Bono e o baixista Adam Clayton em show do U2 em São Paulo (09/04/2011) |
U2 toca "Even Better Than The Real Thing" em SP
E, se você é o U2, você também pode subir ao palco ao som de "Space Oddity", com David Bowie narrando a travessia sideral do fictício astronauta Major Tom, logo depois de tocar "Trem das Onze", clássico do samba paulistano, no sistema de som e ressoar em coro pelo estádio. Foi nesta sequência que Bono, Adam Clayton, The Edge e Larry Mullen Jr. chegaram ao centro do palco, às 21h40, recuperando "Even Better Than The Real Thing", do álbum "Achtung Baby", de 1991.
O tão comentado palco da turnê funciona como um enorme home theater --ainda melhor para quem estava sentado nas arquibancadas. O som surround junta-se às imagens exibidas no telão cilíndrico, como um caleidoscópio, irradiando luzes e cores. Difícil só é encontrar a banda no palco em meio a uma grandeza quase delirante.
Mas a arquitetura do espetáculo cria uma conexão ainda maior com o público: há um anel interno formado exclusivamente pelos fãs mais dedicados, que chegaram com antecedência ao estádio, além de passarelas que adentram uma plateia de múltiplas gerações, de onde Bono resgatou uma jovem fã para ler a letra da música "Carinhoso", de João de Barro e Pixinguinha.
A garra assusta e intimida, mas o U2 é inofensivo. Sem toda a pirotecnia, continuam lá seus melhores momentos no universo pop: o clássico "I Will Follow", faixa do primeiro disco do grupo, "Boy", de 1980; "Elevation", que leva a plateia ao êxtase; "Beautiful Day", "Sunday Bloody Sunday", "In A Little While", "Mysterious Ways", "With Or Without You", "Where The Streets Have no Name" ou "One" (emendada com um trecho de "Help", dos Beatles), sem deixar de fora faixas do recente (e pouco inspirado) disco "No Line On The Horizon", de 2009.
Em outro momento, o líder africano Desmond Tutu ganha espaço virtual no telão para falar sobre a África e a Campanha One, pela erradicação da pobreza e da Aids. Bono volta para lamentar o massacre ocorrido nesta semana em uma escola do Rio de Janeiro, pedindo para que todos da plateia levantassem os telefones celulares e isqueiros, numa comovente ação visual, enquanto os nomes dos estudantes mortos eram exibidos no telão.
E, se você é o U2, você pode até debochar do tempo cantando "São Paulo da garoa, São Paulo terra boa", ao perceber que a chuva que caía minutos antes, durante a apresentação de sua banda de abertura, não dá mais sinal de que vai voltar. A chuva voltou, mas não antes de o U2 fazer seu segundo bis com "Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me" e "With or Without You", e acenar um até amanhã com "Moments of Surrender".
A banda volta a se apresentar neste domingo (10) no Estádio Morumbi em São Paulo, quando vai somar US$ 558 milhões em ingressos vendidos e bater o recorde de maior turnê da história, que pertencia até agora aos Rolling Stones com sua A Bigger Bang Tour, entre 2005 e 2007. O montante cresce na quarta-feira (13), quando o U2 faz, no mesmo local, o terceiro e último show da 360º Tour no Brasil. Os ingressos para os próximos dois shows estão esgotados.
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