Os fatores que tornaram o Brasil uma parada atrativa e quase obrigatória para músicos gringos em turnês mundiais são conhecidos, mas apenas agora se consolidaram para formatar esse cenário ideal. O primeiro deles foi a queda vertiginosa das vendas de CDs, que vem obrigando os artistas a fazerem mais shows – o que por sua vez significou esticar viagens até lugares antes visitados apenas dentro de grandes festivais ou no ocaso de suas carreiras, como a América Latina.
Ao mesmo tempo, com a segunda metade da década sendo especialmente cruel com as economias dos EUA e da Europa, o dólar em baixa facilitou a negociação de contratos antes impraticáveis – incluindo artistas novos (Kate Nash, Vampire Weekend), que estão em alta (Shakira, Slash) ou que virão pela primeira vez (Amy Winehouse).
– Nosso país se tornou um dos maiores consumidores destes shows porque conseguiu superar bem a crise, ao manter uma economia estável já há alguns anos – explica Cláudia Ferreira, coordenadora de programação artística da Opus Promoções.
Mas há outros fatores de ordem interna além da economia estável e do aumento do poder de compra da população – que esgota prioritariamente os melhores e mais caros ingressos .
– Podemos incluir aí a capacidade do nosso país em poder sediar grandes shows em mais de três ou quatro cidades, o que é difícil em países da Europa – aponta João Paulo Affonseca, diretor da Mondo Entretenimento.
Uma rápida olhada no calendário de shows dos últimos três anos e dos já acertados para 2011 comprova o que Affonsenca diz: além das praças tradicionais da região Sudeste (São Paulo e Rio, principalmente), localidades do Sul, Centro e Nordeste são contempladas com frequência cada vez maior por nomes como Alanis Morissette, Placebo e Iron Maiden.
– Hoje, somos capazes de realizar qualquer produção no Brasil – garante o diretor da Mondo.
A coisa anda tão fácil que, quando não há interesse por parte dos grandes grupos, são os próprios fãs que se mobilizam para trazer o artista. O ajuntamento carioca Queremos é o maior e melhor exemplo dessa prática. Espécie de site coletivo de compras de shows, eles já levaram para o Rio de Janeiro gente que estava em turnê pelo Brasil mas não passaria pela Cidade Maravilhosa, como Miike Snow, Belle & Sebastian e Vampire Weekend.
O sistema é simples: identificada a possibilidade de realização do show em questão, levantam-se os custos para trazê-lo e sçao estabelecidas cotas em valores acessíveis a serem divididas entre os entusiastas. Quem compra dessa primeira leva necessária para garantir o espetáculo tem direito posteriormente a reembolso proporcional à venda de ingressos.
– Vimos que existia um mercado e que o sistema que propunhamos funcionava. Agora, a ideia é expandir para outras cidades do Brasil – afirma Bruno Natal, um dos responsáveis pelo projeto Queremos.
Legenda: corra para a primeira fila – ou fuja pela saída de emergência |
***** Imperdível peça demissão, venda um órgão, faça qualquer negócio para assistir |
**** Tem de ir a não ser que seja o dia do seu casamento... |
*** Pague para ver apostas que podem vir a surpreender |
** Encarável mas apenas se não houver nada melhor pra fazer |
* Numa boa, mas nem de graça |
JANEIRO
AMY WINEHOUSE *****
Dias 8, Florianópolis (Summer Soul Festival, Pacha); 10 e 11, Rio de Janeiro (HSBC Arena); 13, Recife (Centro de Convenções de Pernambuco); e 15, São Paulo (Arena Anhembi).
Pró: uma das maiores divas do pop do novo século reinicia sua carreira de shows no Brasil após três anos de hiato.
Contra: com um histórico de abuso como o dela, não é difícil imaginar que Amy não consiga terminar o primeiro show – ou sequer começá-lo.
VAMPIRE WEEKEND ***
Dia 29, Praia de Xangri-lá (Jimbaran/ Meca Festival); e em fevereiro nos dias 1º, São Paulo (Via Funchal), e 3, Rio de Janeiro (Circo Voador).
Pró: um do expoentes do novo rock, foi o queridinho da mídia especializada no início da década.
Contra: pega bem saber cantar pelo menos um hit deles – ou pelo menos fingir que sabe.
FEVEREIRO
PARAMORE **
Dias 16, Brasília (Ginásio Nilson Nelson); 17, Belo Horizonte (Chevrolet Hall); 19, Rio de Janeiro (Citibank Hall); 20, São Paulo (Credicard Hall); e 22, Porto Alegre (Teatro do Bourbon Country).
Pró: a vocalista, Hayley Williams, continua uma gata.
