DE SÃO PAULO
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Se as 89 mil pessoas que lotaram o estádio do Morumbi no sábado (9) esperavam ver um megaespetáculo do grupo U2, quando fizeram esgotar os ingressos desde dezembro do ano passado, ninguém se decepcionou.
Mais do que uma performance musical, a banda irlandesa ofereceu aos fãs, na maioria quarentões, uma viagem no tempo.
Às 21h40, o samba "Trem das Onze" ecoou nas caixas de som do estádio, diante de um público perplexo, molhado da chuva e ansioso --já era mais uma graça do grupo, que esbanjou simpatia aos brasileiros.
"Space Oddity", de David Bowie, foi o prelúdio para Bono e sua trupe embarcar no palco em formato de aranha, que mais parecia uma nave cheia de luzes recém-pousada na Terra. A letra do clássico de Bowie fala sobre um astronauta deprimido --não era o caso de Bono, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr.
O público pegou carona na incursão por hits de várias décadas na noite que começou com "Even Better than the Real Thing", do álbum Achtung Baby (1991).
A partir de então, uma disparada de clássicos : "I Will Follow", "Get on your Boots", "Magnificent" e "Mysterious Ways".
Os efeitos são impressionantes: o palco gira, o telão de alta definição em formato circular sobe e desce e os integrantes da banda praticamente passeiam pertinho do público nas passarelas. E muitas, muitas luzes.
Mas parecia que ainda faltava algo para fazer a plateia levantar de vez do chão.
A proeza foi conseguida com "Elevation", que fez desde jovens a famílias inteiras pularem como se estivessem em pleno Carnaval, e o ritmo seguiu adiante.
Em "Vertigo", o palco e telão praticamente se fundiram num canhão de luzes, que girava imagens ao ponto de causar realmente uma vertigem. Também entoaram os hits "I Still Haven't Found What I'm Looking For", "Miss Sarajevo" e "One", entre outros.
Bastião do politicamente correto, Bono caprichou nos agrados aos fãs. Pegou a máquina fotográfica de um rapaz e o fotografou, chamou uma garota para ler um poema (uma tradição das performances da banda), fez piadinhas com sabores de pizza para cada integrante, elogiou o país e a presidente Dilma -- apesar de vaias de parte da plateia.
Se alguma lágrima ainda não tinha rolado, elas jorraram durante a homenagem do grupo aos estudantes mortos no ataque à escola Escola Municipal Tasso de Oliveira, no Rio de Janeiro --os nomes das vítimas foram exibidos no telão.
Com o público nas mãos, o U2 fez senhores de família empunharem balões igual crianças durante "Where the Streets Have no Name", iniciada após um "blefe" de "Help" dos Beatles, da qual a banda só tocou a introdução.
Até quem não é fã da banda precisa dar o braço a torcer. O show dos irlandeses é um desfile de canções que tocaram tanto nas rádios ao ponto de fazer parte da trilha sonora de algum momento da maioria do público, mesmo involuntariamente. O clima era de nostalgia entre os mais velhos.
Para finalizar a noitada, "Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me" (trilha sonora do filme "Batman Forever"), "With Or Without You" e "Moment of Surrender".
Uma animação com extraterrestres dá sinais que a "nave U2" vai levantar vôo. Bono se vai, sem antes sacolejar como se estivesse num balanço infantil no microfone preso a um cabo de aço.
O público se despede satisfeito: lembrou dos hits da juventude, se sentiu fazendo parte de causas sociais, como a libertação da líder política de Mianmar, Suu Kyi (o vocalista agradeceu aos fãs que apoiaram o movimento) e conseguiu assistir ao show com uma qualidade de visão incomum, graças ao palco com visão 360º.
E quem tiver sorte, poderá reviver a "viagem" no domingo (10) e na quarta (13).
Marcelo Justo/Folhapress | ||
Quase 90 mil pessoas acompanharam o primeiro show da turnê 360º, do U2, em SP; ainda haverá dois shows |
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