Por Fabio Massari
Na festança de celebração dos 40 anos da banda inglesa Queen (que inclui dentre outras coisas novo contrato milionário e mais lançamentos e relançamentos vitaminados do catálogo discográfico), podemos contribuir levantando um brinde bem particular.
Há 30 anos (e alguns dias), em 20 de março de 1981, o Queen de Freddie Mercury, Brian May, Roger Taylor e John Deacon se apresentava pela primeira vez no Brasil, no Estádio do Morumbi em São Paulo em apresentação hoje considerada histórica; a ideia de Freddie para essa inédita visita brasileira, inviabilizada por dificuldades da produção, era a de promover, além da data paulista, um evento gratuito no Rio de Janeiro, de preferência no Maracanã, para fazer valer seu plano de transformar a visita num “Carnaval do Queen”.
Esse não foi obviamente o primeiro show de rock internacional a acontecer por aqui. Santana, Alice Cooper, Rick Wakeman, Genesis e Peter Frampton já haviam feito a cabeça de muita gente em suas visitas de sucesso – lotação esgotada em ginásios do país e alegria quase desesperada de gerações de rockers praticamente virgens nessa dimensão ao vivo. E o divisor de águas nesse sentido do circuito internacional de shows só se mostraria em toda sua evidência uns anos depois, em 1985, com o advento do primeiro Rock in Rio (que aliás testemunhou outro triunfo da banda de Freddie Mercury, no embalo das suas transcendentes apresentações pós-Live Aid). Mas o concerto do Morumbi, além de forjar o caminho para as apresentações em grandes estádios de futebol, acabou por se impor como seminal e transformador para as gerações que o testemunharam e para aqueles que foram absorvendo ao longo dos anos as histórias e os registros daquela sexta-feira de rock no nosso quintal.
O Queen chegou ao Brasil com discos lançados e consumidos pela rapaziada (que se preparou para o evento basicamente decorando o petardo Live Killers, disco duplo ao vivo lançado em 1979), e com algumas canções circulando pelas ondas do rádio. A cobertura da imprensa foi ampla e entusiasmada, com grandes matérias em jornais e revistas; houve transmissão radiofônica e considerável cobertura televisiva. No dia seguinte, já circulavam os cassetes com a gravação da apresentação; algumas semanas depois, lá estava a banda na capa da revista norte-americana Hit Parader, todos felizes da vida em cenário brasileiro; os vídeos do show do Morumbi começaram a surgir um tempinho depois. Sendo a banda inglesa uma das mais colecionáveis (e pirateadas) da praça – apontados em dezembro de 2009 pela revista Record Collector como número 4 dentre os mais procurados pelos colecionadores, atrás só de Beatles, Stones e Bowie – , foi questão de pouco tempo para que os “produtos” derivados do show de 20 de março de 1981 começassem a circular. Alguns desses discos e/ou DVDs figuram com destaque dentre as preferências dos entusistas desse mercado alternativo.
Naqueles tempos de absoluta carência de eventos do tipo, ficar espremido por horas nas não-filas quilométricas que circulavam o estádio era pura diversão; assim como ouvir o espetacular anfitrião arriscar frases em português e, claro, iluminar o estádio com isqueiros na hora das baladas – a pergunta que não calava era porque tanta gente tem isqueiros à mão?
Segundo um jornal da época, eram 110 mil pessoas naquele dia de março de 1981 – para vários otimistas, eram 200 mil. A sensação é a de que eram milhões e os (simplórios para os padrões de hoje) efeitos visuais e sonoros (cores básicas, gelo seco e barulho de nave espacial) eram fantásticos, puro Spielberg. Ou Flash Gordon.
O setlist.
“We Will Rock You”
“Let Me Entertain You”
“Play The Game”
“Somebody To Love”
“I’m In Love With My Car”
“Get Down, Make Love”
“Need Your Loving Tonight”
“Save Me”
“Now I’m Here”
“Dragon Attack”
“Now I’m Here (Reprise)”
“Fat Bottomed Girls”
“Love Of My Life”
“Keep Yourself Alive”
(solos)
“Flash’s Theme”
“The Hero”
“Crazy Little Thing Called Love”
“Bohemian Rhapsody”
“Tie Your Mother Down”
“Another One Bites The Dust”
“Sheer Heart Attack”
“We Will Rock You”
“We Are The Champions”
“God Save The Queen”
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