Eu não consegui acompanhar os desfiles pela televisão, isso por que eu fui convidado pra tocar em duas ocasiões diferentes. Graças à diversidade e riqueza da música brasileira, não é só de samba que o Carnaval sobrevive. Primeiro eu fui à Garanhus, no interior de Pernambuco, para participar da quarta edição do Garanhus Jazz Festival, uma excelente opção pra quem não curte os pulos do Carnaval. É a segunda vez que participo deste festival, o ano passado dividi o palco com a Up Town Blues, de Recife e com Tico Santa Cruz, do Detonautas. Fizemos alguns clássicos do Blues e algumas versões de temas de Raul Seixas, mais puxados para o Blues. Este ano, de novo com o Up Town Blues, tive o prazer de tocar com um fantástico guitarrista do estilo, Artur Menezes de Fortaleza. (http://www.myspace.com/arturmenezes)
Foi uma grande surpresa ver este guitarrista brasileiro com tanta técnica e “feeling” tocando em um nível altíssimo, um belo timbre e com presença de palco.
O Nordeste do Brasil mostra que é um celeiro de grandes nomes do Blues, eles somente tem que ter mais chances de virem tocar aqui no Sudeste e Sul do país para mostrarem a verdadeira força do estilo no Brasil. Os músico daqui da região já estão tocando por lá hà algum tempo, o Irmandade do Blues, de Santo André, mais uma vez foi uma das atrações principais do festival. Tem que haver mais itercâmbio entre os produtores e músicos para difundir mais o Blues pelo país. Pelo que vi, não devemos nada a ninguém quando o assunto é jamming. Parabéns ao Giovanni Papaléu, curador do festival e que luta muito para manter o estilo vivo na região.
Saindo de Garanhus, fui direto a Salvador, a convite da Margareth Menezes, para tocar no trio dela, uma experiência completamente nova na minha carreira. Fiquei muito honrado e feliz com o convite, principalmente porque nunca tinha passado o Carnaval na Bahia, um Carnaval de rua, eclético e com uma energia inacreditável. Eu já tinha tocado com ela na concha acústica de Salvador no ano passado e a jam foi espetacular, a banda dela é fantástica, excelentes músicos, de vasta experiência e muita, mas muita enregia. Foram 6 horas de circutio, sem parar! Eu nunca tinha visto nada igual, a banda sempre mantendo o ritmo e o nível alto de adrenalina, foi inacreditável. Toquei duas músicas, a “Quereres” de Caetano Veloso e “Qual é” do Marcelo D2. Ainda teve espaço para improvisar com “Smoke on the water” do Purple e com “Satisfaction” dos Stones.
É claro que os chatos de plantão, os cegos que não querem ver e os surdos que não querem escutar, vão criticar e falar mal das misturas, afinal é só o que sabem fazer, não importa. O radicalismo e a ignorância andam lado a lado e o Carnaval de Salvador, que também teve Will.I.Am, do Black Eyed Peas sendo DJ em cima de um trio, e o festival em Garanhus, mostram que na música tudo é possível, aqui não existem fronteiras nem estupidez, existe sim, união, crescimento, diversão e atitude. Foi um privilégio fazer parte destes dois fantásticos eventos, espero que no futuro aconteçam mais encontros como estes.
Obrigado Brasil!
Abraço e play it loud.
Andreas Kisser
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