Steve Harris comandou mais um show inesquecível do Iron Maiden no Recife
Ao contrário do concerto anterior, o show desse domingo trouxe canções novas. Cinco, no total. Além da primeira, foram apresentados bons momentos do álbum de 2010. El dorado, o primeiro single, tem uma levada legal e solos bem encaixados de Dave Murray e Adrian Smith, sem dúvida um das grandes duplas de guitarristas do metal mundial. Bruce arriscou o primeiro grito de guerra para sacudir a plateia: "Scream for me... Recife!" Um cara subiu no palco, mas foi rapidamente retirado, sem nenhum drama. Depois veio o primeiro clássico da noite: Two minute to midnight, aquela cantarolada pela garota Maria Catarina. De longe, dava para ver os celulares apontados para o palco. Todo mundo filmando, gravando ou tirando foto de recordação.
The Talisman, uma canção grande do álbum novo, deixa parado quem não conhece bem o disco. Tem uma letra enorme e um refrão que não pega. É uma aposta da banda, que reverencia o trabalho do terceiro guitarrista, Janick Gers, ao violão, na introdução. Em Coming home, Bruce explica a ideia da música e fala como é rodar pelo mundo para tocar e viajar no Ed Force One, o Boeing usado pelo Maiden para girar pelo planeta. Só no Brasil foram seis cidades visitadas. Murray e Smith brindam os fãs com belíssimos solos, numa semibalada inspirada.
Em seguida, Dance of death, do CD de mesmo nome, lançado em 2003. Bruce até errou um pedacinho da enorme letra, que aborda rituais macabros, e se desculpou. A banda manteve o pique, como se nada tivesse dado errado, e tocou todas as partes de uma canção cheia de detalhes. O cenário trazia a capa do álbum, assim como no resto do repertório, mostrava um desenho diferente. Sempre fazendo referência ao CD da música que estava sendo executada e a parte gráfica da época. Perto da enorme bateria de Nicko McBrain era possível observar duas torres de foguetes e na plataforma do kit de percussão a inscrição Satelite 15.
Ornamentação nem sempre percebida, sobretudo, para quem fica longe. E também para quem não consegue tirar os olhos de Bruce. Em The trooper, superclássico de 1983, o cara corre, canta, sobe nos alto falantes de retorno e tremula a bandeira do Reino Unido. Uma paulada para alegria dos mais antigos. The wicker man, do Brave new world (2000) vem quase emendada e põe a galera para cantar também. Essa fisga os fãs da atual fase, com três guitarristas. “Your time is come...”. E, para dar uma brecada no ritmo, Bruce dedica Blood brothers aos irmãos de sangue do Japão, devastado por terremoto e tsunami. Grande momento. E que solo de Janick.
Adrian Smith fez bases e solos e brincou com Bruce Dickinson sobre guitarra
O show ia terminando e vinha a pergunta; Cadê Eddie? O mascote apareceu na tradicional Iron Maiden. Caracterizado como um ser de outro planeta, o boneco gigante e articulado duela com Janick e tira o fôlego de velhos e crianças. Depois de prometer que vai pegar não importa o lugar, o Maiden dá uma pausa e volta para o bis. Outra covardia. The number of the beast e Hallowed be thy name, de 1982, trazem a velha parceria Donzela-fãs. A galera canta tudo: introdução, narração, solo e coro. Quando cidadão já está rouco e pensa que acabou, vem Running free, do primeiro álbum, de 1980. Bruce aproveita e apresenta os parceiros, com destaque para a reverência ao líder e chefão Steve Harris. Brinca com Adrian e faz piada com a guitarra, uma Gibson Les Paul, que o músíco carrega para todos os lugares há décadas. O vocalista atira o gorro para o público e volta para encerrar uma grande festa do metal.
Uma aula de profissionalismo e talento. Exemplo de como se manter uma máquina gigante a todo vapor. Uma noite para ficar grudada na cabeça da menina Maria Catarina, aquela que nem parecia ter 8 anos quando cantava Two minutes to midnight e filmava tudo com os olhos arregalados. Um momento marcante para o pai dela e para tantos outros jovens, velhos, adolescentes, pretos, brancos, da área VIP ou da galera. Gente que pode dizer e estampar na camiseta, como orgulho: Iron Maiden no Recife.... Eu fui!
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