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CHEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEGA!!!
Se você é mais ou menos como eu, pós-adolescente (nunca adulto), cheio de gás, cada vez mais curioso em busca do conhecimento, da tão falada experiência de vida e adora a viver intensamente, acompanhe o meu/seu/nosso raciocínio.
Com a chegada da adolescência, eu/você/nós nos vimos num mundo enorme, totalmente diferente daquele da infância.
O mundo não era mais só a nossa casa, era o mundo todo mesmo; nosso pai não era mais um super-homem, e nem por isso deixamos de gostar dele; nossos amigos eternos viravam desconhecidos a medida que nos distanciávamos, e várias outras coisas peculiares a cada pessoa aconteciam.
Adquiri-se uma vasta cultura pop, conhece-se a si mesmo: dos poemas de Lord Byron a livros de Richard Bach; dos quadrinhos da Mônica às HQs de terror; do dominó ao War e xadrez; dos livros didáticos aos quadrinhos de Angeli; do Balão Mágico ao Heavy Metal...
Como disse Belchior uma vez: “nossos ídolos ainda são os mesmos”. Vendo isso com outra conotação, isso é bom!!! É sinal que temos um bom gosto para escolher nossos ídolos, que vão de Che Guevara a guitarristas virtuosos, de Janis Joplin a Ginger Lynn. Além de que sempre estamos procurando novos ídolos, que não irão nunca tomar o lugar dos antigos.
O que quero dizer é que sabemos quem somos, apesar de eternamente perdidos, sabemos o que gostamos, sabemos o que procuramos, talvez não saibamos encontrar, mas talvez nem mesmo o queiramos.
Somos pessoas de memória, com certeza as últimas do mundo moderno.
Hoje em dia, veja só, o que me levou a escrever tudo esse emaranhado de idéias foi uma convenção de tatuagens apresentada pela Syang (ex Simone) no programa da Luciana (blergh) Gimenez.
Não gosto de tatuagens, não acho sexy, não sinto tesão, e nada vai me fazer mudar de idéia. Mas também não discrimino, acho legal, acho uma forma de atitude (quem será que inventou isso? Afinal qualquer coisa é atitude, até nada é uma atitude), uma forma de formar tribos e qualquer coisa que o valha.
Mas, hoje em dia, a tatuagem, assim como nada mais, tem o poder, ou o sentido de uma atitude, tudo virou apenas uma vitrine, tatua-se porque tatua-se, como resposta de criança: “porque sim!”
Mas “porque sim” não é resposta.
Tinha um cara com o corpo todo coberto de tatuagens de motivos japoneses que ele não sabia explicar o que eram (???).
Outro tinha 140 piercings no corpo, mas ele disse que “não incomodava” (cá entre nós, até cabelo grande incomoda, até salto alto, até o último botão da camisa...) e que antes eram mais de 200. Falou também que usava porque quanto mais diferente a pessoa é, maior é o preconceito (???).
Outro, um tatuador, estava com usando uma técnica milenar japonesa totalmente artesanal. Ele explicou que a diferença entre a técnica artesanal e a técnica com a máquina é que a primeira é artesanal (???).
Tudo hoje é simplesmente uma vitrine. Todos são somente uma vitrine, mas totalmente sem recheio, sem alma.
No meu/seu/nosso tempo, éramos diferentes e nos reuníamos em tribos para nos completarmos, como se cada um tivesse algo que faltasse no outro, e éramos companheiros, seja em emprestar um disco, seja em pagar uma bebida, seja em apenas conversar (o que mais gostávamos).
Ia-se a esses eventos no intuito de trocar idéias, de conseguir novas experiências, todos estavam interessados no que o outro era ou fazia.
Tá certo que todo mundo era apaixonado por aquela fulaninha que era a única que trepava da turma, ou que havia um escalão entre os homens para pegar as menininhas, mas tudo era de uma forma natural, haviam regras que não podiam ser quebradas, e que todo mundo respeitava.
Hoje em dia, tudo é apenas uma vitrine, nada-se com a maré, mesmo sabendo que há uma tremenda cachoeira adiante.
A própria Syang, já foi Simone numa banda de death metal chamada P.U.S. (Porrada Ultra Suicida), era a deusa dos headbangers. Sumiu, reapareceu na Casa dos Artistas, apenas um espectro do que era, e hoje posa na playboy. É mais ou menos como os ex-exilados políticos do Brasil que hoje são políticos corruptos.
Uma vez fui numa Mostra Zine. Fomos cheios de curiosidade e afoitos por conhecer gente nova, ler coisa nova. Mas não conhecemos ninguém, pouca gente se preocupava em conhecer nosso fanzine, tudo era só uma vitrine onde todo mundo se expunha como carne pendurada num açougue.
Festivais de Rock? Que é isso agora afinal?
Antes tinha-se uma proposta política. Hoje vai-se e bebe-se e transa-se (se bem que às vezes me pergunto se esses adolescentes de hoje gostam mesmo de sexo) e volta-se pra casa nem imaginando que deveria haver um sentido de dever cumprido. Na outra semana nem lembram mais do que foi feito.
Assim como não se lembra da moda do ano passado, será que foi axé? Ou pagode? Ou brega? Ou o caralho?
Que será que esse pessoal vai contar pros netinhos?
Mas não! Não é hora de se render e partir deste mundo como tantos fazem. Já que nós não pedimos pra nascer, daremos o maior trabalho para irmos embora. Apenas entremos nos nossos quartos, tiremos a poeira do baú da nossa cultura e façamos uma viagem nostálgica que vai servir para pegar aquele conhecimento pequenino que ficou meio esquecido, daí som na caixa, bem alto, para espantar os maus espíritos e fazer sinais de fumaça sonora que um dia serão chamados de contatos imediatos do terceiro grau. Terceiro grau sim, pois os analfabetos da vida nunca irão entender nada mesmo.
por Michel Macedo
PUBLIQUE-SE, PUBLIQUE-SE E PUBLIQUE-SE QUE ISTO É ARTE DA BOA. ISTO É SER VISIONÁRIO! PARABÉNS MICHEL.
ResponderExcluirCom letras grandes mesmo, significando que é um grito pra todos escutarem.
WALBER FEITOSA