belt
Já faz tempo que o grupo liderado pelo guitarrista e vocalista Danko Jones vem lançando discos energéticos e intensos, mas aqui a coisa chegou a um estágio próximo da perfeição. Os arranjos são musculosos, repletos de riffs sensacionais e uma cadência pesada que não dá um minuto de descanso – é uma paulada atrás da outra. Cuidado ao ouvir este disco dirigindo seu carro…
THE NATIONAL - High Violet
A arte da delicadeza melódica e harmônica deste grupo americano chega ao auge neste disco. É difícil não se emocionar com a tristeza e a desesperança que transbordam no formato de letras incrivelmente poéticas em canções que parecem ter sido compostas especialmente para as almas atormentadas pela solidão, mesmo nos momentos mais, digamos, “acelerados”.
THE BLACK KEYS – Brothers
Soando exatamente como aquilo que Jack White adoraria fazer no White Stripes se tivesse uma baterista que soubesse tocar, este duo manda ver em um hard blues psicodélico que vira de cabeça para baixo os conceitos rítmicos e interativos existentes entre uma guitarra e uma bateria, além de entortar o cangote dos ouvintes mais animados.
ISOBEL CAMPBELL & MARK LANEGAN – Hawk
Uma das mais improváveis duplas do planeta – ela veio do adocicado Belle & Sebastian, enquanto ele veio do intenso Screaming Trees e é dono de uma carreira solo brilhante e lúgubre ao mesmo tempo – resultou em uma parceria espetacular. Com canções sublimes, ácidas e azedas baseadas em um caldeirão que mistura rock, soul, gospel, country, blues e o diabo a quatro, este é um daqueles discos que você precisa ouvir sozinho, sem ninguém por perto.
SHARON JONES AND THE DAP KINGS – I Learned the Hard Way
É difícil acreditar que este disco tenha sido gravado e lançado em 2010 – a impressão é que tudo foi feito nos anos 60. E quando escrevo “tudo” é tudo mesmo, dos arranjos aos timbres, das espetaculares vocalizações desta extraordinária cantora ao ritmo contagiante de sua banda de apoio. Se você ama soulde raiz com grooves matadores, está aqui o seu manual prático e contemporâneo.
… e os PIORES:
CHRISTINA AGUILERA – Bionic
De todas estas pesudodivas cantoras, Aguilera é a que menos erra em seus discos, apesar de seu evidente apreço pelo exagero vocal. Só aqui ela quis imitar a Lady Gaga e… conseguiu. Fez músicas tão ruins quanto a presepeira-mor, trouxe maneirismos ainda mais irritantes em suas vocalizações e até mesmo embalou tudo com clipes ridículos.
M.I.A. – Maya
Sinceramente, ainda é um mistério para mim os motives que levam a crítica especializada a babar ovo por esta menina desgraçadamente sem talento. Até mesmo ela sabe disso, pois teve que aceitar fazer um clipe violentíssimo e polêmico para disfarçar o quanto suas canções são irritantemente chatas. Nem mesmo o seu engajamento político disfarça a aridez de suas idéias musicais. Perto dela, Karen O., do Yeah Yeah Yeahs parece a Billie Holiday.
VAMPIRE WEEKEND – Contra
Um dos maiores embustes dos últimos tempos, este grupo foi imensamente incensado pelos indies“mudérnusss” por conta de uma boa assessorial de imprensa, que vendeu o som da banda como algo “inovador” e “repleto de texturas melódicas”. Nem uma coisa, nem outra. O som do grupo é de uma mediocridade que faz sangrar os ouvidos.
VAN CANTO – Tribe of Force
A ideia de fazer heavy metal apenas com vocais a cappella já seria um troço digno de gargalhadas. Só que isto aqui ultrapassa todos os limites do humor involuntário, mesmo quando estes paspalhos usam bateria e algumas guitarras aqui e ali.
LINKIN PARK - A Thousand Suns
“Gostamos de metal hip hop, mas temos que fazer este nu-metal-emo cheio de ‘mimimi’ choroso e dramático para conseguirmos enganar nossos fãs debilóides e, assim, continuarmos a ter grana para manter nosso alto padrão de vida”. Este é certamente o pensamento dentro da mente de cada integrante do Linkin Park quando os caras sobem ao palco para tocar as canções deste disco pavoroso, repleto de teclados “climáticos” e guitarras tão agressivas quanto um prato de quindim, além de vocalizações que dão a impressão de que tudo é uma música só.
ALTER BRIDGE – AB III
Se tem uma banda que conseguiu unir o pior do grunge – o chororô depressivo – com o pior do hard rock –riffs manjados e sem criatividade -, foi esta dissidência do pavorosamente inigualável Creed. O pior é que o guitarrista Mark Tremonti é um bom músico, mas nem mesmo sua exuberância técnica consegue trazer um mínimo de criatividade. O vocalista Myles Kennedy deveria se concentrar em cantar na banda do Slash e parar com estas patifarias.
MILEY CYRUS – Can’t Be Tamed
Sim, eu sei que não dá para levar a sério alguém que adquiriu fama por meio de um troço como Hanna Montana, mas o que se ouve aqui é uma menina que fez tudo errado na hora de mostrar que agora é uma moça crescida não apenas no físico, mas em termos artísticos. De nada adianta posar de mulher má e apresentar canções de garotinha rebelde, sem um pingo de genuína identidade. Tudo muito limpinho, típico de um produto Disney.
KE$HA – Animal
Quando a gente pensou que aquela porcaria de electro/pop tinha sido enterrada, eis que surge esta farsante para tentar se tornar uma superstar em um meio que não privilegia os rostos. Não bastasse ter propiciado piadas risíveis como “TiK ToK”, ela trouxe neste disco canções fraquíssimas, tão elaboradas quanto uma redação de uma criança de 14 anos de idade. Sem contar que ela é incapaz de gravar alguma coisa sem utilizar o Auto-Tune, já que sua habilidade em desafinar é a mesma mostrada na hora de criar factóides para se manter na mídia – assim como faz a própria Lady Gaga. É um disco tão honesto quanto uma entrevista da Paris Hilton.

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