Contra: a banda já anunciou que vai se separar logo após a turnê pela América Latina. Logo, é bom não esperar lá grandes coisas.
BACKSTREET BOYS *
Dias 18, Recife (Chevrolet Hall); 20, Brasília (Ginásio Nilson Nelson); 23, Belo Horizonte (Chevrolet Hall); 25, Rio de Janeiro (Citibank Hall); e 26, São Paulo (Credicard Hall).
Pró: se você é uma garota que ainda não superou a adolescência, sorria!
Contra: se você namora uma garota que ainda não superou a adolescência, chore!
CYNDI LAUPER **
Dias 19, Belo Horizonte (Chevrolet Hall); 20 e 21, São Paulo (Via Funchal); 23, Recife (Chevrolet Hall); 25, Rio de Janeiro (Citibank Hall); 26, Florianópolis (Floripa Music Hall); e 27, Porto Alegre (Teatro do Bourbon Country).
Pró: perfeito para quem ainda vive nos anos 1980.
Contra: ela insiste em músicas com menos de 20 anos.
KATE NASH ***
Dias 24, Rio de Janeiro (Circo Voador), e 25, São Paulo (HSBC Brasil)
Pró: primeira turnê brasileira da inglesinha indie de cabelos ruivos e voz anasalada.
Contra: tente encontrar outro hit além de Foundations ou torça para ela repetir a música.
Dia 20, Porto Alegre (sem local definido)
Pró: a banda é apontada por especialistas como a pioneira em fundir rock com eletrônica na virada do século.
Contra: se você não for um especialista, tenha um plano B.
MARÇO
SHAKIRA *****
Dias 13, Porto Alegre; 16, Brasília; e 19, São Paulo (sem locais definidos).
Pró: a colombiana volta ao Brasil 13 anos depois de sua única turnê por aqui, agora transformada em estrela mundial.
Contra: o público acompanhou o crescimento de sua musa e é ainda maior e mais ruidoso – prepare-se para passar sufoco.
Dias 26, São Paulo (Estádio do Morumbi); 27, Rio (HSBC Arena); 30, Brasília (Ginásio Nilson Nelson); e em abril nos dias 1º, Belém (Parque de Exposições); 3, Recife (Parque de Exposições); e 5, Curitiba (Expotrade).
Pró: os vovôs do heavy metal ainda mandam muito bem ao vivo e não esquecem dos clássicos no repertório.
Contra: músicas novas tomam espaço demais, o que pode desagradar aos puritanos.
Dia 30, Porto Alegre (Gigantinho), e em abril nos dias 2, São Paulo (Arena Anhemi); 5, Brasília; 7, Rio de Janeiro (Citibank Hall) e 9, Belo Horizonte (Mineirinho).
Pró: um dos criadores do heavy metal vem pela primeira vez a Porto Alegre e tocará músicas do Black Sabbath.
Contra: nada de morder morcegos, comer pombas ou cheirar carreiras de formigas desta vez.
ABRIL
SLASH **
Dias 6, Rio de Janeiro (Circo Voador); 7, São Paulo (HSBC Brasil); e 8, Curitiba (Curitiba Master Hall).
Pró: o guitarrista desperta nostalgia até em quem não viveu o auge do Guns N’Roses.
Contra: sem Axl, ficou claro que Slash não nasceu para protagonista – e ele nem sempre acerta na escolha dos parceiros.
U2 *****
Dias 9, 10 e 13, São Paulo (Estádio do Morumbi).
Pró: é a chance de ver mais um espetáculo do último gigante do pop mundial.
Contra: boas canções terminam encobertas pela megalomania do show.
Dias 12, Porto Alegre (Pepsi On Stage); 14 e 19, São Paulo (Credicard Hall); 16, Rio de Janeiro (Citibank Hall); e 17, Belo Horizonte (Chevrolet Hall).
Pró: é a chance de relembrar as reuniões dançantes da adolescência.
Contra: se você era daqueles que se davam mal nas reuniões dançantes, melhor nem passar em frente.
MOTÖRHEAD ****
Dias 16, São Paulo (Via Funchal); 17, Curitiba (Master Hall); e 20, Florianópolis (Floripa Music Hall).
Pró: Lemmy é uma lenda viva do metal, e vê-lo ao vivo é sempre uma experiência.
Contra: os shows do Motörhead costumam ter mais concentração de testosterona do que a parada de 7 de Setembro.
MAIO
BLACK LABEL SOCIETY ***
Dia 6, Porto Alegre (Opinião).
Pró: ex-parceiro de Ozzy, o guitarrista Zakk Wylde continua dando boa reputação ao metal em sua carreira solo.
Contra: quem não é fã pode ficar um pouco perdido num repertório que não contempla hits de novelas.
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